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quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Animações Diferentes - "Avatar - A Lenda de Aang": uma obra-prima épica, em todo sentido da palavra (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para trazer a primeira resenha de 2021, e a próxima parte da nossa postagem especial sobre animações diferentes. Na postagem de hoje, analisarei uma série que é altamente considerada como uma das melhores de todos os tempos (no geral, não só se limitando à séries animadas). Munido de uma trama envolvente, épica e tematicamente carregada; personagens em constante evolução e visuais que homenageiam os métodos de animação usados em animes, a série em questão é a melhor obra de animação que vi desde “Gravity Falls”. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Avatar: A Lenda de Aang”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to bring to you the first review of 2021, and the next part in our special post on different works of animation. On today's post, I'll analyze a TV show that is widely considered to be one of the greatest of all time (in general, not only animation limited). Armed with an engaging, epic and thematically charged plot; characters in constant evolution and visuals that pay homage to the animation methods used in anime, the show I'm about to analyze is the best work of animation I've ever watched since “Gravity Falls”. So, without further ado, let's talk about “Avatar: The Last Airbender”. Let's go!)



A série gira em torno de quatro populações: a Nação do Fogo, os Nômades do Ar, as Tribos da Água e o Reino da Terra. Em cada uma dessas nações, existem pessoas que possuem habilidades de manipulação dos quatro elementos que as definem, chamados de Dobradores. A trama é ambientada após um ataque em massa da Nação do Fogo às outras três populações, e segue a jornada de Aang (voz original de Zach Tyler Eisen), um Dobrador de Ar de 12 anos, que passou um século congelado em um iceberg. Quando Aang é resgatado por dois habitantes da Tribo da Água do Sul, Katara (voz original de Mae Whitman) e Sokka (voz original de Jack DeSena), os dois se convencem que ele é o Avatar, uma pessoa que consegue manipular todos os quatro elementos, cuja missão é manter a harmonia entre as quatro nações. Dispostos a ajudá-lo a carregar esse fardo enorme, Katara e Sokka embarcam em uma jornada para encontrar professores Dobradores de Água, Terra e Fogo para Aang, enquanto os três são constantemente perseguidos por um príncipe desonrado da Nação do Fogo, Zuko (voz original de Dante Basco).

(The series revolves around four populations: the Fire Nation, the Air Nomads, the Water Tribes and the Earth Kingdom. In each one of these nations, there are people capable of manipulating the four elements that define them, known as Benders. The plot is set after a massive attack by the Fire Nation towards the other three populations, and follows the journey of Aang (voiced by Zach Tyler Eisen), a 12-year-old Airbender, who spent a whole century frozen inside an iceberg. When Aang is rescued by two inhabitants of the Southern Water Tribe, Katara (voiced by Mae Whitman) and Sokka (voiced by Jack DeSena), the two become convinced that he is the Avatar, a person who is able to manipulate all four elements, whose mission is to maintain the harmony among the four nations. Willing to help him carry this enormous burden, Katara and Sokka embark on a journey to find Water, Earth, and Firebending teachers for Aang, while the three are constantly being chased by a dishonored prince from the Fire Nation, Zuko (voiced by Dante Basco).)



Acredito que a maioria das pessoas foi apresentada à “Avatar: A Lenda de Aang” através da Nickelodeon, emissora original do programa. Ou talvez pelos serviços de streaming, que adicionaram a série no seu aniversário de 10 anos. Eu, porém, fui apresentado a esse universo incrível da pior maneira possível: através da heresia que foi a adaptação live-action da primeira temporada, “O Último Mestre do Ar”, um filme de 2010 dirigido por M. Night Shyamalan. Mesmo com seus erros, é impossível expressar em palavras o fascínio que senti pela mitologia desse universo quando assisti ao filme pela primeira vez. Em 2017, me surgiu uma oportunidade: a série tinha chegado na Netflix, e por recomendação de uma amiga, fui assistir. Lembro que gostei bastante, mas parei em um episódio que me desconectou quase que completamente da trama principal. Um ano depois, comprei a série inteira em Blu-ray e dei uma segunda chance, só para parar no mesmo episódio do que antes. Cortando para 2020, durante a pandemia, aproveitei para mergulhar de uma vez por todas na série, e eu amei cada segundo. A começar pela trama, que é o meu estilo de história, quando se trata de fantasia. Composta por três temporadas com aproximadamente 20 episódios de meia hora de duração cada, a mitologia de “Avatar: A Lenda de Aang” só vai se expandindo ao decorrer de cada capítulo. Os personagens são extraordinariamente bem desenvolvidos, e o roteiro em si é uma ótima réplica do que eu gosto de chamar de “fórmula do Harry Potter”: uma trama centrada em um círculo específico de personagens em constante evolução que vai se tornando cada vez mais arriscada, adulta e sombria a cada etapa (no caso da série, a cada temporada). Outra coisa que me impressionou bastante a respeito do roteiro foi a importância dos chamados “fillers”, episódios conhecidos por “encher linguiça”. Em qualquer outra série, esses capítulos seriam completamente desconectados da história principal, como uma espécie de desvio para preparar o espectador para algo mais épico, mas em “Avatar”, eles têm um propósito. Eles enriquecem ainda mais a mitologia estabelecida pelos roteiristas e colaboram imensamente para um desenvolvimento mais profundo dos personagens. E isso é simplesmente fantástico, porque é uma forma que os criadores e roteiristas encontram de nos dizer que cada episódio importa. Um exemplo disso é o penúltimo episódio da série, o qual serve, ao mesmo tempo, como um resumo de toda a trama até aquele momento, um alívio cômico e uma reflexão sobre as ações dos personagens no decorrer dos episódios passados. Outro merecido destaque no roteiro seria a quantidade de temas adultos abordados, o que eu realmente não esperava. Genocídio, destruição do meio-ambiente, crueldade aos animais, totalitarismo, perda, luto, dificuldade na violação dos princípios de uma pessoa, lavagem cerebral. A genialidade desses roteiristas realmente me impressiona, porque eles conseguem lidar com esses temas de uma forma compreensível, madura e bem humana, mesmo com todos os elementos fantasiosos que percorrem a história. E pra finalizar, o final dessa série é simplesmente épico, e ainda deixa uma pequena brecha para ser explorada no futuro. Resumindo, o roteiro de “Avatar: A Lenda de Aang” é conciso, tematicamente carregado, e vai se tornando cada vez mais sombrio ao longo de suas temporadas, dando importância a cada um dos episódios, e desenvolvendo os seus personagens de maneira extraordinária.

(I believe most people were introduced to “Avatar: The Last Airbender” through Nickelodeon, which originally broadcasted the show. Or maybe through the streaming services, which added the series to their catalog due to its 10th anniversary. I, however, was introduced to this amazing universe in the worst way possible: through the heresy that was the live-action adaptation of the first season, “The Last Airbender”, a 2010 film directed by M. Night Shyamalan. Even with its mistakes, it's impossible to put into words how fascinated I became with the mythology of this universe when I first watched the film. In 2017, there was an opportunity: the show had arrived on the Netflix catalog, and because of a friend's recommendation, I began watching it. I remember really enjoying it, but then I stopped at an episode that completely took me off the main plot. One year later, I bought the entire series on Blu-ray and gave it a second chance, only to stop at the exact same episode. Cut to 2020, during the pandemic, I took the chance to dive into it once and for all, and I loved every second of it. Starting off with the plot, which is my type of story, when it comes to fantasy. Composed by three seasons with approximately 20 30-minute episodes each, the mythology of “Avatar: The Last Airbender” just keeps on growing as time goes by. The characters are extraordinarily well-developed, and the screenplay itself is a great replica of what I like to call the “Harry Potter formula”: a plot centered on a specific circle of constantly evolving characters that keeps on getting darker, more risky and mature at each stage (or in the show's case, at each season). Another thing that impressed me a lot on the script was the importance of the so-called “fillers”, episodes that are only there to fill up the timeslot. In any other show, these chapters would be completely disconnected from the main plot, as a diversion of sorts to prepare the viewer for something more epic, but in “Avatar”, they do have a purpose. They enrich the mythology created by the showrunners and writers, and collaborate immensely to a more in-depth development for its characters. And that is simply fantastic, as it is a way for the writers to say that every episode matters. An example of that is the show's penultimate episode, which serves, at the same time, as a recap of the entire series until that moment, a comic relief and a reflection on the characters' actions in past episodes. Another worthy highlight in the script would be the quantity of mature themes that are dealt with here, which I didn't expect at all. Genocide, destruction of the environment, animal cruelty, totalitarism, loss, grief, difficulty in violating one's principles, brainwash. The genius of these writers was really impressive to me, as they managed to deal with these themes in a comprehensible, mature, and very human way, despite all the fantasy elements that surround the plot. And at last, the show's ending is simply epic, and even leaves a small gap open, to be further explored in the future. In a nutshell, the script for “Avatar: The Last Airbender” is concise, thematically charged, and becomes darker throughout its seasons, giving importance to each one of its episodes, and developing its characters in an extraordinary way.)



Agora, falando especificamente sobre os personagens, temos aqui um dos melhores exemplos onde eles se encontram em constante evolução. A começar pelo Aang, que, pelo fato de ainda ter 12 anos no início da série, começa agindo como uma criança de 12 anos agiria. Brincando com crianças, expondo suas habilidades como Dobrador de Ar. Ao descobrir o que aconteceu enquanto ele estava congelado, o personagem é completamente mudado, se transformando em alguém mais sério, determinado, e cheio de raiva. Ao longo das temporadas, os roteiristas foram capazes de equilibrar esses dois extremos, fazendo de Aang um protagonista atraente para tanto os espectadores mais jovens quanto os mais adultos. Eu simplesmente me apaixonei pela Katara. Ela é uma âncora emocional enorme para o protagonista, e possui uma química inegável com ele a partir dos primeiros minutos em que os dois estão em tela. Assim como Aang, ela se encontra em constante evolução, partindo de uma garota constantemente insegura com seus poderes de Dobra de Água para uma jovem mulher valente, forte e guerreira, o que é sensacional. O mesmo pode ser dito para o Sokka, que, no início da série, não passa de um alívio cômico com preconceitos. Ao longo dos episódios, esses preconceitos vão desaparecendo, sendo substituídos por confiança, garra e seriedade. E se você pensou que a constante evolução só serviria para os mocinhos, prepare-se para se impressionar com o que os roteiristas fazem com os antagonistas. Sem spoilers aqui, mas a dinâmica entre o Príncipe Zuko e seu tio, o General Iroh (mais conhecido como MELHOR PERSONAGEM DA SÉRIE!), é uma das principais e mais emocionantes relações entre os personagens. No quesito de personagens coadjuvantes, afirmo o mesmo do parágrafo anterior: assim como todo episódio importa, todo personagem em “Avatar: A Lenda de Aang” importa. Por mais insignificantes que sejam (“Meus repolhos!”), cada personagem tem um propósito na trama da série. Se eles aparecerem em um suposto “filler”, podem esperar pelo menos uma dessas duas coisas: 1) eles vão aparecer de novo em algum episódio posterior ou até ter um papel principal no enredo a partir daquele momento; ou 2) eles vão ter uma importância que irá levar o espectador até o início da trama. Um trabalho simplesmente perfeito de desenvolvimento de personagens. Bravo!

(Now, talking specifically about the characters, we have here one of the best examples where they find themselves in constant evolution. Starting off with Aang, who, because of the fact that he's still 12 years old, starts off acting like a 12-year-old would. Playing with kids, exposing his abilities as an Airbender. When he finds out what happened while he was frozen, the character is forever changed, transforming himself into someone more serious, determined and filled with rage. Throughout the seasons, the screenwriters were able to balance these two extremes, making Aang a protagonist who's appealing to both a younger and an older audience. I just fell in love with Katara. She's an enormous emotional anchor to the protagonist, and shares an undeniable chemistry with him from the first minutes the two appear together onscreen. Just like Aang, she finds herself in constant evolution, starting off as a girl who's really insecure about her Waterbending abilities and turning into a brave, strong young woman who's fully capable of handling anything by herself, which is simply amazing. The same can be said for Sokka, who, in the beginning of the series, was nothing but a comic relief filled with prejudices. Throughout the episodes, those prejudices slowly fade away, being replaced by confidence, strength and seriousness. And if you're thinking that this constant evolution is only apparent on the good guys, get ready to be amazed with what the screenwriters were able to do with the antagonists. No spoilers here, but the dynamics between Prince Zuko and his uncle, General Iroh (also known as THE BEST CHARACTER OF THE SHOW!), is one of the main and most emotional relationships between characters in the show. When it comes to supporting characters, I state the same as the paragraph above: just like every episode matters, every character in “Avatar: The Last Airbender” matters. As insignificant as they may seem (“My cabbages!”), every character has a purpose in the series's plot. If they appear in some of the “fillers”, you can expect either one of these two things: 1) they will appear in a further episode or have a main role in the plot from that moment; or 2) they will be important to the point of taking the viewer back to the beginning of the plot. A flat-out perfect job in character development. Bravo!)


Os aspectos visuais serão um completo deleite para quem gosta de animes e filmes do Studio Ghibli. Assim como o próprio enredo faz uso de filosofias e elementos da cultura oriental, os próprios métodos de animação são uma homenagem àqueles usados pelos artistas de mangá e animadores orientais. Do design dos personagens (Ninguém vai ser capaz de mudar minha opinião que o Appa é um parente distante do Totoro. NINGUÉM!) às ambientações, que são repletas de detalhes e destacam o meio-ambiente, de uma maneira bem similar aos filmes do Studio Ghibli. As cenas de luta são muito bem criadas, especialmente as que envolvem Dobra de Fogo, Ar, Terra ou Água. É incrível ver como elas se tornam cada vez mais elaboradas ao longo das temporadas. Eu segurei minha respiração em algumas delas, surtei e fiquei boquiaberto em outras. Há algumas cenas narrativamente mais “viajadas”, mas cada quadro dessa série é inegavelmente lindo. Eu particularmente gostei das expressões faciais que a série pegou emprestado de alguns animes, e os efeitos sonoros feitos para alívio cômico, que são simplesmente impagáveis. A trilha sonora do Jeremy Zuckerman e do Benjamin Wynn é sensacional. Focando em tambores e cantos típicos da cultura oriental, ela se faz mais presente nas cenas de luta, adicionando um teor ainda mais épico a elas. Resumindo, tecnicamente, “Avatar: A Lenda de Aang” também é impecável.

(The visual aspects of it will be a complete delight to those who love anime and Studio Ghibli films. As the plot itself uses philosophies and elements of Eastern culture, the animation methods themselves are a homage to those used by manga artists and Eastern animators. From the character design (No one will be able to change my opinion that Appa is a distant relative to Totoro. NO ONE!) to the settings, which are filled with details and highlight the environment, much alike what happens in Studio Ghibli films. The fight scenes are very well created, especially those involving Fire, Air, Earth or Waterbending. It's incredible to see how they become more and more elaborate throughout the seasons. I held my breath during some of them, freaked out and my mouth stayed wide open during others. There are some scenes that are narratively more “trippy”, but every frame in this show is undeniably beautiful. I particularly liked the facial expressions the show borrowed from some anime shows, and the comical sound effects, which are simply priceless. Jeremy Zuckerman and Benjamin Wynn's score is sensational. Focusing on drums and chanting typical of Eastern culture, it stands out its presence in the fight scenes, adding yet another epic tone to them. To sum it up, technically, “Avatar: The Last Airbender” is also flawless.)



Resumindo, “Avatar: A Lenda de Aang” é uma obra-prima da animação. Munido de uma trama envolvente, tematicamente carregada que está sempre em expansão; personagens extraordinariamente bem desenvolvidos em constante evolução e aspectos técnicos que prestam homenagem à cultura oriental, esse clássico moderno da animação do séc. XXI é épico, em todo sentido da palavra.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “Avatar: The Last Airbender” is a masterwork of animation. Armed with a engaging, thematically powerful plot that is always expanding; extraordinarily well-developed characters who find themselves in constant evolution and technical aspects that pay homage to Eastern culture, this modern classic of 21st century animation is epic, in every sense of the word.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


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