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sexta-feira, 23 de julho de 2021

"Caçadores de Trolls - A Ascensão dos Titãs": uma conclusão divertida, porém insatisfatória para a trilogia Contos da Arcadia (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre um dos lançamentos mais recentes no catálogo original da Netflix! Sendo a conclusão da saga animada Contos da Arcadia, criada pelo visionário Guillermo del Toro, o filme em questão acerta em fechar o arco narrativo de seu protagonista, mas erra a marca em reter o teor mais sombrio e metafórico das séries e em entregar a todos os personagens o desfecho épico que eles mereciam. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Caçadores de Trolls: A Ascensão dos Titãs”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about one of the most recent releases in Netflix's original catalog! As the conclusion in the Tales of Arcadia animated saga, created by visionary director Guillermo del Toro, the film I'm about to review hits a few marks when bringing its protagonist's narrative arc to a close, but misses in retaining the darker, more metaphorical tone of the shows and in giving every character the epic closure they deserved. So, without further ado, let's talk about “Trollhunters: Rise of the Titans”. Let's go!)



Após os eventos de “Caçadores de Trolls”, “Os 3 Lá Embaixo” e “Magos”, o filme acompanha Jim Lake Jr. (voz original de Emile Hirsch), Claire Nuñez (voz original de Lexi Medrano) e Toby Domzalski (voz original de Charlie Saxton), que, ao descobrirem que uma ordem antiga de feiticeiros deseja acordar uma legião de titãs para reiniciar a Terra, unem forças com o mago Douxie (voz original de Colin O'Donoghue) e os irmãos alienígenas Aja (voz original de Tatiana Maslany) e Krel (voz original de Diego Luna) para salvar o mundo.

(After the events of “Trollhunters”, “3Below” and “Wizards”, the film follows Jim Lake Jr. (originally voiced by Emile Hirsch), Claire Nuñez (originally voiced by Lexi Medrano) and Toby Domzalski (originally voiced by Charlie Saxton), who, by finding out that an ancient order of sorcerers wishes to awaken a legion of titans to reboot the Earth, join forces with wizard Douxie (originally voiced by Colin O'Donoghue) and alien siblings Aja (originally voiced by Tatiana Maslany) and Krel (originally voiced by Diego Luna) in order to save the world.)



Ok, para começar, eu sou MUITO fã da trilogia de séries animadas “Contos da Arcadia”, criada pelo Guillermo del Toro para o catálogo original da Netflix. Acompanhei as 3 séries que a compõem (“Caçadores de Trolls”, “Os 3 Lá Embaixo” e “Magos”) desde o início da primeira em dezembro de 2016, e simplesmente amei como cada temporada foi colaborando para a construção de uma mitologia fascinante, a qual não só enriqueceu a obra, mas também a presenteou com um caráter sociopolítico impecável. A trilogia como um todo é uma das melhores obras de fantasia que já tive o prazer de assistir, e é bem interessante ver como del Toro flerta com os mais diversos gêneros aqui, diante da evolução das séries: além da fantasia em si, há bastante comédia, romance, ficção-científica e algumas pitadas muito eficientes de terror e fantasia sombria.

É uma obra que fica cada vez mais diversa, madura e interessante, em termos de tom e temas, com o passar do tempo. E, talvez o mais importante, é um ponto de partida perfeito para introduzir um público mais jovem ao trabalho extraordinário de Guillermo del Toro, cineasta conhecido por fazer filmes para espectadores mais adultos, como “O Labirinto do Fauno”, “A Espinha do Diabo” e o vencedor do Oscar de Melhor Filme “A Forma da Água”. O fato de ser uma história protagonizada por crianças e adolescentes, se juntando à uma mitologia essencialmente acessível e repleta de magia, permitiu que o diretor flexibilizasse seu público-alvo, agradando tanto crianças quanto adultos.

Com isso dito, eu estava BEM animado para assistir à conclusão da saga, “Caçadores de Trolls: A Ascensão dos Titãs”. Assim como “Vingadores: Ultimato” foi a culminação de mais de 10 anos de trabalho para a Marvel Studios, este filme é a conclusão da história que foi iniciada com a primeira temporada de “Caçadores de Trolls”, cinco anos atrás. Então, eu esperava algo bastante épico, com o escopo expansivo que “Ultimato” teve, mas retendo o tom maduro e metafórico das séries e entregando um final digno para a saga Contos da Arcadia e seus vários personagens. Infelizmente, lamento em dizer que, mesmo que o filme tenha alguns momentos que me lembraram dos melhores episódios das séries, “Caçadores de Trolls: A Ascensão dos Titãs” não foi uma conclusão completamente satisfatória para mim.

Ok, vamos falar do roteiro. Escrito por Marc Guggenheim e os irmãos Dan e Kevin Hageman (os três sendo roteiristas e produtores executivos da trilogia de séries), o enredo de “A Ascensão dos Titãs” acerta em alguns aspectos narrativos, mas peca seriamente em outros. Vamos por partes. Por um lado, o filme consegue explorar um lado mais humano do protagonista, Jim Lake Jr. Há certas circunstâncias aqui que impedem Jim de alcançar seu verdadeiro potencial como Caçador de Trolls, e o roteiro faz um bom trabalho em expor a impotência e o dilema que passa pela cabeça do personagem, algo do tipo “Sem isso, o que eu sou?”.

Para mim, essa exploração da humanidade do protagonista foi um dos maiores acertos do roteiro, porque isso colabora para que ele interaja e busque conselhos com alguns dos melhores personagens coadjuvantes da saga. A jornada que Jim precisa caminhar para alcançar seu máximo potencial é o principal fio condutor do filme, e nisso, a conclusão da saga Contos da Arcadia me lembrou bastante do primeiro filme do Thor, que eu gosto muito.

No geral, é um filme bem divertido. Não tem o escopo enorme que eu esperava, no estilo “Vingadores: Ultimato”, mas para os padrões da trilogia, é uma conclusão significativamente rica, contando com muitas cenas de ação, um passo bem acelerado e aparições de praticamente todos os personagens que conhecemos e amamos, de todas as três séries. Eu gostei de como, mesmo sendo promovido como um capítulo final, o filme conseguiu também trazer algo novo para a já fascinante mitologia dos Contos da Arcadia. Há uma subtrama em particular no enredo que é absolutamente hilária, por mais bizarra que realmente seja. As cenas de ação envolvendo os titãs do título são bem épicas e tecnicamente ambiciosas, me lembrando bastante dos combates entre Jaegers e Kaijus em “Círculo de Fogo”, também de Guillermo del Toro; porém, por ser algo direcionado a um público mais jovem, são sequências altamente previsíveis.

Mas, infelizmente, a conclusão “épica” dos Contos da Arcadia falha em replicar os melhores aspectos que fizeram das séries um sucesso, a começar pelo tom. Para uma série que teve como um de seus principais eventos o exorcismo de uma das personagens principais, “Caçadores de Trolls: A Ascensão dos Titãs” foi um capítulo final bem infantil, para falar a verdade. O senso de humor praticamente universal das séries foi modificado para algo bem bobinho, que falha tanto em tirar a atenção da ameaça iminente quanto em alcançar um público mais adulto, sendo capaz de agradar somente os espectadores mais jovens.

Para mim, eles deveriam ter bebido mais da fonte de “Vingadores: Ultimato”, no quesito de ser o capítulo mais sombrio da saga criada por del Toro, com um alívio cômico mais descontraído e um impacto emocional mais forte. Ia ser completamente original? Não. Mas com certeza, seria melhor do que o resultado final. E o pior é que, quando o filme se aproxima, em termos de tom, de algo mais impactante e potencialmente emocionante, os roteiristas tomam o caminho fácil e levam a história para um rumo completamente diferente, que apaga o teor emocionante do filme inteiro, somente para adequar a trama aos padrões que viemos a esperar de filmes feitos por estúdios como Disney e DreamWorks. Na minha opinião, essa mudança de tom para algo mais sombrio era uma das maiores oportunidades que os roteiristas tinham para entregar uma conclusão digna e emocionalmente potente para a saga dos Contos da Arcadia, e eles a desperdiçaram quase que completamente.

Outro grande problema presente no filme é o passo, que é demasiadamente acelerado. Com 1 hora e 46 minutos de duração, “Caçadores de Trolls: A Ascensão dos Titãs” pareceu mais um episódio estendido de uma das séries do que um longa-metragem propriamente dito. Há muitas coisas interessantes a serem exploradas aqui, mas, infelizmente, nenhuma delas é bem-desenvolvida o suficiente para ser memorável na mente do espectador. Outra consequência do passo acelerado seria o desenvolvimento dos personagens, que, fora o do protagonista, é bem raso. Há algumas interações aqui e ali entre eles que tentam levar os eventos do filme para um território mais sério e decisivo, mas os roteiristas escolhem em focar nas cenas de luta e ação, desperdiçando ou ocultando quase que completamente alguns dos melhores personagens da saga. Isso poderia ter sido facilmente consertado com uma duração mais longa, talvez com 2 horas ou um pouco mais, contendo um equilíbrio entre as cenas de ação e cenas mais calmas, especificamente para o desenvolvimento de personagens.

E, por último, talvez o maior problema de “Caçadores de Trolls: A Ascensão dos Titãs” seja justamente a sua conclusão. Não vou tratar de spoilers aqui, mas há um certo ponto perto do final onde o espectador pensa “Caramba, eu realmente não esperava que isso acontecesse”, mas de um jeito positivo. Aí, ao invés de deixar o filme fechado com essa conclusão diferente e inesperada, porém surpreendentemente boa; os roteiristas acabam tomando um caminho bizarro para terminar o enredo... DE MANEIRA ABERTA. A última coisa que eu esperava desse filme era um final aberto. Nas séries, eu até entendo, porque eles tinham que dar um gancho para as próximas temporadas ou universos particulares no cânone.

Mas colocar um suspense bizarro e (sinceramente) preguiçoso como esse nos momentos finais de algo que pretendia ser a CONCLUSÃO de uma história que começou cinco anos atrás definitivamente não é o final que os Contos da Arcadia e seus personagens mereciam. Em suma, o roteiro de “Caçadores de Trolls: A Ascensão dos Titãs” acerta ao focar em seu protagonista e apresenta ideias interessantes que propõem um teor mais sério para o enredo. Porém, infelizmente, tais ideias não são bem desenvolvidas, devido às limitações impostas pelo tom infantil e passo acelerado da história, resultando em uma conclusão que não faz jus à fascinante mitologia construída ao longo dos últimos 5 anos.

(Okay, for starters, I am a HUGE fan of the Tales of Arcadia animated trilogy of TV shows, which was created by Guillermo del Toro for Netflix's original programming catalog. I've followed the three shows that compose it (“Trollhunters”, “3Below” and “Wizards”) ever since the first one started way back in December 2016, and I simply loved how each season collaborated in the construction of a fascinating mythology, which not only made the works a whole lot richer, but also gifted it with a flawless sociopolitical interpretation. The trilogy, as a whole, is one of the finest works of fantasy I've had the pleasure of watching, and it's very interesting to see how del Toro flirts with a great amount of genres here, as the series progresses: besides fantasy itself, there's plenty of comedy, romance, science fiction and some very effective pinches of horror and dark fantasy.

It's something that gets more diverse, mature and interesting, when it comes to tone and themes, as the episodes go by. And, perhaps most importantly, it's a perfect starting point to introduce a younger audience to the extraordinary work of Guillermo del Toro, a filmmaker who's known for making films to a more adult audience, such as “Pan's Labyrinth”, “The Devil's Backbone” and the Best Picture Oscar-winner “The Shape of Water”. The fact that it's a story that has children and teenagers as its protagonists, walking hand-in-hand with an essentially accessible mythology that's brimming with magic, allowed the director to appeal to a wider target audience, pleasing both children and adults.

With that said, I was REALLY excited to watch the saga's conclusion, “Trollhunters: Rise of the Titans”. As “Avengers: Endgame” was the culmination of over 10 years of work for Marvel Studios, this film is the conclusion of the story that was started with the first season of “Trollhunters”, five years ago. So, I was expecting something pretty epic, with the expansive scope of “Endgame”, but retaining the mature and metaphorical tone of the shows and delivering a worthy finale for the Tales of Arcadia saga and its numerous characters. Unfortunately, I'm sorry to say that, even though the film had some moments that reminded me of the best episodes in the shows, “Trollhunters: Rise of the Titans” wasn't a completely satisfying conclusion for me.

Okay, let's talk about the screenplay. Written by Marc Guggenheim and brothers Dan and Kevin Hageman (all three of them being writers and executive producers for the trilogy of TV shows), the plot for “Rise of the Titans” gets a few narrative aspects right, but seriously misses the mark on others. Let's do this by parts. On one hand, the film manages to explore a more human side of its protagonist, Jim Lake Jr. There are certain circumstances here that prevent Jim from reaching his true potential as Trollhunter, and the screenplay does a very good job in exposing the powerlessness and the dilemma that's going through his head, something of the “Without this, who am I?” kind.

To me, that exploration of the protagonist's humanity was one of the screenplay's greatest qualities, as it allows him to interact, search for advice and exchange meaningful dialogue with some of the saga's greatest supporting characters. The journey that Jim needs to go on to reach his maximum potential is the film's main conductive force, and in that, the conclusion in the Tales of Arcadia saga reminded me a lot of the first film in the Thor franchise, which I enjoyed a lot.

Generally, it's a pretty fun film. It didn't have the enormous scope I expected, like the one in “Avengers: Endgame”, but, considering the trilogy's patterns, it's a significantly rich conclusion, relying on many action scenes, really fast pacing and appearances by practically every character we know and love, from all three shows. I liked how, even though it's promoted as a final chapter, the film also managed to bring something new to the Tales of Arcadia's already fascinating mythology. There's a particular subplot in the story that's absolutely hilarious, as bizarre as it actually is. The action scenes involving the titular titans are pretty epic and technically ambitious, reminding me a lot of the one-on-one combats between Jaegers and Kaijus in “Pacific Rim”, also by Guillermo del Toro; but, as it is something directed towards a younger audience, they are highly predictable sequences.

But, unfortunately, the “epic” conclusion to the Tales of Arcadia fails in replicating the best aspects that made the shows a hit, starting off with the tone. For a show that had, as one of its main events, the exorcism of one of its key characters, “Trollhunters: Rise of the Titans” was a pretty childish final chapter, to tell the truth. The practically universal sense of humor in the TV shows was modified to something quite silly, that fails in both taking off the attention from the imminent threat and reaching towards a more adult audience, being able to please only its youngest viewers.

To me, they should've inspired themselves more on what “Avengers: Endgame” did, in the context of being the darkest chapter in the saga created by del Toro, with an uncompromising comic relief and a stronger emotional impact. Would it be completely original? No. But certainly, it would've been better than the final result. And the worst thing is that, when the film comes closer, tone-speaking, to something more impactful and emotionally resonant, the writers take the easy way out and take the story on a totally different path, which erases the entire film's emotional factor, only to fit it in the patterns of what we've come to expect from a film by studios such as Disney and DreamWorks. In my opinion, this shift of tone towards something more serious was one of the biggest opportunities the writers had at their hands to deliver a worthy and emotionally potent conclusion to the Tales of Arcadia saga, and they almost completely wasted it.

Another huge problem in the film is the pacing, which is way too fast. Clocking in at 1 hour and 46 minutes, “Trollhunters: Rise of the Titans” feels more like an extended episode from one of the shows than a properly-said feature-length film. There are many interesting things to be explored here, but, unfortunately, none of them is well-developed enough to be memorable on the viewer's mind. Another consequence of the fast pacing would be the characters' development, which, apart from the main character, is pretty shallow. There are some interactions sprinkled here and there that try to take the film's events to a more serious and decisive territory, but the writers choose to focus on the fight and action scenes instead, wasting or almost completely shadowing some of the saga's best characters. That could've been easily fixed with a longer runtime, maybe 2 hours or a little bit more, with a balance between the action scenes and more calm scenes, specifically directed towards character development.

And, at last, maybe the biggest problem in “Trollhunters: Rise of the Titans” is, matter of fact, its conclusion. I won't deal with any spoilers here, but there's a certain point near the ending where the viewer thinks “Wow, I really didn't expect that to happen”, but in a positive way. And so, instead of closing the film with that different, unexpected yet surprisingly good conclusion; the writers end up taking a bizarre turn to finish off the plot... WITH AN OPEN ENDING. The last thing I expected from this film was for it to have an open ending. In the shows, I get it, as you had to put a cliffhanger to keep the viewer interested for the next seasons or particular universes in the canon.

But putting a bizarre and (honestly) lazy cliffhanger like this one in the final moments of something that's intended to be the CONCLUSION of a story that started five years ago is not the ending that the Tales of Arcadia and its characters deserved. To sum it up, the screenplay for “Trollhunters: Rise of the Titans” gets something right by focusing on its protagonist, and introducing interesting ideas that propose something more serious for the plot. But, unfortunately, those ideas aren't well developed, due to limitations imposed by the story's childish tone and fast pacing, resulting in a conclusion that doesn't do justice to the fascinating mythology built in the last five years.)



Além do protagonista, Jim Lake Jr., todo personagem em “Caçadores de Trolls: A Ascensão dos Titãs” recebe uma dessas duas opções de tratamento: A) ele(a) é quase que completamente obscurecido pelo roteiro; ou B) ele(a) tem o relacionamento com Jim como única fonte de desenvolvimento. Como dito anteriormente, o desenvolvimento do protagonista é um dos poucos destaques do filme. Assombrado por um dilema, ele compartilha cenas comoventes com a grande maioria dos personagens, e é o maior fator motivador para que eles sigam em frente com sua missão, mesmo com ele mesmo não sendo capaz de alcançar seu potencial máximo como Caçador de Trolls. A jornada que o Jim faz ao longo do filme é cativante, envolvente e tem um desfecho bem satisfatório, ao contrário do próprio longa-metragem.

A parte ruim é que todos os outros personagens, infelizmente, não compartilham da mesma recompensa. Personagens como Toby, Claire, Blinky, AAAAAAARGGGHH!!!, Strickler, Nomura, Douxie, Aja, Krel e a mãe do protagonista, Barbara, foram reduzidos à no máximo 10 minutos de desenvolvimento, com os roteiristas fazendo o mesmo que pegar toda a linha narrativa que foi construída ao longo das três séries, amassá-la no formato de bolinha, e jogá-la na lata de lixo mais próxima. Mas os que foram realmente injustiçados pelo filme são justamente os melhores personagens da saga. Os rouba-cenas respectivos de “Caçadores de Trolls” e “Os 3 Lá Embaixo”, mais conhecidos como os Caça-Monstroz e Varvatos Vex, são quase que completamente desperdiçados na trama, salvo em algumas poucas cenas. Os vilões não chegam a ser ameaçadores, porque, como é algo direcionado a um público mais infantil, o espectador meio que já sabe qual vai ser a trajetória deles. Ou seja, resumindo, o desenvolvimento dos personagens no filme desperdiça o potencial obtido por eles nas séries, e falha em entregar o desfecho épico que eles tanto mereciam.

(Besides the main character, Jim Lake Jr, every character in “Trollhunters: Rise of the Titans” gets either one of these two options of treatment: A) he (or she) is almost completely overshadowed by the screenplay; or B) he (or she) has his (or her) relationship with Jim as its only source of development. As previously stated, the protagonist's development throughout the plot is one of the film's few highlights. Haunted by a dilemma, he shares moving scenes with the great majority of the characters, and he's the greatest motivating factor for them to move forward with their mission, even if he isn't able to reach his maximum potential as Trollhunter. The journey Jim goes on throughout the film is captivating, involving and has a pretty satisfying conclusion, unlike the film itself.

The bad part is that every other character, unfortunately, doesn't share the same reward. Characters like Toby, Claire, Blinky, AAAAAAARGGGHH!!!, Strickler, Nomura, Douxie, Aja, Krel and the protagonist's mom, Barbara, were reduced to a maximum amount of 10 minutes of development, with the writers doing the same thing as taking all the narrative storyline that was built throughout the three shows, crumpling it into the size of a small ball, and tossing it in the nearest trash can. But the ones who suffered the greatest amount of injustice were, as a matter of fact, the best characters in the saga. The respective scene-stealers of “Trollhunters” and “3Below”, mostly known as the Creepslayerz and Varvatos Vex, are almost completely wasted in the plot, except for a little amount of scenes. The villains aren't even threatening, because, as it is something directed towards a younger audience, the viewer kind of already knows their trajectory throughout the plot. Meaning that, resuming, the character development in the film wastes the potential they obtained in the TV shows, and fails in delivering the epic closure that they deserved.)



Felizmente, a proeza na animação e nos aspectos técnicos de “Caçadores de Trolls: A Ascensão dos Titãs” compensam as falhas narrativas do roteiro, demonstrando o quanto a qualidade no visual da animação evoluiu desde a primeira temporada de “Caçadores de Trolls”, em 2016. Uma coisa que sempre me atraiu nos visuais da trilogia Contos da Arcadia é a presença de uma paleta de cores essencialmente vibrante, que instantaneamente captura a atenção do espectador. E, especialmente quando se trata de crianças, quanto mais cores estiverem presentes na tela, melhor e mais atraente a animação será para elas. E isso, “A Ascensão dos Titãs” tem de sobra. Se você se apaixonou pelo visual de “Festa no Céu” (que foi produzido por Guillermo del Toro), prepare-se para mergulhar dentro da paleta de cores vibrante dos Contos da Arcadia.

Cada ambiente criado aqui, seja ele pertencente ao mundo real ou fantástico, demonstra uma textura tão realista e palpável que não era muito proeminente há cinco anos. Os movimentos dos personagens em si ficaram bem mais fluidos, os efeitos visuais são usados de maneira bastante orgânica. O design dos titãs foi muito bem feito. Em termos de estética, eles me lembraram bastante dos gigantes de pedra de “Frozen II”. O diferencial (e a parte interessante) dos titãs é que cada um representa um elemento da natureza. O que representa o fogo é um vulcão em erupção, o representante do gelo é um iceberg ambulante, o da natureza em si é um ecossistema gigantesco. Achei bem legal! A montagem é muito precisa e, devido ao passo acelerado da história, bem ágil. Há uma sequência em particular onde a edição ajuda a criar um alívio cômico. Para mim, foi uma das únicas cenas onde o senso de humor do filme realmente funcionou, e a montagem foi um aspecto crucial para a eficácia dela.

E, por fim, temos a trilha sonora original composta pelo Jeff Danna e pelo Scott Kirkland (ambos responsáveis pelas faixas eletrônicas de “Os 3 Lá Embaixo”), que conseguem replicar perfeitamente o teor épico e fantástico do trabalho que o Alexandre Desplat e o Tim Davies fizeram em “Caçadores de Trolls”. Há uma presença marcante de violinos e orquestras durante as cenas que possuem um passo mais acelerado e fantástico, me lembrando bastante do trabalho do Howard Shore nas trilhas de “O Senhor dos Anéis”. Por outro lado, há uma parte mais eletrônica da trilha sonora, presente nas cenas de ação e, principalmente, nas sequências envolvendo a Aja e o Krel, nos remetendo imediatamente à “Os 3 Lá Embaixo”, e até um pouco ao trabalho do Daft Punk em “Tron: O Legado”. Gostei bastante do trabalho de Danna e Kirkland aqui.

(Luckily, the prowess in the animation and technical aspects of “Trollhunters: Rise of the Titans” compensate for the screenplay's narrative flaws, demonstrating how much the quality in the animation's visuals has evolved since the first season of “Trollhunters”, in 2016. One thing that has always attracted me with the visuals in the Tales of Arcadia trilogy is the presence of an essentially vibrant color palette, which instantly captures the viewer's attention. And, especially when it comes to children, the more colors that are present onscreen, the better and more attractive the animation will be for them. And that, “Rise of the Titans” has to spare. If you fell in love with the looks from “The Book of Life” (which was produced by Guillermo del Toro), get ready to dive into the vibrant color palette of the Tales of Arcadia.

Every environment created here, whether if it belongs to the real world or the fantastical one, demonstrates a texture that's so realistic and palpable, which wasn't that proeminent five years ago. The characters' movements themselves are way more fluid, the visual effects are used in a very organic way. The design of the titans was really well-done. In terms of aesthetic, they reminded me a lot of the stone giants from “Frozen II”. The different thing (and the interesting part) about them is that each one represents one element from nature. The one that represents fire is an erupting volcano, the representant of ice is a walking iceberg, and the one that's nature itself is a gigantic ecosystem. I thought that was pretty neat! The editing is really accurate and, due to the story's fast pacing, very agile. There's a particular sequence where the editing helps creating a comic relief. To me, that was one of the only scenes in where the film's sense of humor actually worked, and the editing was a crucial aspect for that effectiveness.

And, at last, we have the original score, composed by Jeff Danna and Scott Kirkland (both of them responsible for creating the electronic tracks of “3Below”), who manage to perfectly replicate the epic, fantastic tone of Alexandre Desplat and Tim Davies' work in “Trollhunters”. There's a marking presence of violins and orchestras in the faster-paced, fantastical scenes, reminding me a lot of Howard Shore's work in the scores for the “Lord of the Rings” trilogy. On the other hand, there's a more electronic side to the soundtrack, which is present in the action scenes and sequences involving Aja and Krel, reminding us instantly of their work in “3Below”, and even a little bit of Daft Punk's work in “Tron: Legacy”. I really liked Danna and Kirkland's work here.)



Resumindo, “Caçadores de Trolls: A Ascensão dos Titãs” é um filme bem divertido por si só, contando com cenas de ação ambiciosas, um arco narrativo satisfatório para o seu protagonista e uma proeza técnica praticamente impecável. Porém, como conclusão à trilogia Contos da Arcadia, o filme peca em não capturar o tom mais sombrio e maduro das séries, e não entrega o desenvolvimento que seus numerosos personagens mereciam, resultando num capítulo final que não faz jus à mitologia construída ao longo dos últimos cinco anos.

Nota: 7,5 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “Trollhunters: Rise of the Titans” is a pretty fun film on its own, relying on ambitious action scenes, a satisfying narrative arc for its protagonist and a practically flawless technical prowess. But, as a conclusion to the Tales of Arcadia trilogy, the film stumbles in not capturing the darker, more mature tone of the shows, and it doesn't give its numerous characters the development they deserved, resulting in a final chapter that doesn't do justice to the mythology built throughout the last five years.

I give it a 7,5 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


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