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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre três dos lançamentos mais recentes no catálogo original da Netflix! Sendo uma verdadeira carta de amor para três vertentes bem específicas do gênero do terror, os três filmes em questão não só despertam um sentimento de nostalgia naqueles que já estão familiarizados com as obras homenageadas, mas também podem muito bem servir como porta de entrada para os iniciantes que não conhecem muito do gênero, graças à sua narrativa ambiciosa, envolvente e muito divertida, a qual vai sendo gradualmente construída ao longo dos três longas-metragens. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre a trilogia “Rua do Medo”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about three of the most recent releases in Netflix's original catalog! As a true love letter to three very specific strands in the horror genre, the three films I'm about to review not only manage to make those already familiar with the work being honored here feel nostalgic, but also could very well serve as a doorway for beginners who aren't that close to the genre, thanks to its ambitious, involving, extremely fun narrative, which is gradually built upon throughout the three features. So, without further ado, let's talk about the “Fear Street” trilogy. Let's go!)
Começando em 1994, a trilogia acompanha Deena Johnson (Kiana Madeira), uma adolescente que vive com sua família e amigos na infame cidade de Shadyside, local onde ocorreram várias ondas de assassinatos nos últimos três séculos, ao contrário da bem-aventurada e pacata cidade vizinha de Sunnyvale. Quando uma nova leva de mortes brutais tem como alvo a ex-namorada Sam (Olivia Scott Welch), Deena e seus amigos descobrem que as ondas de assassinatos têm ligação direta com uma maldição que permeia a cidade desde 1666, e que reverberou de maneira impactante em um acampamento de verão em 1978. Dispostos a quebrar a maldição de uma vez por todas, Deena, Sam e companhia enfrentam perigos mortais e sobrenaturais para limpar o nome da notória cidade.
(Starting off in 1994, the trilogy follows Deena Johnson (Kiana Madeira), a teenager who lives with her family and friends in the infamous town of Shadyside, a place where several murder sprees went down in the last three centuries, unlike the fortunate, quiet neighbouring town of Sunnyvale. When a new batch of brutal killings sets its target on ex-girlfriend Sam (Olivia Scott Welch), Deena and her friends find out that the murder sprees are directly connected with a curse that runs through the town since 1666, and that reverberated in an impactful way in a summer camp in 1978. Willing to break the curse for good, Deena, Sam and their friends face deadly, supernatural threats in order to clean their town's notorious reputation.)
Eu estava animado para assistir à trilogia “Rua do Medo” por várias razões. A primeira delas era o fato dos três filmes serem baseados em uma série de livros menos conhecida (e mais adulta) do autor R. L. Stine, famoso por escrever histórias de terror para o público infantojuvenil através da série “Goosebumps”, que ganhou duas adaptações para o cinema em 2015 e 2018. Inclusive, um dos meus primeiros contatos com o gênero do terror, se não for o primeiro, foi um livro de “Goosebumps” intitulado “Acampamento Fantasma”. Consigo lembrar muito bem o efeito que as reviravoltas assustadoras dessa história causaram em mim, no auge dos meus 7 ou 8 anos. Stine conseguiu, com sucesso, causar arrepios na minha espinha, fazendo jus ao título da sua série mais famosa (Goosebumps = arrepios, em inglês).
A segunda razão para as minhas expectativas estarem altas para assistir à trilogia seria a maneira que os filmes foram gravados. Assim como a trilogia “O Senhor dos Anéis” e as sequências da Marvel “Vingadores: Guerra Infinita” e “Ultimato”, os três longas-metragens de “Rua do Medo” foram gravados simultaneamente, como se fossem um único filme, com o mesmo elenco e equipe envolvidos na produção. Assim como os exemplos citados anteriormente, este método de gravação me convenceu de que a trilogia teria um nível de qualidade bem uniforme, pelas sequências não terem sido gravadas muito tempo depois do filme original, e por ter praticamente as mesmas pessoas ocupando os mesmos postos nos três filmes.
E a terceira, e talvez mais importante razão para minhas altas expectativas seria o fato de “Rua do Medo” ser uma homenagem aos subgêneros do slasher e do terror folclórico, duas das minhas vertentes favoritas do abrangente gênero do terror. Filmes como “Pânico”, “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado”, “Sexta-Feira 13” e “A Bruxa” foram os primeiros que passaram pela minha cabeça ao ver o material promocional da trilogia. E fico muito feliz em dizer que, mesmo que alguns dos filmes (individualmente) possuam mais vantagens sobre outros, a trilogia, como um todo, é a melhor obra de terror original da Netflix desde a espetacular minissérie “A Maldição da Residência Hill”, por ter uma narrativa muito bem construída, atores jovens que realmente são convincentes em seus papéis e aspectos técnicos que abraçam por completo os subgêneros que cada filme pretende homenagear.
Ok, com isso dito, vamos falar do roteiro, e como é uma trilogia, dividirei este bloco em três partes, começando com o primeiro filme, ambientado em 1994. A primeira parte da trilogia tem seu roteiro escrito pela diretora Leigh Janiak e por Phil Graziadei, e já de cara, nos primeiros 5 a 10 minutos de projeção, há uma homenagem muito bem feita e tecnicamente bem construída da icônica cena inicial de “Pânico”. Toda a estética aplicada no primeiro filme da trilogia, da onipresença das luzes em neon, ao início das salas de chat online, à presença de Radiohead e Pixies na trilha sonora, faz um excelente trabalho em recriar a nostálgica época em que o longa é ambientado. Os personagens principais da trama são muito bem apresentados, assim como conceitos iniciais da mitologia que irá se desenvolver ao longo da trilogia, suprindo informações suficientes para capturar a atenção do espectador e convencê-lo à assistir ao restante da história nos dois filmes subsequentes.
Eu gostei bastante da rivalidade visível que existe entre as duas cidades vizinhas de Shadyside e Sunnyvale, que me lembrou dos constantes conflitos entre as duas vizinhanças da série “Riverdale”. Há alguns traços do senso de humor metalinguístico que marcou o clássico homenageado de Wes Craven, o que eu achei bem legal. Mas o que me pegou de surpresa, positivamente, foi o uso da violência explícita nas cenas de ação. Claro, por ser um slasher, eu esperava algumas cenas de violência na primeira parte da trilogia, mas algo mais no nível de “Pânico”, algo mais leve, até condizendo com o público-alvo dos livros que a inspiraram. Para a minha surpresa, há algumas cenas de morte grotescas aqui, algumas até sendo bem criativas.
A única ressalva que eu faço para “Rua do Medo – Parte 1: 1994” é o fato de ser um pouco inchado demais para o primeiro filme de uma trilogia. Óbvio que, para manter o interesse do espectador para assistir aos outros dois filmes, os roteiristas teriam que apresentar algo intrigante e misterioso para prendê-lo à trama e conectá-lo aos personagens. O problema é que, na minha opinião, Janiak e Graziadei apresentaram uma quantidade enorme de conceitos que não receberam a mesma atenção no papel e, portanto, não ficam gravados na mente do espectador. O lado bom é que, a partir disso, a diretora já entra com tudo na segunda parte da trilogia com um gancho espetacular. O lado ruim é que, infelizmente, “Rua do Medo – Parte 1: 1994” não funciona tão bem como um filme isolado, somente como a primeira parte de uma série.
Já o segundo capítulo, ambientado em 1978, escrito por Janiak e Zak Olkewicz, faz tão pouco uso da trama principal da trilogia, que para mim, pode ser considerado como o melhor dos três filmes, por funcionar dentro de uma mitologia estendida, mas também por ser extremamente divertido e envolvente por conta própria. Vários personagens novos, assim como versões jovens daqueles já introduzidos na primeira parte, são apresentados e conseguem conquistar o coração do espectador, seja pelo carisma dos atores que os interpretam, ou toda a história de fundo deles, que é significativamente mais aprofundada do que a dos protagonistas do primeiro filme. Esteticamente, é uma baita homenagem aos filmes de acampamento dos anos 1970 e 1980, em especial “Sexta-Feira 13”. O visual vibrante do acampamento, a violência (ainda mais) explícita das cenas de morte, a presença de algumas cenas de sexo e nudez, a trilha sonora marcada por clássicos de rock como The Runaways e David Bowie. É uma recriação ainda mais criteriosa do que a da primeira parte, e assim como ela, é algo feito de maneira muito fiel, e principalmente, apaixonada, o que é fantástico.
Mas o que torna “Rua do Medo – Parte 2: 1978” ainda mais mágico, além da trama isolada altamente envolvente, é a continuidade compartilhada com os eventos apresentados no primeiro filme e as perguntas que surgem para serem respondidas na conclusão da trilogia. Um aprofundamento significativo na mitologia deste universo e uma certa adição na agressividade da rivalidade entre Shadyside e Sunnyvale colaboram para que esta segunda parte aumente ainda mais as expectativas do público para assistir ao terceiro e último capítulo.
A conclusão da trilogia, ambientada em 1666 e roteirizada por Janiak, Graziadei e Kate Trefry (roteirista de “Stranger Things”), se preocupa, primeiramente, em responder perguntas e amarrar pontas soltas dos dois filmes anteriores, e, felizmente, o filme consegue responder a grande maioria das dúvidas que surgiram na consciência coletiva do público, através de uma história de terror essencialmente atmosférica, enervante e surpreendentemente humana. Quase todos os atores da trilogia retornam em novos e reescalados papéis, e, mesmo que em alguns aspectos, o enredo lembre o da primeira parte, os roteiristas fazem algumas mudanças, especialmente em relação à estética do filme, para distanciar as tramas dos dois capítulos.
Eu gostei bastante de como a equipe técnica conseguiu transitar tão bem entre algo mais mainstream, como os slashers dos anos 1990, para algo quase que exclusivamente cult, como os filmes de terror folclórico. E ainda por cima, fiquei impressionado sobre o quanto este filme em particular, mesmo com o subgênero homenageado tendo uma origem mais cultuada e diálogos em um dialeto mais antiquado, parece algo mais familiarizado com o público em geral dos filmes de terror. Gostei de como o filme puxou um freio quase total na ação e focou mais na atmosfera. As cenas de violência são mais cruas e a trilha sonora instrumental dominada pelo som de violinos adiciona um tom inegavelmente enervante para um filme que já é sufocante por natureza. Há várias reviravoltas nesta terceira parte, que, ao mesmo tempo, aprofundam a mitologia que foi construída nos outros dois filmes e adicionam um caráter humano ao enredo, o que não estava presente nas tramas anteriores.
Mas se você pensou que, acabando a história de Sarah Fier, o filme em si iria acabar, pense de novo: há um epílogo que continua os eventos de 1994, juntando todos os personagens sobreviventes para um confronto final que fecha a trilogia “Rua do Medo” com chave de ouro, mesmo deixando algumas perguntas sem resposta e um final em aberto, que pode despertar a curiosidade do espectador para mais capítulos desta história. A única ressalva que faço para “Rua do Medo – Parte 3: 1666” é que, ao transformarem seus antagonistas em inimigos mais humanos, os roteiristas acabam fazendo da religião cristã uma das principais vilãs da história, e o pior é que eles fazem isso de forma bem rasa, sem um desenvolvimento que realmente justifique este antagonismo.
Tirando isso, o roteiro dos três filmes é construído de maneira bem orgânica, com algumas referências feitas através do uso de um espelhamento entre certas cenas. A continuidade entre a conclusão de um filme e o início de outro é muito fluida e quase imperceptível, de modo que a Netflix poderia tranquilamente montar os três longas-metragens em um superfilme de 5 horas e meia, o qual eu teria vontade de assistir no cinema. Se você é fã de “Pânico”, “Sexta-Feira 13” e “A Bruxa”, a trilogia “Rua do Medo” não só irá suprir suas necessidades de assistir bons filmes de terror, mas também irá te recompensar por ter assistido aos três enredos com uma narrativa conjunta envolvente e nostálgica, e uma mitologia intrigante e gradualmente muito bem construída.
(I was excited to watch the “Fear Street” trilogy for several reasons. The first of them would be the fact the three films are based on a lesser-known (and more mature) book series by author R.L. Stine, who's famous for writing horror stories for younger readers through the “Goosebumps” series, which gained two film adaptations in 2015 and 2018. In fact, one of my first contacts with the horror genre, if not my actual first, was a “Goosebumps” book titled “Ghost Camp”. I'm able to vividly remember the effect that this story's scary twists had on me, when I was around 7 or 8 years old. Stine managed to, successfully, cause goosebumps to run through my spine, making justice to the title of his most famous book series.
The second main reason for my expectations to watch the trilogy to be that high would be the way the films were filmed. Just like the “Lord of the Rings” trilogy and the Marvel sequels “Avengers: Infinity War” and “Endgame”, the three feature-length chapters in the “Fear Street” saga were shot back-to-back, as if it was a single motion picture, with the same cast and crew involved in the production. Like the previously mentioned examples, this filming method had convinced me that the trilogy would have a very uniform level of quality, as the sequels weren't shot that far from the original film, and because it practically has the same people occupying the same roles in all three films.
And the third, and perhaps most important reason for my high expectations is the fact that “Fear Street” is a homage to the slasher and folk horror subgenres, two of my favorite sides in the wide, varied genre of horror. Films like “Scream”, “I Know What You Did Last Summer”, “Friday the 13th” and “The Witch” were the first that passed by my mind when watching the promotional material for the trilogy. And I'm very glad to say that, even though some films (individually) have more advantage over others, the trilogy, as a whole, is the best Netflix original work in the horror genre since the spectacular miniseries “The Haunting of Hill House”, as it has a very well-built narrative, young actors who are actually convincing in their roles and technical aspects that completely embrace the subgenres that each film intends to honor.
Okay, with that said, let's talk about the screenplay, and as it is a trilogy, I'll split this block into three parts, starting off with the first film, set in 1994. The first part in the trilogy has its screenplay written by director Leigh Janiak and Phil Graziadei, and right off the bat, in the first 5 to 10 minutes of film, there's a very well-done and technically well-built recreation of the iconic opening scene from “Scream”. All the aesthetics applied to this first film, from the omnipresence of neon lights, to the start of online chatrooms, to the use of Radiohead and Pixies on the soundtrack, do an excellent job in recreating the nostalgic time in which the film is set. The main characters in the plot are very well introduced, as well as initial concepts of the mythology that'll be developed throughout the trilogy, fulfilling us with enough information to capture our attention and convince us to watch the rest of the story in the two following films.
I really enjoyed the visible rivalry that exists between the two neighboring cities of Shadyside and Sunnyvale, which reminded me of the constant conflicts between the two neighborhoods in the show “Riverdale”. There are some traces of the metalinguistic sense of humor that marked Wes Craven's honored classic, which I found to be really nice. But what, positively, caught me by surprise was the use of explicit violence in the action scenes. Sure, because it is a slasher, I expected some violent scenes in the first part of the trilogy, but I hoped for something like “Scream”, something lighter, to even match with the target audience of the books that inspired it. To my surprise, there are some grotesque death scenes here, some of them are even creative.
The only setback I had regarding “Fear Street – Part One: 1994” is the fact that it's a bit more crowded for the starting film in a trilogy. Sure that, to keep the viewers interested to watch the next two films, the writers would have to present something intriguing and mysterious to keep us hooked and connected to the characters. The problem is that, in my opinion, Janiak and Graziadei introduced an enormous amount of concepts that didn't get the same amount of attention on paper, and therefore, didn't stick on the viewer's mind. The good part is, from that point, the director dives head-on into the second part in the trilogy with a spectacular cliffhanger. The bad part is that, unfortunately, “Fear Street – Part One: 1994” doesn't work well as a standalone film, only as a first part of a trilogy.
Yet the second chapter, set in 1978, written by Janiak and Zak Olkewicz, makes so little use of the trilogy's main plot, that for me, it can be considered as the best of the three, for working inside an extended mythology, but also because it is extremely fun and involving on its own. Several new characters, as well as younger versions of those introduced in the first chapter, are presented to us and they manage to capture the viewer's heart, because of the charisma of the actors who portray them or because of their whole backstory, which is significantly more in-depth than the ones in the first film. Aesthetically, it is one hell of an homage to camp films from the 1970s and 1980s, specially “Friday the 13th”. The vibrant visuals of the camp, the (even more) explicit violence in the death scenes, the presence of a few sex and nudity scenes, the soundtrack marked by rock classics such as the Runaways and David Bowie. It's an even more meticulous recreation than the first part, and just like it, it is something that's done faithfully, but most of all, passionately, which is fantastic.
But what makes “Fear Street – Part 2: 1978” all the more magical, besides the highly involving isolated plot, is the continuity shared with the events presented in the first film and the rising questions to be answered in the trilogy's conclusion. A significant depth in this universe's mythology and a certain adding into the aggressive character in the rivalry between Shadyside and Sunnyvale collaborate for this second part to bring the viewer's expectations to watch the third and final chapter to an even higher level.
The trilogy's conclusion, set in 1666, written by Janiak, Graziadei and Kate Trefry (writer for “Stranger Things”), worries, firstly, in answering questions and tying up loose ends from the two previous movies, and, fortunately, the film manages to put away most of the doubts in the audience's collective consciousness, through an essentially atmospheric, unnerving and surprisingly human horror story. Almost every actor in the trilogy returns in new and recast roles, and, even though in some aspects, the plot reminds us of the first part, the writers make some changes, especially regarding the film's aesthetics, to tell the two films' plots apart.
I really enjoyed how the crew managed to transit so fluidly between something more mainstream, like 1990s slashers, to something's that's almost exclusively cult, which is the folk horror films. And yet, I was impressed on how this particular film, even though its honored subgenre has a more cult-ish origin and dialogues in a more old-fashioned dialect, it seems like something's that's familiar to the audience that's used to watch works of horror. I enjoyed how the film pulled almost all breaks on the action to focus on the atmosphere. The violent scenes are more raw and the original score dominated by the sound of violins adds an undeniably unnerving tone to a film that's already naturally suffocating. There are several plot twists in this third part, which, at the same time, deepen the mythology that was built in the past two films, and add a human character to the plot, something that wasn't there in the previous premises.
But, if you were thinking that, by the time Sarah Fier's story is over, the film itself would come to an end, think again: there's an epilogue that continues the events from 1994, bringing every surviving character together for one final confrontation that brings the “Fear Street” trilogy to an immensely satisfying close, even though it leaves some unanswered questions and an open ending, which can make viewers curious to see more chapters in the story. The only setback I have regarding “Fear Street – Part Three: 1666” is that, by transforming the antagonists into more human threats, the writers end up making the Christian religion one of the story's main villains, and the worst thing is that they do that in a very shallow way, with not enough development to justify this antagonism.
Apart from that, the screenplays for all three films are built in a very organic way, with some references being made by mirroring certain scenes between movies. The continuity between the conclusion of one film and the beginning of another is very fluid and almost imperceptible, in a way that Netflix could easily edit all 3 films into a 5-hour-and-a-half supermovie, which I would like to watch in theaters. If you're a fan of “Scream”, “Friday the 13th” and “The Witch”, the “Fear Street” trilogy not only will fulfill your needs to watch good horror films, as it will also reward you for watching all three plots with an involving, nostalgic combined narrative and an intriguing, gradually well-built mythology.)
A grande maioria do elenco da trilogia “Rua do Medo” é composta de adolescentes e jovens adultos se passando por adolescentes, e, felizmente, diferente de outras obras da Netflix, o elenco da trilogia é realmente convincente interpretando personagens mais jovens. A começar pela Kiana Madeira e pela Olivia Scott Welch, cuja dinâmica é o fio condutor principal da trama da trilogia como um todo. A performance de Madeira em todos os três filmes me lembrou bastante do trabalho da Neve Campbell em “Pânico 2”, e cumpre com todos os pré-requisitos para, ao final da trilogia, se tornar a final girl perfeita. Scott Welch, mesmo que não receba a mesma atenção que Madeira recebeu, consegue capturar a atenção do espectador com a vulnerabilidade que sua personagem demonstra em algumas das melhores cenas da trilogia.
O Benjamin Flores Jr. interpreta o meu personagem favorito de “Rua do Medo”. O ator consegue cumprir com perfeição duas tarefas difíceis simultaneamente, através de seu personagem: ser uma das principais fontes de exposição, ou seja, apresentar os fatos que introduzirão e aprofundarão a mitologia da trilogia; e ser aquele ótimo personagem que, ao mesmo tempo, rouba a cena e realmente evolui ao longo dos filmes. A Julia Rehwald, o Fred Hechinger, a Emily Rudd e a Ryan Simpkins interpretam os melhores personagens coadjuvantes da saga, sendo os respectivos rouba-cenas dos dois primeiros capítulos. Queria muito que eles tivessem tido mais tempo de tela. A performance do McCabe Slye me lembrou, em especial na Parte 3, do trabalho do Robert Pattinson em “O Farol” e “O Diabo de Cada Dia”, com o ator conseguindo replicar, de forma quase perfeita, o caráter enervante destes papéis específicos de Pattinson.
E, por fim, temos os dois adultos do elenco principal, Gillian Jacobs e Ashley Zukerman, que fazem um excelente trabalho, mesmo não recebendo a mesma atenção que o elenco mais jovem. Os personagens de Jacobs e Zukerman, na parte 2, são interpretados em versões adolescentes por Sadie Sink, a Max de “Stranger Things”, fazendo um ótimo trabalho em seu primeiro papel principal fora da série; e Ted Sutherland, que demonstra uma autoridade destemida e quase fria, a qual é replicada por Zukerman na versão adulta de seu personagem.
(The great majority of the cast for the “Fear Street” trilogy is composed by teenagers and young adults who are young enough to pass as teenagers, and, fortunately, unlike other works by Netflix, the trilogy's cast is actually convincing portraying younger characters. Starting off with Kiana Madeira and Olivia Scott Welch, whose dynamic is the plot's main conductive force for the trilogy as a whole. Madeira's performance in all three films reminded me a lot of Neve Campbell's work in “Scream 2”, and ticks all of the boxes for her to, by the end of the trilogy, become the perfect final girl. Scott Welch, even though not receiving the same amount of attention as Madeira, manages to capture the viewer's attention with the vulnerability her character demonstrates in some of the best scenes in the trilogy.
Benjamin Flores Jr. plays my favorite character in “Fear Street”. The actor manages to perfectly fulfill two hard tasks simultaneously, through his character: to be one of the main sources of exposition, meaning, presenting the facts that'll introduce and deepen the trilogy's mythology; and to be that great character that, at the same time, steals the scene and actually evolves throughout the films. Julia Rehwald, Fred Hechinger, Emily Rudd and Ryan Simpkins play the best supporting characters in the saga, being the respective scene-stealers from the first two chapers. I really wish they had had more screentime. McCabe Slye's performance reminded me, especially on Part 3, of Robert Pattinson's work in “The Lighthouse” and “The Devil All the Time”, with the actor managing to replicate, almost perfectly, the unnerving character in these specific roles of Pattinson's.
And, at last, we have the main cast's two adults, Gillian Jacobs and Ashley Zukerman, who do an excellent job, even if they don't receive the same amount of attention as the younger cast. Jacobs and Zukerman's characters, in part 2, are played in teenage versions by Sadie Sink, Max from “Stranger Things”, doing a fantastic job in her first main role outside the show; and Ted Sutherland, who demonstrates a fearless and almost cold authority, which is replicated by Zukerman in the grown-up version of his character.)
Tiro o chapéu para todos aqueles envolvidos na parte técnica desta trilogia, por terem abraçado completamente a estética dos slashers dos anos 1970, 80 e 90 e dos filmes de terror folclórico. A direção de fotografia do Caleb Heymann em todos os três longas-metragens consegue transitar muito bem entre o tom vibrante e eletrônico dos anos 1970 e 1990, respectivamente, e a época mais rústica, propositalmente mais escura e enevoada do século XVII. A montagem da Rachel Goodlett Katz faz tudo certo aqui, unindo os três filmes de maneira bem fluida. O melhor do trabalho de Katz é como ela consegue fazer com que as cenas de violência e morte sejam digeríveis, impactantes e até chocantes, mesmo até aquelas onde nunca vemos a violência em tempo real, para não parecer gratuito demais. Há um ótimo trabalho na edição e mixagem de som aqui, com cada facada, machadada, enforcamento e derramamento de sangue parecendo o mais realista possível, o que é sempre bom.
A direção de arte fez um trabalho estupendo na recriação das épocas que servem de ambientação para a trilogia, o que vai despertar a nostalgia de muita gente. O trabalho feito nas duas primeiras partes me lembrou bastante do design de produção de “Stranger Things”, em especial na terceira, e mais recente, temporada, com uma quase onipresença de luzes em neon e um visual mais vibrante; já a direção de arte da Parte 3, ambientada em 1666, tomou uma clara inspiração no trabalho sombriamente lindo feito em “A Bruxa”, filme de Robert Eggers, com o auxílio de um ambiente sempre enevoado e propositalmente mais visualmente escuro.
A trilha sonora destes filmes é uma das joias mais preciosas da trilogia “Rua do Medo”, tanto a instrumental quanto a compilada. O compositor Marco Beltrami, responsável pelas trilhas sonoras da saga “Pânico”, faz um ótimo trabalho de criação de atmosfera, com o auxílio de Marcus Trumpp, Brandon Roberts e Anna Drubich. As canções escolhidas para embalar as cenas dos dois primeiros filmes são uma verdadeira overdose de nostalgia para quem viveu a época: nos anos 90, temos faixas dos Nine Inch Nails, Pixies, Radiohead, Iron Maiden e Portishead; já nos anos 70, temos hits de The Runaways, David Bowie, Nirvana, Cat Stevens, Neil Diamond e Kansas. Por favor, deem um prêmio para quem selecionou estas trilhas sonoras. E, por fim, há um equilíbrio muito bem feito entre efeitos práticos e CGI, com o último cobrindo as cenas mais “surreais” dos filmes e o primeiro sendo responsável pela execução das cenas mais grotescas.
(I tip my hat towards all the people that were involved in the technical part of this trilogy, as they completely embraced the aesthetics to 1970, 80 and 90s slashers and folk horror films. Caleb Heymann's cinematography in all three films manages to make a swift and fluid transition from the vibrant, electronic tone of the 1970s and 1990s, respectively, to the more rustic, purposefully darker, foggier time in the 17th century. Rachel Goodlett Katz's editing does everything right here, joining all three films in a very fluid way. The best thing about Katz's work is how she manages to make the violent and death scenes to be digestible, impactful and even shocking, even those where we never see the violence in real time, in order to not make it too gratuitous. There's a great work in the sound editing and mixing here, with every knife and axe swing, hanging and bloodshed seeming as realistic as possible, which is always good.
The art direction did a stupendous job in recreating the times in which the trilogy is set in, which will awake many people's nostalgia. The work done in the first two parts reminded me a lot of the production design in “Stranger Things”, especially in its third, and more recent, season, with an almost omnipresence of neon lights and a more vibrant look; yet the art direction in Part 3, set in 1666, has taken a clear inspiration in the darkly beautiful work done in “The Witch”, a film by Robert Eggers, aided by an always foggy and purposefully darker environment.
The soundtrack in these films is one of the most precious jewels in the “Fear Street” trilogy, both the original score and the compiled soundtrack. Composer Marco Beltrami, who's responsible for scoring the “Scream” saga, does a great job of atmosphere-building, being aided by Marcus Trumpp, Brandon Roberts and Anna Drubich. The songs chosen to play during the scenes in the first two films are a true nostalgia overdose for those who actually lived the time set: in the 1990s, we have tracks by the Nine Inch Nails, Pixies, Radiohead, Iron Maiden and Portishead; in the 1970s, we've got hits by The Runaways, David Bowie, Nirvana, Cat Stevens, Neil Diamond and Kansas. Please, give an award to the person who selected these soundtracks. And, lastly, we have a very nice balance between practical effects and CGI, with the latter covering up the films' most “surreal” scenes, and the former being responsible for the execution of the gorier scenes.)
Resumindo, a trilogia “Rua do Medo” é um tremendo passo para a frente para a Netflix, no contexto de construção de franquias. Contando com uma narrativa ambiciosa e fluida; uma mitologia abrangente e intrigante; um elenco jovem extremamente talentoso e realmente convincente; e aspectos técnicos que abraçam por completo a estética dos slashers dos anos 1970, 80 e 90 e do terror folclórico, a trilogia não só é uma viagem de nostalgia para os fãs do gênero, como também oferece um ponto de partida para aqueles que não estão familiarizados com o terror.
Notas: - Rua do Medo – Parte 1: 1994 – 8,5 de 10
Rua do Medo – Parte 2: 1978 – 10 de 10
Rua do Medo – Parte 3: 1666 – 9,5 de 10
Trilogia – 9,0 de 10
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, the “Fear Street” trilogy is a tremendous step forward for Netflix, when trying to build a potential franchise. Relying on an ambitious and fluid narrative; a wide and intriguing mythology; an extremely talented and actually convincing young cast; and technical aspects that completely embrace the aesthetics to slashers from the 70s, 80s and 90s and folk horror, the trilogy not only is a nostalgic trip to genre fans, but also offers a starting point to those who aren't familiar with horror.
Grades: - Fear Street – Part 1: 1994 – 8,5 out of 10
Fear Street – Part 2: 1978 – 10 out of 10
Fear Street – Part 3: 1666 – 9,5 out of 10
Trilogy – 9,0 out of 10
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
A trilogia é muito boa, realmente e a resenha demonstra bem isso!!
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