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segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Cine Quarentena: os melhores filmes que vi durante o isolamento social (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, mas não para continuar nossa postagem especial sobre animações diferentes. Venho, por meio dessa postagem, falar sobre alguns dos melhores filmes que vi durante esse período de isolamento social. Foram muitos filmes, muitas séries, então vou somente reunir os 5 melhores e deixar algumas menções honrosas ao final. Se algum desses filmes estiver disponível em algum serviço de streaming, não esquecerei de mencionar. Então, sem mais delongas, vamos começar!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, but not to continue with our special post on different animated films. I come, through this post, to talk about some of the best films I've watched during this social isolation period. There were many films, and many TV shows, so I'll only gather the top 5 and leave some honorable mentions at the end. If any of these films is available on a streaming service, I won't forget to mention. So, without further ado, let's begin!)



  1. DOIS IRMÃOS: UMA JORNADA FANTÁSTICA” (2020), dirigido por Dan Scanlon (Disponível na Amazon Prime Video)

    (“ONWARD” (2020), directed by Dan Scanlon (Available on Disney+)

É simplesmente incrível quando você vê um filme sem nenhum tipo de expectativa e acaba se impressionando bastante. Foi assim que me senti ao terminar de ver a nova animação da Pixar. Eu não tinha muitas expectativas por esse filme, porque eu pensei que ele ia seguir um rumo onde tudo daria errado, e a redenção da Pixar em 2020 ficaria com “Soul”, dirigido pelo Pete Docter. Esse foi um daqueles momentos onde eu me senti feliz por estar completamente errado. O diretor de “Universidade Monstros” encontra sua melhor obra aqui. É uma animação que, por mais que faça uso de elementos fantásticos e mágicos, atinge um nível bem pessoal e humano para o seu realizador. Para quem ainda não sabe, o filme conta a história de dois irmãos elfos que, ao mais novo completar 16 anos, partem em uma jornada para invocarem o pai falecido deles por meio de um feitiço. Acho que nem é preciso dizer que a Pixar fez outra obra-prima bem emocionante com “Dois Irmãos”. O roteiro desenvolve seus personagens de uma maneira muito humana, capturando a atenção e a simpatia do espectador e lidando com temas como luto e perda de uma maneira extremamente acessível para o seu público-alvo. É uma história muito linda, e o diretor conta com astros como Tom Holland, Chris Pratt, Julia Louis-Dreyfus e Octavia Spencer para contá-la de modo eficiente. O visual da animação é muito bonito. Eu fico realmente impressionado com o quanto a Pixar avançou, em termos de detalhes na animação. “Soul” ainda precisa ser lançado para termos um consenso sobre quem vai levar o Oscar de Melhor Filme de Animação, mas posso garantir que “Dois Irmãos” definitivamente não é uma decepção. É um filme lindo sobre amor, perda, luto e amizade que com certeza vai fazer você chorar em algum momento.

(It's simply amazing when you see a film without any expectations and end up getting pretty impressed. That's how I felt when finishing Pixar's latest film. I didn't have that much expectations for it, because I thought it would follow a path where everything would fall apart, and Pixar's redemption for 2020 would rely on “Soul”, directed by Pete Docter. This was one of those moments where I actually felt happy for being completely wrong. The director of “Monsters University” finds his best work here. It's an animated film that, even though it uses fantastic and magical elements, hits a very personal and human level for its creator. For those who still don't know, the film tells the story of two elf brothers who, during the younger's 16th birthday, go on a quest to summon their deceased father through a spell. I guess I don't even have to say Pixar made yet another emotional masterpiece with “Onward”. The script develops its characters in a very human way, capturing the viewer's attention and sympathy and dealing with themes such as grief and loss in a very accessible way for its target audience. It's a really beautiful story, and the director relies on stars like Tom Holland, Chris Pratt, Julia Louis-Dreyfus and Octavia Spencer to tell it properly. Its visuals are astounding. I just get more and more impressed on how Pixar has advanced, in terms of details on their animation. “Soul” needs to be released for me to create a consensus of who's getting that Oscar for Best Animated Feature, but I can guarantee that “Onward” is definitely not a disappointment. It's a beautiful film about love, loss, grief and friendship that will absolutely make you cry at some point.)



  1. O GRANDE TRUQUE” (2006), dirigido por Christopher Nolan (Disponível para compra digital)

    (“THE PRESTIGE” (2006), directed by Christopher Nolan (Available for digital purchase))

Meu favorito dos 10 filmes de Christopher Nolan que analisei durante esse período de isolamento social, “O Grande Truque” é um verdadeiro truque de mágica que constantemente tenta enganar o espectador e questionar tudo que ele acabou de ver, através de seu roteiro altamente engenhoso. Para quem ainda não sabe, o filme conta a história de dois mágicos rivais que ficam obcecados em criar a ilusão perfeita. Ancorado por performances fantásticas de Hugh Jackman e Christian Bale, esta obra de Christopher Nolan é tensa, incrível, trágica, surpreendente, e, de fato, mágica. O quanto menos vocês souberem sobre “O Grande Truque”, mais irão se impressionar com o que Nolan e seu irmão Jonathan fizeram nesse tremendo filme. Vocês podem ler minha opinião completa nesse link: http://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/06/especial-nolan-o-grande-truque-um.html

(My favorite out of the 10 Christopher Nolan films I analyzed during this social isolation period, “The Prestige” is a real magic trick that constantly tries to deceive its viewer and question everything they just witnessed, through its highly ingenious screenplay. For those who don't know, the film tells the story of two rival magicians who get obsessed in creating the perfect illusion. Anchored by phenomenal performances by Hugh Jackman and Christian Bale, this work by Christopher Nolan is tense, amazing, tragic, surprising, and indeed, magic. The less you know about “The Prestige”, the more you'll be impressed with what Nolan and his brother Jonathan have done in this tremendous motion picture. You can read my full opinion on it in this link: http://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/06/especial-nolan-o-grande-truque-um.html)



  1. QUASE FAMOSOS” (2000), dirigido por Cameron Crowe (Disponível para compra digital)

    (“ALMOST FAMOUS” (2000), directed by Cameron Crowe (Available for digital purchase))

Para quem ainda não sabe, eu sou estudante de Jornalismo na faculdade, e esse filme foi exatamente a razão do porquê eu quis ser jornalista em primeiro lugar. “Quase Famosos”, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original, conta a história de William Miller (Patrick Fugit), um garoto que sai de sua vida normal em San Diego para acompanhar a turnê de uma banda de rock em ascensão, em um esforço para conseguir sua primeira matéria de capa publicada na revista Rolling Stone. Acho que nem é possível dizer em palavras o quanto esse filme falou comigo. Mesmo sendo ambientado em uma época que nunca vivi, mesmo acompanhando o cenário da música, pelas situações que o protagonista passa, eu pude ver o porquê de eu ter escolhido essa profissão. E nenhum segundo do tempo de duração robusto de 2 horas e 40 minutos foi desperdiçado, na minha opinião. É um filme envolvente, cativante e, sinceramente, inesquecível. Tem um elenco pra lá de estelar (além de Fugit, temos nomes como Billy Crudup, Jason Lee, Kate Hudson, Frances McDormand, Philip Seymour Hoffman e Anna Paquin), e uma trilha sonora com clássicos que marcaram a época retratada, de modo que eu não consigo mais ouvir “Tiny Dancer”, do Elton John, sem pensar na cena onde ela é tocada em “Quase Famosos”. Se você, que está lendo esse texto, deseja seguir a profissão de jornalista, o longa de Cameron Crowe é essencial.

(For those who still don't know, I'm a Journalism undergraduate, and this film is exactly the reason why I wanted to become a journalist in the first place. “Almost Famous”, an Oscar winner for Best Original Screenplay, tells the story of William Miller (Patrick Fugit), a boy who leaves his ordinary life in San Diego to follow the tour of an up-and-coming rock band, in an effort to get his first cover story published in Rolling Stone Magazine. I think it's not even possible to put into words how this film spoke to me. Even though it's set in a time I never got to live through, even though it follows the music market, through the situations the main character finds himself in, I could see why I chose this profession. And no second in its robust running time of 2 hours and 40 minutes is wasted, in my opinion. It's an involving captivating and, honestly, unforgettable film. It has one hell of a stellar cast (besides Fugit, we have names such as Billy Crudup, Jason Lee, Kate Hudson, Frances McDormand, Philip Seymour Hoffman and Anna Paquin), and a killer soundtrack with classics that marked its setting, in a way that I can no longer listen to Elton John's “Tiny Dancer” without thinking about the scene it's played in “Almost Famous”. If you, who's reading this right now, wants to become a journalist, Cameron Crowe's film is essential viewing.)



  1. A TRILOGIA DO ANTES (1995-2013) (“ANTES DO AMANHECER” (1995), “ANTES DO PÔR-DO-SOL” (2004), “ANTES DA MEIA-NOITE” (2013)), dirigida por Richard Linklater (Disponível para compra digital)

    (THE BEFORE TRILOGY (1995-2013) (“BEFORE SUNRISE” (1995), “BEFORE SUNSET” (2004), “BEFORE MIDNIGHT” (2013)), directed by Richard Linklater (Available for digital purchase))

Esses três filmes podem muito bem ser o retrato mais cru, realista e humano de um relacionamento entre duas pessoas. Não sei se uma trilogia era o plano inicial do diretor, mas Linklater fez uma sábia decisão em esticar a trama para mais dois filmes, o que acabou por dar um aprofundamento nas discussões entre os dois protagonistas. Uma das coisas mais impressionantes que os roteiristas Linklater, Ethan Hawke, Julie Delpy e Kim Krizan conseguem fazer com essa trilogia é desenvolver o enredo e seus protagonistas somente através do diálogo, de modo que a história em si é bem minimalista. Os três filmes acompanham diferentes estágios do relacionamento entre um jovem americano (Hawke) e uma jovem francesa (Delpy) que se conhecem em uma viagem de trem. Não são filmes para agradar gregos e troianos. Se você acha que um meteoro vai cair no meio do filme, o que acaba por mudar o rumo do enredo, poderá se decepcionar bastante. Os três filmes são repletos de conversas e diálogos entre os dois protagonistas, o que pode parecer maçante para alguns. Mas o conhecimento que eles compartilham é tão interessante e tão reflexivo que o espectador nem vê o tempo passar. Eles conversam sobre amor, perda, destino, existencialismo, relações familiares, e ao longo da trilogia, é possível ver que os diálogos compartilhados por eles vão ficando mais naturais (provavelmente por causa da contribuição dos dois atores no roteiro das sequências), e mais maduros, de forma que com o crescimento dos atores, há também o crescimento dos personagens. “Antes do Amanhecer” introduz o enredo e os personagens perfeitamente, “Antes do Pôr-do-Sol” tem um dos melhores finais que eu já vi, e “Antes da Meia-Noite” termina esse épico de maneira extremamente satisfatória, colocando Richard Linklater na minha lista de diretores favoritos.

(These three films might as well be the most raw, realistic and human portrayal of a relationship between two people. I don't know if a trilogy was the director's initial plan, but Linklater made a wise decision when stretching out the plot for two more films, which ended up giving the discussions shared by its two main characters more depth. One of the most impressive things that screenwriters Linklater, Ethan Hawke, Julie Delpy and Kim Krizan manage to do with this trilogy is develop the plot and its protagonists only through dialogue, in a way that the story itself is really minimalist. The three films follow different stages in the relationship between an American young man (Hawke) and a French young woman (Delpy) who meet during a train trip. These films will not please everyone. If you think that a meteor will fall throughout the film, therefore changing its course, you'll likely get very disappointed. The trilogy is filled with conversations and dialogues between the two main characters, which may seem a bit tiring for some. But the knowledge they share is so interesting and thought-provoking that the viewer doesn't even see the running time pass by. They talk about love, loss, destiny, existentialism, family relations, and throughout the trilogy, it's possible to see that their conversations become more natural (maybe because of the two actors' collaboration on the sequels' scripts) and more mature, in a way that with the actors growing up, so do the characters. “Before Sunrise” sets up the plot and characters perfectly, “Before Sunset” has one of the greatest movie endings I've ever seen, and “Before Midnight” finishes off this epic in an extremely satisfying way, putting Richard Linklater on my list of favorite directors.)



  1. HAMILTON” (2020), dirigido por Thomas Kail (Disponível no Disney+ a partir de 17 de novembro)

    (“HAMILTON” (2020), directed by Thomas Kail (Available on Disney+))

Vocês achavam que ia ter outra coisa aqui? Nem eu. A Disney e o gênio Lin-Manuel Miranda (sinto muito, não posso dizer o nome dessa pessoa sem associá-la com “gênio”) fizeram a decisão sábia de antecipar o lançamento dessa performance gravada do fenômeno da Broadway de outubro de 2021 para julho deste ano, e era exatamente o que essa bagunça de mundo precisava na época em que estamos passando. Para quem ainda não sabe, o musical “Hamilton” conta a história de seu personagem-título, Alexander Hamilton, primeiro tesoureiro dos EUA, e sua influência na construção da nação que conhecemos hoje. Essa performance gravada é o mais próximo que vamos chegar a ver o espetáculo (absurdamente requisitado) ao vivo, e o diretor Thomas Kail, junto com o diretor de fotografia Declan Quinn, consegue capturar a energia do musical perfeitamente. O elenco original de “Hamilton”, que foi aos palcos nos dois primeiros anos em cartaz, dá um show de tirar o fôlego nessa performance, exaltando a diversidade cultural presente no país. Destaque para o Leslie Odom Jr., pra Renée Elise Goldsberry e o Daveed Diggs, que ganharam vários prêmios por suas performances. O mais impressionante sobre esse musical é como TUDO (roteiro, trilha sonora, as letras das músicas) veio só de uma pessoa, o gênio Lin-Manuel Miranda, que fez uma combinação improvável entre História e gêneros musicais urbanos, como hip-hop e rap, e acertou em cheio, quando tudo poderia dar muito errado. Mesmo que “A Crônica Francesa”, novo filme do Wes Anderson (e meu filme mais esperado do ano), chegue a impressionar, nada vai superar a grandiosidade e a maravilha de “Hamilton”: a melhor experiência que tive o prazer de desfrutar nesse ano até agora. Vocês podem ler minha opinião completa nesse link: http://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/07/hamilton-um-brinde-diversidade-cultural.html

(Did you guys think anything else would be here? Me neither. Disney and the genius Lin-Manuel Miranda (I'm sorry, I can't say this person's name without associating it with “genius”) made the wise decision of pushing forward the release of this filmed performance of the Broadway phenomenon from October 2021 to this July, and it was exactly what this mess of a world needed in this time we're going through. For those who still don't know, the musical “Hamilton” tells the story of its title character, Alexander Hamilton, America's first Treasury Secretary, and his influence in the building of the nation we know today. This filmed performance is the closest we're going to get to see this (absurdly requested) show live, and director Thomas Kail, along with cinematographer Declan Quinn, manages to perfectly capture the musical's energy. “Hamilton”'s original cast, which hit the stage during its first two years on Broadway, give one hell of a breathtaking show in this performance, celebrating the country's cultural diversity nowadays. Highlights to Leslie Odom Jr, Renée Elise Goldsberry and Daveed Diggs, who won several awards for their performances. The most impressive thing about this musical is how EVERYTHING (book, music and lyrics) came from just one person, the genius Lin-Manuel Miranda, who made an unlikely combination between History and urban musical genres, such as hip-hop and rap, and nailed it, when it all could go wrong. Even if “The French Dispatch”, Wes Anderson's new film (and my most anticipated film of the year), manages to impress, nothing will overcome the greatness and the wonder of “Hamilton”: the single greatest experience I've had the joy to have this year so far. You can read my complete opinion about it in this link: http://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/07/hamilton-um-brinde-diversidade-cultural.html)



  • MENÇÕES HONROSAS:

    (HONORABLE MENTIONS):


  • CREPÚSCULO DOS DEUSES” (1950), dirigido por Billy Wilder (Disponível para compra digital)

    (“SUNSET BOULEVARD” (1950), directed by Billy Wilder (Available for digital purchase))


  • CASABLANCA” (1942), dirigido por Michael Curtiz (Disponível para compra digital)

    (“CASABLANCA” (1942), directed by Michael Curtiz (Available for digital purchase))


  • O HOMEM INVISÍVEL” (2020), dirigido por Leigh Whannell (Disponível para compra digital)

    (“THE INVISIBLE MAN” (2020), directed by Leigh Whannell (Available for digital purchase))


  • RENT: OS BOÊMIOS – AO VIVO NA BROADWAY” (2008), dirigido por Michael John Warren (Disponível para compra digital)

    (“RENT: FILMED LIVE ON BROADWAY” (2008), directed by Michael John Warren (Available for digital purchase))


  • CIDADÃO KANE” (1941), dirigido por Orson Welles (Disponível para compra digital)

    (“CITIZEN KANE” (1941), directed by Orson Welles (Available for digital purchase))


É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)

sábado, 22 de agosto de 2020

Animações Diferentes - "Abril e o Mundo Extraordinário": uma bela homenagem aos avanços da ciência e da tecnologia (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para trazer a próxima parte da nossa postagem especial sobre animações diferentes. Na resenha de hoje, estarei falando sobre uma animação francesa-belga-canadense com influências de “Tintim” que é altamente inventiva, original e, sinceramente, extraordinária, contando com uma ambientação steampunk para fazer uma bela homenagem aos avanços da ciência. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Abril e o Mundo Extraordinário”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to bring the next part in our special post on different animated films. In today's review, I'll be talking about a French-Belgian-Canadian animated film influenced by “Tintin” that is highly inventive, original and, honestly, extraordinary, relying on a steampunk setting to make a beautiful homage to the advances in science. So, without further ado, let's talk about “April and the Extraordinary World”. Let's go!)



O longa é ambientado em uma realidade alternativa onde as fontes de energia estão escassas, e todo cientista, físico e químico fora sequestrado pelo Império Francês, impedindo que a tecnologia avançasse e forçando o mundo a viver à base de máquinas de vapor. Nesse meio, acompanhamos Abril (voz original de Marion Cotillard), uma garota que tenta encontrar os pais cientistas, que alegam ter inventado um elixir que dá a quem tomar o dom da vida eterna, desaparecidos há mais de 10 anos.

(The film is set on an alternate reality where power sources are scarce, and every scientist, physicist and chemist has been kidnapped by the French Empire, preventing the advances of technology and forcing the world to live on steam as power. In that way, we follow April (originally voiced by Marion Cotillard), a girl who tries to find her scientist parents, who claim to have invented a serum that gives whoever drinks it the gift of eternal life, and who have been disappeared for over 10 years.)



É bem engraçado quando você acha algo incrível para assistir completamente pelo acaso. Para quem não sabe, há uma distribuidora de filmes nos EUA chamada GKIDS, responsável pela distribuição dos filmes do Studio Ghibli e de outras animações independentes na América do Norte, incluindo “Ernest e Célestine”, “Your Name.”, “O Tempo com Você”, “Perfect Blue”, e o nosso indicado ao Oscar “O Menino e o Mundo”. Eu fiquei sabendo de “Abril e o Mundo Extraordinário” por volta de 2016, quando fui explorando o catálogo da GKIDS, sem nenhum tipo de expectativa ou compromisso. Eu fiquei bastante interessado, porque nunca tinha visto uma animação no estilo steampunk (um subgênero da ficção-científica que aplica tecnologias e designs estéticos inspirados em maquinários industriais movidos a vapor do século XIX). E aí, ontem, eu vi o trailer, que imediatamente me chamou a atenção, pela proposta de ser uma animação mais adulta. É exatamente por isso que comparei “Abril” à “Tintim”: é um filme de animação, com bastante ação e aventura, mas também tem uns certos riscos, se é que vocês me entendem. Comparando com “Ernest e Célestine”, por exemplo, que é algo mais direcionado ao público infantil. Você sabe que absolutamente nada de ruim vai acontecer com os protagonistas. Claro, há algumas ameaças, mas não é um “Túmulo dos Vagalumes”, onde todo e qualquer tipo de desgraça pode cair sobre os protagonistas. Em “Abril”, temos uma evolução para um público mais teen, pois já pelos primeiros minutos, você pensa “Nossa, não sabia que isso podia acontecer”. E o filme explora esses riscos em um roteiro altamente frenético, ambicioso e original. Eu simplesmente não sei como ninguém tomou a iniciativa de fazer uma HQ ambientada no universo dessa animação, porque é um verdadeiro sopro de ar fresco perante à mesma fórmula que a Disney tende a repetir em cada filme que ela faz. Nós, como espectadores, mergulhamos de cabeça na realidade fictícia de “Abril”, seguindo os protagonistas de pertinho, com o enredo ficando cada vez mais interessante, criativo, e até bizarro ao longo de seu tempo de duração conciso de 1 hora e 46 minutos. E o aumento de riscos no roteiro não é a única coisa que a animação pegou emprestado da obra de Hergé. O próprio desenvolvimento dos personagens é muito, MUITO parecido com “Tintim”. Temos a protagonista, acompanhada por um animal de estimação, que conta com a ajuda de alguém deslocado e um inventor maluco para resolver um mistério. Igualzinho. E isso não é algo ruim, já que as particularidades são o que fazem de “Abril” uma obra diferente dos quadrinhos belgas. Pois até “Tintim” segue uma fórmula pré-determinada, mesmo com o aumento de riscos. Eu posso garantir para vocês, meus leitores, que não há absolutamente nada ao menos parecido com “Abril e o Mundo Extraordinário”. É um filme inventivo, original e frenético que, além de contar uma história com muita ação e várias reviravoltas, também serve como uma belíssima homenagem a todos os avanços que a ciência e a tecnologia obteram nos séculos XX e XXI. É uma verdadeira injustiça a Academia não ter indicado essa obra de arte ao Oscar de Melhor Filme de Animação.

(It's quite funny when you find out something amazing to watch completely by accident. For those who don't know, there's an American film distribution company named GKIDS, and they are responsible for the distribution of Studio Ghibli films, as well as other independent animated films in North America, such as “Ernest and Célestine”, “Your Name.”, “Weathering with You”, “Perfect Blue” and the Brazilian Oscar-nominated film “Boy and the World”. I heard about “April and the Extraordinary World” while exploring GKIDS's catalog, without any type of expectation or compromise. I was very interested in it, as I had never seen an animated steampunk film (steampunk is a subgenre of science fiction that applies technologies and aesthetic designs inspired by 19th century steam-powered machinery). And then, yesterday, I watched the trailer, which immediately caught my eye, for its approach of being a more mature animated film. That's exactly why I compared “April” to “Tintin”: it's an animated film, with lots of action and adventure, but it also has a few stakes, if you know what I mean. Comparing with “Ernest and Célestine”, for example, which is targeted towards a younger audience. You just know that nothing bad will ever happen to the main characters. Sure, it has its threats, but it's not like “Grave of the Fireflies”, where literally everything bad could happen to them. In “April”, we have something more targeted to teens, as in the very first minutes the viewer thinks “Wow, I wasn't aware that this could happen”. And the film explores these stakes in a highly frenetic, ambitious and original script. I just don't know how someone still hasn't written a comic book set in this film's universe, because it's a true breath of fresh air towards the same formula Disney tends to repeat in every film. We, as viewers, dive headfirst into “April”'s fictional reality, following its protagonists closely, with the plot getting more interesting, creative and even downright bizarre in its concise running time of 1 hour and 46 minutes. And the raise of stakes isn't the only thing this animated film borrowed from Hergé's work. Their own character development is really, REALLY like “Tintin”. We have the main character, accompanied by their pet, who joins forces with an outcast and a mad doctor to solve a mystery. Just like it. And that's not a bad thing at all, as its particularities are what makes “April” different from the Belgian comics. Because even “Tintin” follows a pre-determined formula, even with the stakes a little bit higher. But I can guarantee you, my readers, that there is absolutely nothing at least alike “April and the Extraordinary World”. It's an inventive, original and frenetic film that, besides telling an action-packed story with twists and turns, it also serves as a beautiful homage to all the advances science and technology achieved in the 20th and 21st century. It's a real injustice that the Academy didn't even nominate this work of art for the Oscar for Best Animated Feature.)



Os personagens, como dito anteriormente, são muito bem desenvolvidos. A protagonista, Abril, é introduzida de forma perfeita, de modo que o espectador já cria simpatia por ela em seus primeiros minutos em tela. Aí, há um pulo temporal de 10 anos, e vemos ela evoluir de uma criança indefesa para uma jovem moça forte, corajosa e determinada, o que é muito bom. Ela encontra sua maior parceria no seu gato de estimação, chamado Darwin, que é, de longe, o melhor personagem do filme. Ele é engraçado, sarcástico, e é uma das principais ferramentas que o roteiro usa para mexer com as emoções do espectador. Um dos melhores alívios cômicos do filme vem na forma do interesse amoroso da protagonista, que impressiona cada vez mais o espectador com seu desenvolvimento. Os pais de Abril são desenvolvidos o suficiente para que nós torçamos cada vez mais para que ela encontre-os o mais rápido possível. Há muitas surpresas envolvendo personagens ao longo do filme, então para não entrar em território de spoiler, acho melhor parar por aqui.

(The characters, as previously stated, are really well developed. The main character, April, is perfectly introduced, in a way that the viewer already feels sympathy for her from her first minutes on-screen. Then, there's a time jump of 10 years, and we see her evolve from a helpless child, into a strong, brave and determined young woman, which is really good. She finds her biggest and most important partnership in her pet cat, named Darwin, who is, by far, the best character in the film. He's funny, sarcastic, and one of the main tools the screenplays uses to manipulate the viewer's emotions. One of the film's best comic reliefs comes in the shape of the protagonist's love interest, who keeps on impressing the viewer with his development. April's parents are well developed enough for us to keep hoping she finds them as soon as possible. There are several surprises involving characters throughout the film, so, I think it's better to stop talking about them here, to avoid going into spoiler territory.)



É bem interessante como falei anteriormente que o filme tinha muita similaridade à histórias em quadrinhos no aspecto visual, porque o estilo de “Abril e o Mundo Extraordinário” é de fato inspirado no trabalho de um cartunista francês, Jacques Tardi, responsável pela criação de uma das maiores heroínas dos quadrinhos franceses, Adèle Blanc-Sec, que, em 2010, ganhou uma adaptação live-action com o título “As Múmias do Faraó”, escrita e dirigida por Luc Besson. O visual de “Abril” é absolutamente fascinante. As diferenças entre o universo fictício do filme e o nosso universo são bem evidentes. Ao mesmo tempo que aquele mundo causa admiração, ele também causa um desgosto, pela alta poluição causada pelo vapor (que é a principal fonte de energia usada no filme), o que pode até servir como uma crítica ao desmatamento das florestas e à crescente poluição, resultando em uma maior profundidade sociopolítica para “Abril”. É feita aqui uma mistura bem fluida entre animação tradicional e CGI, e o melhor é que um não atrapalha o outro. Pelo contrário, os dois métodos se complementam de forma perfeita. A trilha sonora instrumental do Valentin Hadjadj consegue construir a atmosfera que certas cenas requerem, seja ela alegre, triste, engraçada ou frenética. Uma das melhores coisas sobre essa animação é o uso de personalidades reais, resultando em várias referências à figuras importantes no campo da ciência: Einstein, Nobel, Pasteur, Marconi, Fermi, Fleming. Assistir à “Abril e o Mundo Extraordinário” vai ser um verdadeiro deleite para quem trabalha nessa mesma área.

(It's quite interesting how I previously stated that it had a lot of similarities to comic books in the visual aspects, because the style of “April and the Extraordinary World” is indeed inspired in the work of a French comic book writer, Jacques Tardi, who created one of the most iconic heroines of French comics, Adèle Blanc-Sec, who, in 2010, got a live-action adaptation titled “The Extraordinary Adventures of Adèle Blanc-Sec”, written and directed by Luc Besson. “April”'s visuals are absolutely dazzling. The differences between the film's fictional universe and our own are really evident. At the same time that world triggers admiration, it also triggers disgust, for the high levels of pollution caused by steam (which is the main source of energy used in the film), which can even serve as a criticism towards deforestation and growing pollution, resulting in a larger sociopolitical depth for “April”. There's a really fluid mix between traditional animation and CGI here, and the best thing about it is that one doesn't stand in the way of the other. On the contrary, both methods complement each other perfectly. Valentin Hadjadj's score manages to build the atmosphere some scenes require, they could be happy or sad, funny or frenetic. One of the best things about this particular animated film is the use of real-world personalities, resulting in several references to important figures in the field of science: Einstein, Nobel, Pasteur, Marconi, Fermi, Fleming. Watching “April and the Extraordinary World” will be a real delight to those who work in the same area.)



Resumindo, “Abril e o Mundo Extraordinário” é uma verdadeira obra de arte. Armada com uma história frenética e cheia de ação, personagens bem desenvolvidos e um visual fascinante, essa animação francesa faz uma bela homenagem aos avanços da ciência e da tecnologia alcançados nos séculos XX e XXI, ao mesmo tempo que faz críticas à temas bastante relevantes nos dias de hoje.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “April and the Extraordinary World” is a true work of art. Armed with a frenetic and action-packed story, well developed characters and fascinating visuals, this French animated film is a beautiful homage to the advances of science and technology achieved in the 20th and 21st century; at the same time, it also deals with very important themes nowadays.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


quarta-feira, 19 de agosto de 2020

"The Office" (EUA): encontrando a beleza nas coisas banais (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre uma das melhores coisas que tive o enorme prazer de ver durante esse período de isolamento social. Considerada uma das melhores séries de comédia dos últimos tempos, a série em questão faz uso de roteiros hilariamente envolventes e um elenco excepcionalmente escalado para contar uma história sobre achar a beleza nas coisas banais. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre a versão americana de “The Office”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about one of the best things I had the enormous pleasure to watch during this social isolation period. Considered to be one of the best comedy shows of our time, the series I'm about to discuss makes use of hilariously compelling scripts and an exceptional cast to tell a story about finding beauty in the ordinary things. So, without further ado, let's talk about the American version of “The Office”. Let's go!)



Organizada em forma de falso documentário, a série gira em torno de um escritório, descrevendo a vida dos funcionários de uma filial da fábrica de papel Dunder Mifflin, situada em Scranton, na Pensilvânia, e gerenciada por Michael Scott (Steve Carell), um homem com boas intenções cujo senso de humor frequentemente ultrapassa os limites.

(Organized as a false documentary, the show revolves around an office, describing the everyday life of employees of a branch of the paper company Dunder Mifflin, set in Scranton, Pensylvania, and managed by Michael Scott (Steve Carell), a well-intentioned man whose sense of humor frequently crosses the line.)



Eu demorei bastante para finalmente ver essa série. Primeiramente fiquei com um pé atrás, porque eu não achava que seria interessante (provavelmente não há lugar mais entediante para ambientar uma série do que uma fábrica de papel). Mas aí eu vi uma esquete do programa Saturday Night Live com Martin Freeman (o Bilbo de “O Hobbit”, que participou da série original britânica de The Office), satirizando a história da série e ambientando-a na Terra Média. Mesmo que essa esquete tenha se referido à versão britânica do programa, ela me chamou bastante a atenção. E é claro, fui também atraído pela imensidão de memes hilários de “The Office” que dominaram os meus feeds de redes sociais. Tomei uma decisão, e finalmente comecei a assisti-la. E eu sinceramente não me arrependo de um segundo sequer. Ela começa de uma forma bem lenta, bebendo da mesma fonte que fez da série britânica um sucesso, mas quando ela investe mais em material original que não foi usado em sua antecessora, é aí que a versão americana começa a deslanchar. Os roteiros tiveram a colaboração de grandes nomes da comédia na atualidade, tais como Mindy Kaling, B.J. Novak e Michael Schur (criador de Brooklyn Nine-Nine e The Good Place), e eles, junto com uma equipe enorme de roteiristas, conseguem injetar personalidade e vida em um lugar onde nada de interessante parece acontecer. Pra quem não sabe, a série segue o famoso estilo de comédia “mockumentary” (um falso documentário que acompanha um assunto ou sujeito em particular, com o auxílio de entrevistas individuais para uma profundidade maior, artifício usado de forma perfeita em filmes como “Borat”, “O Que Fazemos nas Sombras” e “Isto é Spinal Tap”), e “The Office” pode muito bem ser a melhor forma de uso desse estilo até agora. É uma série muito engraçada, contendo alguns momentos hilários onde eu não consegui parar de rir. E é simplesmente incrível como os roteiristas conseguem manter esse senso de humor durante 9 temporadas de mais de 20 episódios cada. Outra coisa que os roteiros dessa série fazem muito bem é o desenvolvimento de seus personagens. Durante esses 9 anos, os personagens principais são introduzidos e desenvolvidos de forma perfeita, fazendo com que o espectador realmente venha a se importar com eles. Rimos quando eles riem, choramos quando eles choram, sentimos raiva quando eles sentem. A proposta de um falso documentário sobre essas pessoas resulta em uma experiência imersiva por parte do espectador. Nós sentimos que fazemos parte da vida dessas pessoas, do tanto que sabemos sobre elas. É possível dizer que houve uma recaída na qualidade da série nas duas temporadas finais (apesar que os roteiristas fizeram um uso genial de metalinguagem no último ano), mas tudo que essas temporadas como um todo talvez tenham feito de errado é compensado no maravilhoso episódio final. Pra mim, a melhor variável para calcular se uma obra de comédia é realmente boa é o equilíbrio entre momentos cômicos e comoventes; ver se, além da superfície da obra, há uma “alma”, um “coração”. E há vários momentos lindos de se ver em “The Office”. Momentos cativantes, tristes, e extremamente emocionantes entre as várias piadas e partes hilárias presentes em cada episódio. E eu acho que é isso que faz de “The Office” algo especial: é uma série que, mesmo com o evidente tédio da ambientação, consegue achar momentos bonitos para serem mostrados na tela.

(I took long to finally watch this show. Firstly, I didn't keep an open mind about it, because I simply didn't think it would be interesting to watch (there's likely nowhere more boring to set a show in than a paper company). But then I watched a sketch from the show Saturday Night Live, with Martin Freeman (Bilbo from “The Hobbit”, who was in the original British series of “The Office”), which satirized the show and set it in Middle-earth. Even though that sketch was making a parody of the British version, it really caught my eye. And, of course, I was attracted by the vast quantity of hilarious “Office” memes that flooded my social media feeds. I made up my mind, and I finally started watching it. And I, honestly, do not regret a single second. It starts very slowly, drinking from the same source that made the British version a hit, but when it invests in more original material that wasn't used in its predecessor, that's when the American show starts to soar. The scripts had the collaboration of various great names in comedy nowadays, like Mindy Kaling, B.J. Novak and Michael Schur (who created Brooklyn Nine-Nine and The Good Place), and they, along with an enormous team of staff writers, manage to inject personality and life into a place where nothing interesting ever seems to happen. For those who don't know, the show uses the famous comedy style known as mockumentary (a false documentary that follows a certain subject or person; relying on individual interviews for a larger scope, a device perfectly used in movies such as “Borat”, “What We Do In The Shadows” and “This is Spinal Tap”), and “The Office” might as well be the best way of using that style so far. It is a really funny show, containing some hilarious moments in which I couldn't stop laughing. And it is simply amazing how the writers managed to keep this sense of humor for 9 seasons with more than 20 episodes each. Another thing that the scripts do really well is character development. During these 9 years, the main characters are introduced and developed perfectly, in a way that the viewer really cares about them. We laugh when they do, we cry when they do, we feel angry when they do. The proposal of a false documentary about these people results in a pretty immersive experience for the viewer. We feel like we're a part of those people's live, from the huge amount of information we know about them. It can be said that the quality went down a little bit in the last two seasons (although the screenwriters made a genius use of metalanguage in its last year), but everything that these seasons maybe have done wrong are compensated in its wonderful series finale. For me, the best way to calculate if a work of comedy is actually good is to balance both funny and moving moments; to see if there's a “soul” or a “heart” beneath its surface. And there are several beautiful moments to behold in “The Office”. Moving, sad, and extremely emotional moments inbetween the various jokes and funny moments in every episode. And I think that is what makes “The Office” so special: it's a show that, even through its boring set-up, manages to find beautiful and poignant moments to be shown on-screen.



Por onde começar a falar do espetacular elenco dessa série? Acho mais do que justo começar pelo Steve Carell, que foi o coração e a alma de “The Office” durante seus primeiros 7 anos. O ator faz um trabalho simplesmente sensacional aqui. O desenvolvimento de seu personagem é um dos mais significativos do programa, pois, inicialmente, o espectador só vê o Michael como um alívio cômico, mas ao longo da série, há vários momentos onde o espectador percebe que debaixo de toda aquela faceta hilária, ele tem um coração mole. E Carell consegue equilibrar esses dois extremos perfeitamente. Como parte do elenco principal, temos uma performance extraordinária do Rainn Wilson (que interpreta meu personagem favorito da série, carregando as duas temporadas finais nas costas) e uma química explosiva entre o John Krasinski e a Jenna Fischer, que fazem um excepcional trabalho aqui ao equilibrarem comédia e drama na relação entre os dois. Uma coisa que os roteiristas fizeram muito bem é começar o programa com certo personagem sendo irritante, e ao longo da série, eles dão a ele ou ela mais personalidade. Isso é representado de forma perfeita através dos personagens de B.J. Novak, Mindy Kaling, Angela Kinsey e Ed Helms. Como parte do elenco coadjuvante, temos vários alívios cômicos através de Brian Baumgartner, Leslie David Baker, Oscar Nunez, Craig Robinson, Kate Flannery, Ellie Kemper, Phyllis Smith, e Creed Bratton (que é um dos melhores rouba-cenas da série, fazendo o espectador gargalhar com pouquíssimas falas). Também há performances memoráveis de Catherine Tate (que interpreta uma das personagens mais subestimadas), Paul Lieberstein, Rashida Jones, Andy Buckley, Kathy Bates, Clark Duke e Jake Lacy. Uma menção super honrosa fica com a Amy Ryan, que na minha opinião, é a melhor personagem feminina de “The Office”. Ela tem uma química tão incrível com o Steve Carell que eu pensei por um momento que eles eram casados na vida real. E é claro, mesmo com tantos personagens incríveis, há aqueles que você não consegue suportar, e Zach Woods, James Spader, Melora Hardin, David Koechner e Will Ferrell fazem o espectador desejar que tal cena acabe logo de forma perfeita.

(Where to begin talking about this show's spectacular cast? I think it's more than fair to start with Steve Carell, who was the heart and soul of “The Office” during its first 7 years. He does an incredibly amazing job here. The development of his character is one of the most significant ones on the show, because, initially, the viewer just sees Michael as a comic relief, but throughout the show, there are several moments where the viewer sees that beneath the hilarious costume, he's got a soft spot. And Carell manages to balance these two extremes perfectly. As part of the main cast, we have an extraordinary performance by Rainn Wilson (who plays my favorite character, who carried the entire two last seasons on his back) and an explosive chemistry between John Krasinski and Jenna Fischer, who do an exceptional job here when balancing comedy and drama in their relationship. One thing the writers did pretty well was starting the show with a character being annoying, and throughout the seasons, giving him or her more personality. That's represented perfectly through the characters portrayed by B.J. Novak, Mindy Kaling, Angela Kinsey and Ed Helms. As part of the supporting cast, we have several comic reliefs through Brian Baumgartner, Leslie David Baker, Oscar Nunez, Craig Robinson, Kate Flannery, Ellie Kemper, Phyllis Smith and Creed Bratton (who's one of the best scene stealers, making the viewer laugh out loud with very few lines). There are also memorable performances by Catherine Tate (who plays one of the most underrated characters), Paul Lieberstein, Rashida Jones, Andy Buckley, Kathy Bates, Clark Duke and Jake Lacy. A super honorable mention stays with Amy Ryan, who, in my opinion, plays the best female character in “The Office”. She has such an amazing chemistry with Steve Carell that I thought they were married in real life for a moment. And of course, even with all these awesome characters, there are those you simply cannot bear, and Zach Woods, James Spader, Melora Hardin, David Koechner and Will Ferrell perfectly make the viewer wish their scenes cut away as soon as possible.)



Os aspectos técnicos da série, seguindo a proposta de um falso documentário, caíram como uma luva. A câmera mexe frequentemente, dando zooms e fazendo panorâmicas para realmente dar aquela crueza de documentário mesmo. Outra coisa que realmente fez de “The Office” uma experiência imersiva documental para o espectador foi a ausência de uma laugh track (aqueles risos automáticos que séries de comédia têm quando algo engraçado é dito) e de uma audiência de estúdio, o que permite que o próprio espectador escolha quando rir, chorar, se emocionar, e ficar em silêncio. Uma marca registrada de séries de comédia são piadas recorrentes, e há várias dessas em “The Office”, com todas funcionando perfeitamente, nunca cansando o espectador. É uma série com episódios muito bem montados, que sabem exatamente quando prolongar uma cena para ter uma atmosfera mais profunda, e quando cortar rapidamente, às vezes para efeito cômico. A música-tema explica claramente o conceito do programa, que é achar a beleza nas coisas banais, e você não consegue acreditar que uma melodia tão linda e pegajosa faz parte de uma série sobre uma fábrica de papel. Resumindo, “The Office” é uma série que usa de forma perfeita seus aspectos técnicos, de forma que eles encaixam direitinho na sua proposta.

(The show's technical aspects, following the mockumentary proposal, fit like a glove. The camera frequently moves, zooming in and out and making wider shots to really hit that raw documentary feel. Another thing that really made “The Office” an immersive documentary experience for the viewer was the absence of a laugh track (those automatic laughter that comedy shows have when something funny is said) and a studio audience, which allows the viewer to choose when to laugh, cry, get emotional, and be quiet. A trademark of comedy shows are recurring gags, and there are several in “The Office”, with all of them perfectly landing, and never tiring the viewer. It's a show with very well-edited episodes, which know exactly when to make a scene longer for a deeper atmosphere, and when to rapidly cut, sometimes for comic effect. The theme song clearly explains the whole concept of the show, which is finding beauty in ordinary things, and you simply can't believe a melody this beautiful and catchy could belong to a show about a paper company. In a nutshell, “The Office” is a show that perfectly uses its technical aspects, in a way they fit right into its proposal.)



Resumindo, “The Office” é a melhor série de comédia de todos os tempos, na minha opinião. Contando com roteiros que equilibram perfeitamente os dois extremos de comédia e drama, um elenco simplesmente sensacional, e aspectos técnicos que encaixam na proposta do programa, “The Office” é uma hilária e emocionante história sobre achar a beleza nos momentos banais.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “The Office” is the greatest comedy series of all time, in my opinion. Relying on scripts that perfectly balance the two extremes of comedy and drama, an extraordinary cast, and technical aspects that fit like a glove in the show's proposal, “The Office” is an hilarious and heartfelt story about finding beauty in ordinary things.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Animações Diferentes - "Ernest e Célestine": um antídoto para 2020 em forma de filme (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para trazer a próxima parte da nossa postagem especial sobre animações diferentes. Na resenha de hoje, falarei sobre uma animação francesa belíssima adequada para todas as idades. Ela conta uma história cativante sobre amizades, ao mesmo tempo que aborda temas importantes de uma maneira leve, comovente e reflexiva. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Ernest e Célestine”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to bring the next part in our special post on different animated films. In today's review, I'll talk about a very beautifully made French animated film, that's adequate for all ages. It tells a captivating story about friendship, at the same time it deals with important themes in a light, moving, and thought-provoking way. So, without further ado, let's talk about “Ernest and Célestine”. Let's go!)



O filme é ambientado em uma cidade cujo território é dividido por animais antropomórficos: enquanto na superfície, ursos comerciantes grandes e imponentes dominam; no subterrâneo, pequenos e espertos ratos esgueiram pelo esgoto, servindo como “fadas do dente” para os ursos. Tal cidade vê suas convicções morais entrarem em conflito quando uma amizade improvável floresce entre o urso Ernest (voz original de Lambert Wilson) e a ratinha Célestine (voz original de Pauline Brunner).

(The film is set in a city which territory is divided between anthropomorphic animals: while on the surface, big and imposing merchant bears dominate; on the undergrounds, small and clever mice crawl through the sewers, working as a sort of “tooth fairies” for the bears. The city sees its moral convictions clash into conflict when an unlikely friendship blossoms between the bear Ernest (originally voiced by Lambert Wilson) and the little mouse Célestine (originally voiced by Pauline Brunner).)



É o seguinte: tenho certeza que já tinha feito uma resenha desse filme há alguns anos (lá pra 2014, quando foi indicado ao Oscar), mas venho, através dessa resenha reforçar a qualidade inegável dessa animação e analisá-la com uma nova e mais madura mentalidade, capaz de detectar subtextos escondidos que provavelmente não percebi na época que assisti-o pela primeira vez. Começarei dizendo que animações francesas feitas para crianças dão uma surra bem dada nas animações mais recentes da Disney, em termos de qualidade. “Ernest e Célestine” é dirigido por Stéphane Aubier, Vincent Patar e Benjamin Renner, baseado em uma série de livros infantis escritos e ilustrados pela belga Gabrielle Vincent. Segundo, é esse tipo de filme que a Disney deveria estar fazendo: animado de forma tradicional (só pra vocês terem uma ideia, o filme mais recente animado tradicionalmente pela Disney foi lançado em 2011); contando uma história que todo e qualquer público poderá se sentir emocionado; e tratando de temas importantes e relevantes de forma leve e com propósito, ao invés de só jogar alguma coisa em cima da hora em algo planejado completamente há um tempo atrás, só pra dizer que teve tal coisa. Terceiro: eu ainda estou indignado desse filme ter perdido para “Frozen” no Oscar de Melhor Filme de Animação, em 2014. Eu simplesmente pergunto para a Academia: como vocês indicam esse filme e a produção mais recente do Hayao Miyazaki ao prêmio, e escolhem “Frozen” como o vencedor? Eu simplesmente não entendo. Com esse desabafo, vamos ao roteiro. Se 2020 precisasse de um antídoto em forma de filme, seria “Ernest e Célestine”. Pensem naquele filme leve e divertido que você vê em um dia chuvoso com uma xícara de chocolate quente e um cobertor aconchegante. É esse filme. Quando o assisti novamente ontem, minha avó falou uma coisa que eu acho a pura verdade: filmes como esse deveriam ser exibidos na Sessão da Tarde. “Ernest e Célestine” tem um roteiro simples, cativante e tão leve que, ao final da sessão, o espectador vai sentir um quentinho no coração. Eu geralmente não uso essa palavra em uma resenha, mas é perfeitamente adequada para descrever esse filme: é MUITO fofo. Acho praticamente impossível uma pessoa em sã consciência não se sentir comovida pela trama. A universalidade do tema de amizade que permeia o enredo está presente em todo o curto tempo de duração de 1h20min, contando com momentos engraçados, divertidos e, novamente, muito fofos para manter o espectador atento à tela e investido emocionalmente em seus personagens, que são muito bem desenvolvidos. Mas o que fez de “Ernest e Célestine” uma animação mais profunda, no meu ponto de vista, é a maneira que o roteiro lida com temas pesados de abordar, como xenofobia e preconceito. E o roteiro faz isso de uma forma tão leve em 2012, o que adiciona uma profundidade que a Disney só iria atingir em 2016 com “Zootopia”. É o filme perfeito para introduzir os pequenos à esses temas, de maneira que eles venham a entender que a amizade simplesmente não tem barreiras, e supera todo e qualquer tipo de preconceito. E é esse lindo, tocante e leve tipo de mensagem que o mundo precisa hoje.

(Here's the thing: I'm sure I made a review of this film some years ago (way back in 2014, when it was Oscar-nominated), but I come here, through this review, to reinforce its undeniable quality and to analyze it with a newer and more mature mentality, capable to detect possible subtexts I didn't notice the first time around. I'll start off by saying that French animated films made for children beat the living crap out of Disney films, in terms of quality. “Ernest and Célestine” is directed by Stéphane Aubier, Vincent Patar and Benjamin Renner, based on a series of children's books written and illustrated by Belgian author Gabrielle Vincent. Second, this is the kind of film that Disney should be doing: traditionally animated (just so you know, the most recent traditionally animated Disney film was released in 2011); storytelling that will captivate and move each and every type of audience; and dealing with important and relevant themes in a light and meaningful way, instead of just throwing something on top of something that has been done long ago, just so they can say they added it. Third: I am still infuriated that this film lost the Oscar for Best Animated Feature in 2014 to “Frozen”. I simply ask the Academy: you choose this film and Hayao Miyazaki's latest to be contenders, and end up choosing “Frozen” as the winner? I just don't understand. With that out of my head, let's talk about the script. If 2020 needed an antidote in the form of a film, that would be “Ernest and Célestine”. Think about that light, fun film you watch on a rainy day, with a cup of hot chocolate and a cozy blanket. This is that film. When I watched it again yesterday, my grandmother said something that I couldn't agree more: films like this should be shown in TV channels. “Ernest and Célestine” has a simple and captivating script that's so light that, as the credits begin to roll, the viewer can't help but feel a warmth in his heart. I generally don't use this word frequently in a review, but it's perfect for describing this film: it's REALLY cute. I think it's practically impossible that a perfectly sane person doesn't feel moved by the story. The universality of the friendship theme which goes through the plot is 100% there during its short 80-minute running time, relying on funny, amusing, and once again, really cute moments to keep the viewer focused on the screen and emotionally involved with its characters, which are really well developed. But what made “Ernest and Célestine” a deeper animated film, in my point of view, is the way it deals with heavy-handed themes, like xenophobia and prejudice. And the script does it in such a light way in 2012, reaching a depth Disney would only achieve in 2016 with “Zootopia”. It is the perfect film to introduce the little ones to these themes, in a way they understand that friendship has no boundaries, and can overcome each and every obstacle on its way. And it's that beautiful, touching and light kind of message the world needs today.)



Como dito anteriormente, os personagens são muito bem desenvolvidos, tanto individualmente quanto em conjunto. O Ernest é a perfeita descrição do gigante gentil: ele é grande e imponente, mas no fundo, tem um bom coração. A Célestine captura de forma sensacional a inocência de uma criança perante um tema tão importante como o preconceito. A dinâmica entre os dois é o fio condutor da trama, tanto que as melhores cenas são as que eles compartilham. Através do humor, de sensações, e da manipulação das emoções do espectador, a dupla consegue cativar o público com seu carisma em seus primeiros momentos em tela. Os outros personagens não são tão importantes assim para que o roteiro se movimente, mas eles são os instrumentos ideais para ambientar o espectador no universo fictício da história, e cruciais para que os dois protagonistas entendam a situação que eles estão passando. E a forma que o roteiro usa para fazer com que os outros personagens desistam de seus preconceitos é simplesmente linda.

(As previously said, the characters are really well-developed, both individually and together. Ernest is the perfect description of the gentle giant: he is big and powerful, but deep down, he's got a good heart. Célestine stunningly captures the innocence of a child towards an important theme like prejudice. The dynamics between the two of them is the main conductive force of the plot, in a way that the best scenes are the ones they're together on-screen. Through humor, feelings, and the manipulation of the viewer's emotions, the duo manages to move its audience due to their charisma in their first moments on-screen. The other characters aren't that important for the plot to move forward, but they're the ideal instruments to set the viewer in the story's fictional universe, and they're essential for the two protagonists to understand the situation they're going through. And the way the script uses to make the other characters give up on their prejudices is simply beautiful.)



Outra razão que me deixou indignado pela vitória de “Frozen” sobre “Ernest e Célestine” no Oscar foi a clara superioridade e a originalidade do visual desse filme sobre o CGI usado com bastante frequência na atualidade. Sabe aqueles livros infantis que têm uma pintura enorme em aquarela em formato oval em uma página, com um pouco de texto embaixo? É assim que é o visual de “Ernest e Célestine”. Cada quadro parece uma pintura individual em aquarela, e mesmo que não esteja em três dimensões, a animação tem muitos detalhes e profundidade. Há algumas partes onde a animação parece incompleta, mas isso faz parte do charme desse estilo em particular, o que adiciona até uma camada mais rústica ao visual perante o dominante CGI no mercado. O design dos personagens e dos cenários em animação tradicional é um verdadeiro sopro de ar fresco, se comparado às animações lançadas na mesma época. A trilha sonora do Vincent Courtois me lembrou bastante das trilhas sonoras do Studio Ghibli. Aliás, esse filme inteiro cairia como uma luva nos conceitos do famoso estúdio japonês. Os aspectos técnicos de “Ernest e Célestine” provam que o CGI pode até impressionar com sua ambição, mas no final das contas, não há nada igual à um filme tradicionalmente animado, feito de forma simples.

(Another reason that left me infuriated for “Frozen”'s victory over “Ernest and Célestine” at the Oscars was the clear superiority and originality of this film's visuals over the frequently used CGI in today's times. You know those children's books with a huge oval-shaped watercolor painting on a page, and a little bit of text at the bottom? That's how “Ernest and Célestine” looks like. Each frame looks like an individual watercolor painting, and even though it's not three-dimensional, it has plenty of details and depth. There are a few parts where the animation seems incomplete, but that's part of the charm of this particular style, which adds a more rustic layer to its visuals towards the dominant CGI in the market. The traditionally-animated character and set design is a real breath of fresh air, if compared to the animated films released at the same time. Vincent Courtois's score reminded me a lot of Studio Ghibli's soundtracks. By the way, this whole film would've fit like a glove in the famous Japanese studio's concepts. The technical aspects of “Ernest and Célestine” prove that CGI might even impress with its ambition, but at the end of it, there's nothing like a traditionally animated film, made in a simple way.)



Resumindo, “Ernest e Célestine” é uma pérola escondida em um mar de animações. Ela faz uso de um roteiro leve e divertido, personagens muito bem desenvolvidos e cativantes, e aspectos técnicos belíssimos para lidar com os temas cada vez mais relevantes da xenofobia e do preconceito. Se você estiver procurando um filme leve para ver com toda a família, é uma excelente pedida.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “Ernest and Célestine” is a hidden gem in an ocean of animated films. It makes use of a fun and light script, well-developed and captivating characters, and stunning technical aspects to deal with the incredibly relevant themes of xenophobia and prejudice. If you're looking for a light film to watch with the whole family, this is an excellent call.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


sábado, 15 de agosto de 2020

Animações Diferentes - "O Tempo com Você": mais um triunfo de Makoto Shinkai (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para dar continuidade com a nossa postagem especial sobre animações diferentes. Na resenha de hoje, falarei sobre uma animação japonesa muito aguardada pelos fãs do já icônico “Your Name.”. Dirigida por um dos animadores mais promissores dos últimos tempos, a animação em questão deveria ter sido ao menos indicada ao Oscar de Melhor Filme de Animação desse ano. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “O Tempo com Você”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to continue with our special post on different animated films. In today's review, I'll be talking about a Japanese animated film much anticipated by fans of the already iconic “Your Name.”. Directed by one of the most promising animation directors in our times, the film I'm about to review should've been at least nominated for the Oscar for Best Animated Feature this year. So, without further ado, let's talk about “Weathering with You”. Let's go!)



Durante o verão, Hodaka (voz original de Kotaro Daigo) foge de sua casa em uma ilha periférica para chegar à Tóquio. Depois de muitos dias difíceis, ele consegue um trabalho como freelancer para uma revista duvidosa. Certo dia, porém, Hodaka conhece Hina (voz original de Nana Mori), uma garota alegre que vive sozinha com seu irmão mais novo. Não leva muito tempo para Hodaka descobrir que Hina possui poderes de manipulação do tempo, que trazem sol à uma Tóquio cinzenta e chuvosa.

(During the summer, Hodaka (originally voiced by Kotaro Daigo) runs away from his home on a faraway island to get to Tokyo. After many struggling days, he manages to get a job as a freelancer to an occult magazine. One day, however, Hodaka meets Hina (originally voiced by Nana Mori), a cheerful young girl who lives alone with her younger brother. It doesn't take long for Hodaka to find out that Hina is able to manipulate the weather, which brings lots of sunshine to a grey, rainy Tokyo.)



Acho que nem é preciso dizer a razão pela qual estava bastante animado para ver esse filme: “O Tempo com Você” é escrito e dirigido por Makoto Shinkai, responsável por “Your Name.”, uma animação de 2016 que juntou uma legião de fãs ao redor do mundo, incluindo este que vos fala. Para aqueles que não estão familiarizados com o trabalho de Shinkai, pode-se dizer que ele faz filmes que inserem subtextos fantasiosos em nossa realidade. E o diretor faz isso de maneira tão fluida, que a separação entre fantasia e realidade se torna algo quase impossível de fazer. Essa mistura resulta em um universo fictício onde esses dois extremos coexistem, contendo personagens e situações que chamarão a atenção do espectador pelo seu realismo, e a adição de elementos fantasiosos que tornarão esse universo cada vez mais fascinante. Com isso dito, vamos falar sobre o roteiro. É possível dizer que “O Tempo com Você” repete a fórmula que fez de “Your Name.” um sucesso. A espinha dorsal do enredo é basicamente a mesma, mas as particularidades são o que fazem o novo filme de Shinkai se diferenciar de seu antecessor. A história é bem mais fácil de entender: enquanto “Your Name.” inclui elementos de viagem no tempo, troca de corpos e uma exploração complexa da mitologia japonesa; “O Tempo com Você” só possui um elemento fantasioso para movimentar a trama, o que colabora para uma história mais realista. Como parte da fórmula de seu antecessor, o enredo depende completamente da química entre os dois protagonistas, a qual funciona perfeitamente. Os personagens são extremamente bem desenvolvidos em um tempo de duração muito bem aproveitado de 2 horas, ganhando a simpatia do espectador em seus primeiros momentos em tela. O tom de “O Tempo com Você” é menos profundo do que “Your Name.”, pela falta de uma maior complexidade nos elementos fantásticos, mas o roteiro compensa com vários momentos comoventes, românticos e surpreendentemente engraçados. Diga-se de passagem, é um filme bem emocionante. A relação entre os dois protagonistas é muito cativante, de modo que o espectador está sempre na torcida para que eles fiquem juntos. Perto da conclusão, há um momento surpreendentemente reflexivo que coloca o espectador para pensar sobre os efeitos da constante e crescente urbanização das cidades. E o final é simplesmente maravilhoso. Resumindo, se você viu “Your Name.”, não há nada de relativamente novo ou complexo aqui, mas o roteiro certamente compensa com uma história cativante, movida pela explosiva química entre os dois protagonistas.

(I think I don't even have to say the reason why I was so excited to watch this film: “Weathering with You” is written and directed by Makoto Shinkai, who was responsible for “Your Name.”, a 2016 animated film that gathered a legion of fans around the world, with yours truly among those fans. For those who aren't familiar with Shinkai's work, it can be said that he makes films that insert fantasy subtexts in our reality. And he does that in such a fluid way, that it becomes impossible to separate fantasy from reality. That mix results in an universe where the two extremes co-exist, with characters and situations that will catch the viewer's attention for their realism, and the addition of fantastic elements that make this universe much more fascinating. With that said, let's talk about the script. It's possible to say that “Weathering with You” shares the same formula that made “Your Name.” a success. The spine of the plot is basically the same, but its particularities are what makes Shinkai's new film different from its predecessor. The story is much easier to understand: while “Your Name.” includes elements of time travel, body switching, and a complex exploration of Japanese mythology; “Weathering with You” uses only one fantasy element to move the story forward, which collaborates for a more realistic story. As part of its predecessor's formula, the plot depends entirely on the chemistry between the two protagonists, which works perfectly. The characters are extremely well developed in a much enjoyable running time of two hours, winning the viewer's sympathy at their first moments on-screen. The tone of “Weathering with You” is less deep than “Your Name.”, for the lack of a major complexity on the fantasy elements, but the script compensates with several heartfelt, romantic and surprisingly funny moments. By the way, this is a very emotional film. The relationship between the two main characters is very captivating, in a way that the viewer is always expecting them to be together. Near to its conclusion, there is a surprisingly thought-provoking moment that leads the viewer into thinking about the effects of constant and growing urbanization in cities. And the ending is simply wonderful. In a nutshell, if you've seen “Your Name.”, there's nothing relatively new or complex here, but the script certainly compensates with a captivating story, propelled forward by the explosive chemistry between its protagonists.)



Como dito anteriormente, a história de tanto “Your Name.” quanto “O Tempo com Você” tem como fio condutor a química entre os dois protagonistas, que são extremamente bem desenvolvidos. O Hodaka se sente bem deslocado na cidade grande, e passa por vários momentos difíceis que realmente poderiam acontecer com alguém na vida real, os quais levarão o espectador a se importar com o arco narrativo do personagem. A Hina, pelo contrário, é alegre, animada e carinhosa, e o carisma dela cativa o espectador. Juntando os dois extremos, representados pelas personalidades do Hodaka e da Hina, encontramos uma improvável relação que, mesmo com os elementos fantásticos, parece extremamente realista. Como personagens coadjuvantes, temos: o chefe de Hodaka, que tem um desenvolvimento surpreendentemente profundo, o qual eu realmente não esperava; a colega de trabalho dele, que rende alguns dos momentos mais engraçados do longa; e o irmão mais novo de Hina, que é um dos melhores personagens do filme, se não for o melhor. Resumindo, mesmo repetindo a mesma fórmula de “Your Name.”, Makoto Shinkai mostra que não perdeu seu talento inegável de desenvolver personagens bem cativantes e identificáveis.

(As previously said, the stories of both “Your Name.” and “Weathering with You” have the chemistry between the two main characters as the main conductive force, and said characters are extremely well developed. Hodaka feels pretty out of place in the big city, and goes through several difficult moments that really could happen to anyone in real life, which will lead the viewer into caring with the character's narrative arc. Hina, on the other hand, is cheerful, high-spirited, and caring, and her charisma moves the viewer in such a great way. Putting those two extremes together, represented by Hodaka and Hina's personalities, we find an unlikely relationship that, even with the fantastic elements, looks and sounds extremely realistic. As supporting characters, we have: Hodaka's boss, who has a surprisingly deep development, which I didn't expect at all; his work colleague, who's responsible for some of the film's funniest moments; and Hina's younger brother, who is one of the best characters here, if not the best. In a nutshell, even though it repeats the formula of “Your Name.”, Makoto Shinkai shows that he didn't lose his undeniable talent of developing very captivating and relatable characters.)



Pra quem já viu “Your Name.”, vocês sabem o quanto o visual daquele filme é incrível. Agora elevem o potencial desse visual à enésima potência. É assim que é a animação usada em “O Tempo com Você”. Há uma mistura bem fluida entre uma animação tradicional muito bem feita e um CGI que não polui o visual do filme. Eu estaria mentindo se dissesse que esse não é o visual mais lindo que eu já vi em uma animação japonesa desde “A Viagem de Chihiro”. Se alguém não se sentir atraído pela história ou pelos personagens (o que eu acho praticamente impossível), essa pessoa provavelmente chegará até o final do filme pelo visual. É um filme tão esteticamente perfeito que eu simplesmente não entendo a decisão da Academia de não indicá-lo à Melhor Filme de Animação (talvez seja porque ele foi lançado em 2020 nos EUA, fazendo dele não elegível para concorrer na cerimônia desse ano. Porém, há uma maior chance de ser indicado nas premiações do ano que vem, então, dedos cruzados.). É um filme muito bem montado. Ele possui alguns momentos onde a tela fica preta por um período de tempo, o que seria favorável para uma adaptação episódica do longa, e esse tipo de edição também ajuda o espectador a digerir a história com uma maior compreensão. A trilha sonora conta com tanto faixas instrumentais quanto canções originais do grupo Radwimps, que também trabalhou com Shinkai em “Your Name.”. A trilha instrumental parece MUITO com algo que o Joe Hisaishi faria para um filme do Studio Ghibli, com melodias de piano simplesmente fantásticas. E as canções originais são bem pegajosas, e contêm letras que revelam os sentimentos de alguns dos personagens, algo bem parecido com o que aconteceu no filme anterior de Shinkai.

(For those who have watched “Your Name.”, you know how incredible that film's visuals are. Now elevate that visual's potential up to 11. That's how the animation's used in “Weathering with You”. There's a really fluid mix between a really well-done traditional animation and a small use of CGI that doesn't pollute the film's stunning visuals. I would be lying if I said this isn't the most beautifully animated Japanese film I've seen since “Spirited Away”. If someone doesn't feel attracted to the story or its characters (which I find to be practically impossible), that person would probably go through the ending because of the visuals. It's such an aesthetically perfect film that I simply don't understand the Academy's decision to not nominate it for Best Animated Feature (maybe it's because it was only released in 2020 in the US, making it ineligible to be in this year's ceremony. However, it may have a bigger chance of being nominated at next year's award season, so, fingers crossed.). It's a very well edited film. It has a few moments where the screen goes black for a small period of time, which would be favorable for an episodic adaptation of it, and that type of editing also helps the viewer to digest the story with a bigger comprehension. The soundtrack relies on both instrumental tracks and original songs by the group Radwimps, which also worked with Shinkai in “Your Name.”. The instrumental score sounds A LOT like something Joe Hisaishi would do for a Studio Ghibli film, with simply fantastic piano melodies. And the original songs are very addictive, and have lyrics that reveal the feelings of some of the characters, something very much alike what happened in Shinkai's previous film.)



Resumindo, “O Tempo com Você” é mais um triunfo de Makoto Shinkai. Repetindo a fórmula que fez de “Your Name.” um sucesso, mas de uma forma mais simples, o roteirista e diretor reforça seu talento inegável em criar histórias cativantes, personagens identificáveis, e visuais de tirar o fôlego. Se não for melhor do que “Your Name.”, pelo menos é tão bom quanto.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “Weathering with You” is another triumph by Makoto Shinkai. Repeating the formula that made “Your Name.” a success, only in a more simple way, the writer-director reinforces his undeniable talent in creating captivating stories, relatable characters, and breathtaking visuals. If it isn't better that “Your Name.”, at least it's as good as its predecessor.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)