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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, com a próxima parte da nossa postagem especial sobre animações diferentes. Na resenha de hoje, falarei sobre uma das animações mais aclamadas de todos os tempos (se não for A animação mais aclamada de todos os tempos). Sendo a única animação japonesa a vencer o Oscar de Melhor Filme de Animação, o filme em questão é uma mistura perfeita do realismo fantástico que permeia o trabalho do estúdio que o produziu. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “A Viagem de Chihiro”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, with the next part in our special post on different animated films. In today's review, I'll talk about one of the most acclaimed animated films of all time (it may also be THE most acclaimed animated film of all time). As the only Japanese animated film to have won the Oscar for Best Animated Feature Film, the movie I'm about to analyze is a perfect mix of the fantastic realism that dominates the body of work of the studio that produced it. So, without further ado, let's talk about “Spirited Away”. Let's go!)
O filme conta a história de Chihiro (voz original de Rumi Hiiragi), uma menina de 10 anos que viaja para um mundo repleto de espíritos, o que a leva a trabalhar em uma casa de banho administrada pela bruxa Yubaba (voz original de Mari Natsuki), com o objetivo de liberar seus pais de um feitiço que os transformou em porcos.
(The film tells the story of Chihiro (originally voiced by Rumi Hiiragi), a 10-year-old girl who travels to a world full of spirits, which leads her into working at a bathhouse run by the witch Yubaba (originally voiced by Mari Natsuki), with the objective of releasing her parents from a spell that turned them into pigs.)
Antes de falar sobre o filme em si (que, diga-se de passagem, é uma obra-prima), já começo dizendo que esse não é o tipo de animação que a Disney e a Pixar são conhecidos por terem feito. Na verdade, posso até dizer que a grande maioria dos filmes do Studio Ghibli, fundado pelos parceiros Hayao Miyazaki, Isao Takahata, Toshio Suzuki e Yasuyoshi Tokuma, podem ser considerados “anti-Disney”: ao invés de terem uma duração curta de 90 minutos, alguns dos filmes mais famosos do Ghibli têm mais de 2 horas de duração; os personagens são desenvolvidos de uma forma bem realista com o uso de elementos fantásticos; há um grande foco na ambientação dos filmes, com várias cenas se concentrando em destacar a natureza presente nas locações; o uso de métodos de animação tradicionais; a escrita do roteiro é feita a partir dos storyboards, de modo que ninguém sabe o final do filme até o último storyboard seja desenhado; e há um inesperado foco em momentos onde absolutamente nada de importante acontece, e esses acabam sendo alguns dos melhores momentos de uma obra do Studio Ghibli. A segunda coisa que gostaria de dizer é sobre a minha relação pessoal com “A Viagem de Chihiro”. Soube da grande fama que ele tem como animação e como filme em geral, então, com expectativas altíssimas, fui assisti-lo. Não passei da primeira hora. Alguns meses depois, tentei de novo. Parei na mesma parte. Mas, em 2018, meu interesse pelo trabalho do Studio Ghibli me levou a assistir alguns de seus outros filmes, como “Túmulo dos Vagalumes”, “Meu Amigo Totoro”, “Ponyo”, “Vidas ao Vento”, “O Castelo Animado” e “O Serviço de Entregas da Kiki”, e ao assistir cada uma dessas animações, eu fui me acostumando de pouco a pouco com o estilo de contar histórias do Studio Ghibli. Então, com esse conhecimento em mente, tentei assistir ao filme pela terceira vez. E aí, finalmente entendi porque “A Viagem de Chihiro” conseguiu cativar tantos públicos. O roteiro e a direção são do Hayao Miyazaki, responsável por alguns dos trabalhos mais famosos do estúdio, e aqui, ele consegue juntar todo o estilo característico que marcou as obras anteriores do Ghibli para contar uma história sobre amadurecimento e identidade, na qual a protagonista é desenvolvida de forma perfeita. Ao início do filme, Chihiro é apresentada como alguém que é completamente dependente dos pais, desastrada, e infantil. Ao longo da trama, situações decisivas e desafiadoras surgem para que ela consiga superá-las sem a ajuda de ninguém, tendo como resultado um amadurecimento drástico da personagem. É bem interessante comparar as atitudes da protagonista ao longo do filme: no início, ela é meio impaciente; ao final, ela consegue esperar pacientemente para algo acontecer. E uma das melhores coisas sobre “A Viagem de Chihiro” é que Miyazaki não tem nenhuma pressa em desenvolver a história. Você poderia pensar que, em alguns momentos da robusta duração de 125 minutos (2 horas e 5 minutos), a trama daria umas arrastadas desnecessárias. Mas o diretor não desperdiça um segundo em nada que não seja absolutamente necessário, resultando em um enredo altamente engajante, frenético, fantasioso (na melhor maneira possível) e até assustador, às vezes. Para os que ainda não foram apresentados ao incrível trabalho do Studio Ghibli (que está disponível quase que inteiramente na Netflix), aí vão duas dicas: assistam outros filmes mais curtos de Miyazaki antes de “A Viagem de Chihiro”, tais como “Meu Amigo Totoro”, “Ponyo” e “O Serviço de Entregas da Kiki”, para que consigam se acostumar com o estilo do estúdio e se desapeguem do padrão Disney de animações; e deem atenção ao silêncio que sempre está presente nos trabalhos do Ghibli, pois esses momentos, por mais insignificantes que pareçam ser, são essenciais para o desenvolvimento da trama e dos personagens. É isso.
(Before talking about the film itself (which, by the way, is a masterpiece), I'll start off by saying this isn't the type of animation Disney and Pixar are known for. Actually, it can be said that the great majority of the works from Studio Ghibli, founded by partners Hayao Miyazaki, Isao Takahata, Toshio Suzuki and Yasuyoshi Tokuma, can be considered as “anti-Disney”: rather than having a short 90-minute running time, some of Ghibli's most famous work is over 2 hours long; the characters are developed in a realistic way using fantastical elements; there is a great focus on the setting, with many scenes centering on highlighting the nature that dominates the places it's set in; the script is written through storyboards, in a way that no one knows how it's going to end until the final storyboard is drawn; and there's an unexpected focus on moments where absolutely nothing important happens, and those end up being some of the best moments in a Studio Ghibli film. The second thing I'd like to say is about my personal relationship with “Spirited Away”. I heard about the fame it has as an animated film and as a film in general, so, with the highest expectations, I watched it. Couldn't get past the first hour. A few months later, I tried again. Ended up stopping at the same part. But, in 2018, my interest on Ghibli's work led me into watching some of their other films, such as “Grave of the Fireflies”, “My Neighbor Totoro”, “Ponyo”, “The Wind Rises”, “Howl's Moving Castle” and “Kiki's Delivery Service”, and by watching each one of these movies, I got more used to Studio Ghibli's method of storytelling. So, with that in mind, I tried watching it for a third time. And then, I understood why “Spirited Away” has managed to captivate and move so many audiences. It is written and directed by Hayao Miyazaki, who is known for some of the studio's most famous work, and here, he manages to assemble everything that was a singular Ghibli characteristic to tell a story about identity and growing up, in which the main character is developed perfectly. When the film starts, Chihiro is introduced as someone who is entirely dependent on her parents, clumsy and childish. Throughout the plot, she is presented with decisive and challenging situations for her to overcome without anyone's help, with a drastic coming-of-age process as a result. It's quite interesting to observe her attitudes throughout the film: at first, she's shown as impatient; by the end, she is able to wait patiently for something to happen. And one of the best things about “Spirited Away” is that Miyazaki doesn't rush the story in any way. You could think that, at some times during its robust runtime of 125 minutes (2 hours and 5 minutes), the story would be dragged in unnecessary ways. But the director doesn't waste a single second on something that isn't absolutely necessary, resulting in a highly engaging, frenetic, whimsical (in the best way possible) and, sometimes, even creepy plot. For those who weren't introduced to the amazing work of Studio Ghibli (which, by the way, is almost entirely available for streaming [HBO Max in US territories; Netflix everywhere else]), I give you two tips: watch some of Miyazaki's shorter films before watching “Spirited Away”, like “My Neighbor Totoro”, “Ponyo” and “Kiki's Delivery Service”, so that you can get used to the studio's style and get unattached to the Disney standards of animation; and pay attention to the silence that is always present in the works of Ghibli, because those moments, as insignificant as they may seem, are essential for the plot and its characters to develop. That's it.)
Há muitos personagens marcantes nessa obra-prima de Hayao Miyazaki, mas o foco principal se concentra na protagonista, Chihiro. Como dito anteriormente, ela é desenvolvida de maneira perfeita, de modo que o espectador chega a pensar que a Chihiro do início e a do final são pessoas completamente diferentes. É simplesmente incrível ver como Miyazaki faz uso de elementos fantásticos e mitológicos para simbolizar tão puramente o amadurecimento de uma criança. Vários outros filmes de Miyazaki abordam alguns dos mesmos temas, mas aqui é onde o diretor lida com eles de maneira mais desenvolvida, em parte por causa da duração mais longa, se comparado com “Meu Amigo Totoro” e “O Serviço de Entregas da Kiki”, por exemplo. Os personagens fantasiosos são em si muito bem desenvolvidos, com cada um tendo uma conexão em particular com Chihiro, o que acaba levando à uma caracterização gradual mais profunda por parte da protagonista, que vai se tornando cada vez mais independente ao longo da trama.
(There are several famous characters in this Hayao Miyazaki masterpiece, but its main focus relies on its protagonist, Chihiro. As previously stated, she is developed perfectly, in a way that the viewer thinks that the Chihiro from the beginning and the one at the end are completely different people. It's simply amazing to see how Miyazaki uses fantasy and mythology elements to purely symbolize a child's coming-of-age. Several other Miyazaki films deal with some of the same themes, but here is where the director takes them in a more developed direction, partly because of its longer running time, if compared to “My Neighbor Totoro” and “Kiki's Delivery Service”, for example. The whimsical characters are very well developed themselves, with each one having a particular connection with Chihiro, which ends up leading to a deeper gradual characterization for the protagonist, who becomes more and more independent throughout the plot.)
Agora, se há algo que é imediatamente reconhecível em um filme do Studio Ghibli, é o visual. Como dito anteriormente, as histórias do Ghibli são elaboradas a partir dos storyboards, então, ao contrário do convencional, o visual, indiretamente, é a peça-chave para os filmes do estúdio serem produzidos. É uma pena que, até os dias de hoje, “A Viagem de Chihiro” tenha sido o único filme de animação japonês que ganhou o Oscar de Melhor Filme de Animação. Mas só pelo visual, dá pra ver que foi um Oscar merecidíssimo. Eu já vi muitas animações nos meus 20 anos de vida, e posso tranquilamente admitir que eu nunca vi algo parecido com “A Viagem de Chihiro”. A atenção aos mínimos detalhes no design dos personagens (as rugas no nariz da Yubaba) e das locações (a textura das portas no andar de cima da casa de banhos) é simplesmente impecável. O jeito que os animadores capturam as expressões que evocam emoção nos personagens é incomparável. Há um uso mínimo de CGI aqui, que casa com a animação tradicional característica do estúdio com bastante fluidez. Há várias sequências e quadros icônicos dentro dos enxugados 125 minutos de duração que são dignos de serem o próximo papel de parede do seu computador. Falando na duração, é um filme muito bem montado, não há nenhuma cena desnecessária aqui. E como a cereja no topo desse delicioso bolo, temos a sublime trilha sonora do Joe Hisaishi, que é uma maravilha à parte. Ela é fantástica por si só, e suas melodias servem como um complemento fantástico para algumas das cenas mais marcantes do filme. Os aspectos técnicos fazem de “A Viagem de Chihiro” algo tão calmo e suave de se testemunhar que assistir filmes do Studio Ghibli deveria ser classificado como terapia. (Risos)
(Now, if there's something that's immediately recognizable in a Studio Ghibli film, it's the visuals. As previously said, Ghibli stories are elaborated from the storyboards, so, as opposite to the conventional, the visuals, indirectly, are the key point for the studio's films to be produced. It's a real shame that, to this day, “Spirited Away” is the only Japanese animated film to have won the Oscar for Best Animated Feature Film. But just by looking at the visuals, you can see that it deserved that win. I've seen plenty of animated films in my 20 years, and I can safely say that I've never seen anything like “Spirited Away”. The incredible attention to specific details on the character design (the wrinkles in Yubaba's nose) and the settings (the texture of the doors on the upper floor of the bathhouse) is simply flawless. The way animators capture the emotional expressions in characters is incomparable. There's a minimal use of CGI here, which blends with the characteristic traditional animation very well. There are several iconic sequences and frames inside these well-done 125 minutes that are worthy of being your next desktop wallpaper. Speaking of the running time, it's a very well-edited film, there isn't one unnecessary scene here. And as the cherry on top of this delicious cake, there's the sublime score by Joe Hisaishi, which is a particular wonder. It is fantastic on its own, and its melodies are a fantastic complement to some of the film's most famous scenes. The technical aspects of “Spirited Away” make it something so calm and soothing to behold that watching Studio Ghibli films should be classified as therapy. (LOL))
Resumindo, “A Viagem de Chihiro” é uma obra-prima. É uma mistura de tudo que caracterizou o estilo visual e narrativo do Studio Ghibli até o momento de seu lançamento, e faz uso de métodos sensacionais de animação para contar uma história cativante sobre amadurecimento. É uma das melhores animações de todos os tempos, sem nenhuma sombra de dúvida.
Nota: 10 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “Spirited Away” is a masterpiece. It's a mix of everything that made Studio Ghibli's visual and narrative style famous by the time of its launch, and it uses sensational methods of animation to tell a captivating coming-of-age story. It is one of the best animated films of all time, without a shadow of a doubt.
I give it a 10 out of 10!!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
Fantástico!! Quero ver!!! Parabéns, pela resenha...
ResponderExcluirExcelente !!
ResponderExcluirEsse JP é fera msm 👏👏👏👏👏😀🤝
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