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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, mas não para dar continuidade à nossa postagem especial sobre animações diferentes. Estou aqui para falar de uma série que era BEM à frente de seu tempo, e ao mesmo tempo que ela intriga (e talvez confunde) o espectador, ela foi algo único e indubitavelmente revolucionário para sua época. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Twin Peaks”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, but not to continue with our special post on different animated films. I'm here to talk about a show that was WAY ahead of its time, and at the same time it intrigues (and maybe baffles) the viewer, it was something unique and undoubtedly revolutionary at the time it was released. So, without further ado, let's talk about “Twin Peaks”. Let's go!)
A série é ambientada na cidadezinha fictícia de Twin Peaks, que se vê abalada perante a morte chocante de Laura Palmer (Sheryl Lee), uma adolescente de 17 anos. Depois da população encontrar outra garota traumatizada, que supostamente estava com Laura no dia da sua morte, o FBI envia o Agente Especial Dale Cooper (Kyle MacLachlan) à Twin Peaks para investigar o caso, o que o leva a abrir portas para desvendar os mistérios sinistros que a cidade esconde em seu interior.
(The show is set in the fictional little town of Twin Peaks, which is shaken due to the shocking death of Laura Palmer (Sheryl Lee), a 17-year-old teenager. After the population finds another traumatized girl, who supposedly was with Laura at the day of her death, FBI sends Special Agent Dale Cooper (Kyle MacLachlan) to Twin Peaks to investigate the case, which leads him into opening doors to unravel the town's sinister mysteries, hidden in unexpected places.)
Antes de começar a falar sobre a série em si, devo ressaltar o fato que eu tentei assisti-la 3 vezes. Não conhecia o trabalho de David Lynch, diretor responsável pela co-criação de “Twin Peaks” com Mark Frost, e não estava acostumado com o estilo de cinema dele, que é bem peculiar, para não usar outras palavras. Depois de assistir aos seus filmes “Veludo Azul” (que é, provavelmente, um dos filmes mais acessíveis dele) e “Cidade dos Sonhos” (que foi considerado o melhor filme do séc. XXI até agora), finalmente consegui pegar o jeito da série, a qual eu assisti com os meus pais. Diferente da terceira temporada (lançada 26 anos depois da leva original da série), que foi inteiramente escrita por seus criadores e dirigida por Lynch, as primeiras duas temporadas contaram com o auxílio de vários outros roteiristas e diretores, resultando em um tom que transita entre vários gêneros, como drama, mistério, romance, terror e até comédia. A série, inicialmente, segue uma linha de pensamento muito parecida com a grande maioria de séries policiais da atualidade. Tem um assassinato, e aí, policiais e agentes são enviados pra investigar, tudo isso e mais um pouco. Mas ao longo da primeira temporada, somos apresentados ao estilo surreal de David Lynch, com direito à cenas de sonho completamente viajadas, e visuais vibrantes e hipnotizantes. E esses tipos de cenas, por mais que venham a confundir o espectador, o persuadem a continuar assistindo. Os personagens são muito bem desenvolvidos, cada uma das figuras principais tem muita personalidade, especialmente o protagonista, que nos faz sorrir em cada cena que ele aparece. A primeira temporada termina em um suspense perfeito para a segunda, e é aí que as coisas começam a complicar. A partir de sua segunda metade, várias subtramas que são quase que totalmente desconexas do foco principal da história são apresentadas, a ponto delas ficarem até melodramáticas quando levadas mais à fundo. Mas não foram essas coisas que fizeram de “Twin Peaks” um marco absoluto na história da televisão. A razão de eu ter falado que essa série era à frente de seu tempo era porque ela apresentava aspectos da sétima arte que só iriam se popularizar muito tempo depois. Nos anos 1990, o gênero de terror slasher (Pânico, Halloween, Sexta-Feira 13), que faz uso das situações mais grotescas para despertar o medo do espectador, estava sendo ressuscitado. Mas esse tipo de terror não é presente na obra de Lynch e Frost. Os roteiristas criam a sensação de medo por meio da atmosfera e do incômodo psicológico (algo que a A24 só iria fazer 20 anos depois, com filmes como “Hereditário”, “Midsommar” e “A Bruxa”), e eles fazem isso de forma perfeita através de um de seus antagonistas principais (uma das cenas assustadoras mais icônicas da série é essencialmente construída pela atmosfera e aperfeiçoada pelo jeito que ela é montada, a qual vocês podem assistir aqui: https://www.youtube.com/watch?v=R3tIgaJ1j7w). Outro aspecto que marcou “Twin Peaks”, e por consequência, serviu de influência para várias outras obras, é a complexidade de seu enredo. Se vocês pensam que “Dark” foi complexo, cheguem ao final da leva original de 29 episódios de “Twin Peaks” e tentem me explicar. Lynch e Frost criaram uma mitologia complexa e tão elaborada 30 anos atrás que, até os dias de hoje, existem vários vídeos no YouTube explicando cada simbolismo e cada mistério não-resolvido da série, com o auxílio de materiais oficiais lançados após o final da transmissão da mesma. Uma coisa que causou muita divisão por parte do público e da crítica foi o final, o infame vigésimo-nono episódio, dirigido por Lynch. Não vou negar, os 15 minutos finais desse episódio são confusos, do tipo que te fazem gritar “MAS O QUE DIABOS EU ACABEI DE ASSISTIR?” quando os créditos começam. Se a terceira temporada, lançada em 2017, não existisse, eu ficaria mais perplexo do que satisfeito com o final da leva original de “Twin Peaks”. Mas, já que existe, é um final complexo, surreal, único e perfeito que deixa um baita suspense e algumas pontas soltas para serem amarradas na próxima temporada.
(Before I start talking about the show itself, I must say that I tried watching it 3 times. I wasn't familiar with the work of David Lynch, who is responsible for co-creating “Twin Peaks” with Mark Frost, nor was I used to his cinematic style, which is very peculiar, to not say other words. After watching his films “Blue Velvet” (which is likely one of his most accessible movies) and “Mulholland Drive” (which was considered the best film of the 21st century), I finally got along with its plot, watching it with my parents. Unlike its third season (released 26 years after its original run), which was entirely written by its creators and directed by Lynch, its first two seasons had the help of several other writers and directors, resulting in a tone that borrows from several genres, like drama, mystery, romance, horror and even comedy. It initially follows the same train of thought of most police procedural-serial killer shows nowadays. There's a murder, and then, cops and government agents investigate, all that and then some. But throughout the first season, we are introduced to David Lynch's surreal style, with utterly nonsensical dream sequences, and vibrant, hypnotic visuals. And those types of scenes, as much as they may baffle the viewer, they persuade him to continue watching it. The characters are very well developed, each one of the main characters has loads of personality, especially its protagonist, who makes us smile in every scene he's in. The first season ends on a perfect cliffhanger to the second one, and that's where things start to get a little more complicated. In its second half, several subplots that seem almost entirely disconnected to the main focus of the story are presented to the viewer, and they can get very melodramatic when they are explored on a deeper level. But that's not what made “Twin Peaks” an absolute turning point in the history of television. The reason why I stated it was ahead of its time is because it introduced cinematic aspects that would only get popular at a later point in time. In the 1990s, the slasher horror genre (Scream, Halloween, Friday the 13th), which makes use of gory situations to awaken the viewer's fear, was on the rise again. But that kind of horror isn't in Frost and Lynch's work. The screenwriters create the feeling of fear through the atmosphere and psychological unsettlement (something A24 would only do 20 years later, with films like “Hereditary”, “Midsommar” and “The Witch”), and they do that perfectly through one of its main antagonists (one of the show's most iconic scary scenes is essentially built through the atmosphere and perfected by the way it was put together, and you can watch it here: https://www.youtube.com/watch?v=R3tIgaJ1j7w). Another aspect that cemented “Twin Peaks” as a television landmark, and consequently, served as an influence to later works, was the complexity of its plot. If you think “Dark” was complex, try getting all the way through the end of “Twin Peaks”'s original 29-episode run and try to explain it to me. Lynch and Frost created a mythology that's so rich and elaborated 30 years ago, that, to this day, there are several videos on YouTube explaining its symbolisms and unsolved mysteries, with the aid of official media released after its original run. One thing that polarized viewers and critics was its ending, the infamous twenty-ninth episode, which was directed by Lynch. I won't deny it, the final 15 minutes are confusing, to the point where you scream “WHAT THE HELL DID I JUST WATCH?” when the credits start rolling. If the third season, released in 2017, didn't exist, the finale would've left me more perplexed than satisfied. But as it exists, it is a complex, surreal, unique and perfect ending that leaves one hell of a cliffhanger and a few loose points to be clarified in the following batch of episodes.)
O elenco dessa série tem várias pessoas que brilham, e outras que nem tanto. Começando pelo Kyle MacLachlan, que interpreta o icônico Dale Cooper. Ele é simplesmente perfeito no papel, de modo que eu não vejo absolutamente mais ninguém interpretando esse personagem do que MacLachlan. Ele é carismático, engraçado, mas também consegue ter uma profundidade emocional bem impressionante. Ele tem muita química com os personagens do Michael Ontkean e da Sherilyn Fenn, que também estão fantásticos em seus papéis. Para não deixar a série muito sombria, ela conta com vários alívios cômicos: Harry Goaz, Kimmy Robertson, David Duchovny, Ian Buchanan, Wendy Robie, o próprio David Lynch, entre outros. Há papéis coadjuvantes memoráveis nas performances de Mädchen Amick, Dana Ashbrook, Sheryl Lee, Michael Horse, Richard Beymer, Lara Flynn Boyle, Piper Laurie, Jack Nance, Ray Wise, Miguel Ferrer e um enorme elenco. E o programa acha vilões ameaçadores e personagens sobrenaturais através de Eric Da Re, Frank Silva, Carel Struycken, Michael J. Anderson, Catherine E. Coulson e Kenneth Welsh. Eu sinceramente não gostei da performance nem da personagem da Joan Chen. Achei ela bem sem sal, e em vez de ser um personagem crucial pra trama, ela só parece um instrumento para levar os arcos de outros personagens para frente.
(This show's cast has several shining stars, and some that don't shine as much. Starting off with Kyle MacLachlan, who plays the iconic Dale Cooper. He's simply perfect in the role, in a way that I can't see anybody else playing him other than MacLachlan. He's charismatic, funny, but also manages to have a very impressive emotional depth. He has plenty of chemistry with Michael Ontkean and Sherilyn Fenn's characters, who are also fantastic. To lighten up the tone of the show, it relies on several comic reliefs: Harry Goaz, Kimmy Robertson, David Duchovny, Ian Buchanan, Wendy Robie, David Lynch himself, among others. There are memorable supporting roles in the performances by Mädchen Amick, Dana Ashbrook, Sheryl Lee, Michael Horse, Richard Beymer, Lara Flynn Boyle, Piper Laurie, Jack Nance, Ray Wise, Miguel Ferrer and one hell of a cast. And the show finds threatening villains and supernatural characters through Eric Da Re, Frank Silva, Carel Struycken, Michael J. Anderson, Catherine E. Coulson and Kenneth Welsh. I honestly didn't like Joan Chen's performance or her character. I found her to be pretty insipid, and instead of being a crucial character to the plot, she just seems like an instrument to move other character arcs forward.)
Outra coisa que marcou “Twin Peaks” foram os aspectos técnicos, mais notavelmente a direção de arte e a montagem, que foram altamente cruciais para a construção da atmosfera da série. Por fora, Twin Peaks é mostrada como uma cidade pacata e aconchegante, com tons mais apagados, onde quase nada de importante acontece; aí aparecem alguns tons mais vibrantes e chamativos em lugares onde literalmente tudo pode acontecer. A montagem é friamente calculada para não diminuir ou banalizar o impacto que algumas cenas querem causar no espectador, e funciona perfeitamente. A fotografia é muito linda, com várias sequências enfatizando a natureza do local, com cachoeiras e nevoeiros. E como a cereja no topo desse bolo esteticamente perfeito, temos a trilha sonora do Angelo Badalamenti, que é simplesmente sublime. A música de abertura é icônica, o tema da Laura Palmer é melancólico e lindo, e as faixas realmente ajudam a reforçar a atmosfera ou o impacto de algumas cenas, o que é sempre bom, no meu ponto de vista.
(Another thing that marked “Twin Peaks” were the technical aspects, most notably its art direction and editing, which were highly essential for its construction of atmosphere. Outside, Twin Peaks is shown as a quiet, cozy little town, with toned down tones, where almost nothing important happens; then some more vibrant, attractive tones show up in places where literally anything can happen. The editing is coldly calculated to not diminish or banalize the impact some scenes want to create on the viewer, and it works perfectly. The cinematography is really beautiful, with several sequences focusing on the nature of the setting, with waterfalls and mists. And as the cherry on the top of this aesthetically perfect cake, there's Angelo Badalamenti's score, which is simply sublime. The opening theme is iconic, Laura Palmer's theme is melancholic and beautiful, and the tracks really help reinforcing the atmosphere or the impact of a few scenes, which is always good, in my point of view.)
Resumindo, “Twin Peaks” é uma obra-prima à frente de seu tempo. Com um enredo complexo, um elenco estelar, e aspectos técnicos de primeira linha, David Lynch e Mark Frost criam um quebra-cabeça surreal em 29 episódios, estreando aspectos cinematográficos que ficariam populares atualmente, e deixando o espectador boquiaberto em sua conclusão, seja por fascínio ou confusão. Ou os dois.
Nota: 9,5 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “Twin Peaks” is a masterpiece ahead of its time. With a complex plot, a stellar cast, and top-notch technical aspects, David Lynch and Mark Frost create a surreal puzzle in 29 episodes, introducing cinematic aspects which would get popular nowadays, and leaving the viewer's jaw dropped by its conclusion, either because of fascination or confusion. Or both.
I give it a 9,5 out of 10!!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
Lendo seus comentários deu vontade d assistir! 👏👏👏👏😀
ResponderExcluirExcelente, JPII.gostei do detalhe da fotografia.
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