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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para trazer a próxima parte da nossa postagem especial sobre obras de animação diferenciadas. Criada por uma das vozes mais criativas no mercado atualmente, a obra em questão consegue balancear perfeitamente a brutalidade e a beleza presentes em seu universo fictício, sendo um tremendo feito para a animação adulta. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Primal”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to bring the next part in our special post on different works of animation. Created by one of the most creative voices on the market currently, the work I'm about to analyze manages to perfectly balance the omnipresent brutality and beauty in its fictional universe, being a tremendous feat for adult animation. So, without further ado, let's talk about “Primal”. Let's go!)
Ambientado em um mundo pré-histórico, a série gira em torno de um homem das cavernas que, devido à circunstâncias trágicas, encontra uma parceria improvável com um Tiranossauro Rex, o qual passou por situações similares. Juntos, eles lutarão pela sobrevivência em meio à um mundo brutal, repleto de animais ferozes e ameaças desconhecidas, o que vai aproximando os dois no processo.
(Set in a prehistorical world, the series revolves around a caveman who, due to tragic circumstances, finds an unlikely partnership with a Tyranossaurus Rex, who went through similar situations. Together, they will fight for survival in a brutal world, filled with fearsome animals and unknown threats, which slowly brings the two closer in the process.)
Ouvi falar de “Primal” pela primeira vez ao descobrir que uma compilação de seus primeiros quatro episódios estava na reta final para ser indicada ao Oscar de Melhor Filme de Animação, o que acabou não se concretizando. Pesquisei um pouco mais sobre a série, e vi que ela tinha sido criada pelo Genndy Tartakovsky. Agora, vocês me perguntam: “Quem diabos é Genndy Tartakovsky?”. Ele não é ninguém mais, ninguém menos do que a pessoa que criou as aclamadas séries “O Laboratório de Dexter” e “Samurai Jack” para o canal de TV Cartoon Network, além de ser o diretor dos três primeiros filmes da franquia de sucesso “Hotel Transilvânia”. Não gastei tempo vendo trailers, e já baixei os cinco primeiros episódios, lançados no ano passado. (O restante da temporada terminou de ser exibida nos EUA no início do mês.) E eu estaria mentindo se dissesse que “Primal” não é um dos melhores exemplos de obras de animação direcionadas para o público adulto. Provavelmente motivado pelo sucesso da última temporada de “Samurai Jack”, elogiada pelo tom mais maduro e pela violência constante presente nos episódios, Tartakovsky deixou a imaginação correr solta na sua mais nova obra, que contém cenas extremamente violentas, as quais deixariam Quentin Tarantino com uma inveja santa. Mas tais sequências, por mais sangrentas que pareçam ser, possuem um propósito. Elas não são gratuitas, pelo contrário, elas estão lá para mostrar as dificuldades e os obstáculos que os protagonistas precisam ultrapassar para sobreviverem. A violência está na espinha dorsal da premissa de “Primal”, e tenho certeza que a obra não teria surtido o mesmo efeito se ela não fosse usada. Os roteiros da série, escritos por Tartakovsky e sua equipe, conseguem fazer com que seus 10 episódios de aproximadamente 30 minutos cada funcionem muito bem como aventuras solo, já que não é estabelecida muita continuidade entre elas, salvo algumas exceções na reta final de cada leva de 5 capítulos. Mas é inegável que “Primal” certamente se torna algo mais significativo ao ser levado em conta como um conjunto de eventos conectados. É bem interessante como as quebras de expectativa são usadas durante os episódios. É possível dizer que eles começam com um evento relativamente pacífico, que oferece tempo para que o espectador se delicie com a beleza do mundo mostrado na tela. E aí, algo inesperadamente violento acontece, mostrando a outra face desse mesmo mundo. E a série consegue equilibrar perfeitamente esses momentos mais contemplativos com as partes violentas. Posso até chegar a comparar o universo fictício de “Primal” com o de “The Last of Us”: a violência e a brutalidade são os instrumentos da empresa para vender a obra e chamar a atenção do público-alvo, mas debaixo dessa superfície, há algo bem mais profundo e belo a ser apreciado, que por completa coincidência, é a mesma coisa nos dois casos: estudos sobre a natureza humana, perda, evolução, confiança e afeição. E, assim como o aclamado videogame, “Primal” consegue manter os seus pés fincados na realidade, mesmo experimentando com os mais variados gêneros, da fantasia até o terror. Mal posso esperar pelo que Tartakovsky tem planejado para a já confirmada segunda temporada.
(I first heard about “Primal” when finding out that a compilation of its first four episodes was on its way to being nominated for the Oscar for Best Animated Feature, which ended up not happening. I researched a little bit more about it, and read that it was created by Genndy Tartakovsky. Now, you may ask: “Who the hell is Genndy Tartakovsky?”. He's nothing more, nothing less than the person who created the acclaimed TV shows “Dexter's Laboratory” and “Samurai Jack” for Cartoon Network, and directed the first three films in the highly successful “Hotel Transylvania” franchise. I didn't waste my time watching trailers, and downloaded its first 5 episodes, which were released last year. (The rest of the season finished its run in the US earlier this month.) And I would be lying if I said that “Primal” isn't one of the finest examples of works of animations specifically directed towards an adult audience. Probably motivated by the success of Samurai Jack's final season, which was praised by its more mature tone and violence, Tartakovsky let his imagination run free in his latest work, which contains extremely violent scenes. Scenes so violent, they would make Quentin Tarantino jealous. But these sequences, as bloody and gory as they may seem, have a purpose. They aren't gratuitous, on the contrary, they're there to show the difficulties and obstacles the protagonists need to overcome in order for them to survive. Violence is in the DNA of “Primal”, and I'm sure that it wouldn't cause the same effect on the viewer if it ended up unused. The series' screenplays, written by Tartakovsky and his staff, manage to make its 10 30-minute episodes work really well as solo adventures, as not much continuity is established between them, except for a few cases in the final episodes in each 5-episode run. But it's undeniable that “Primal” becomes something much more significant when dealt with as a collection of interconnected events. It's quite interesting how the screenplays play with the viewer's expectations in the episodes. It can be said that all of them start with a relatively peaceful event, which offers the viewer time to immerse themselves into the fictional universe's beauty, shown onscreen. And then, something unexpectedly violent happens, showing the universe's other face. And the show manages to balance these contemplative moments with the violent scenes really well. I can even compare the fictional universe of “Primal” with that of “The Last of Us”: the violence and the brutality are what the company uses to sell the work and get the target audience's attention, but under that surface, there's something far deeper and more beautiful to be appreciated, which by a complete coincidence, is the same thing on both cases: studies on human nature, loss, evolution, trust, and affection. And, as it happens with the acclaimed videogame, “Primal” manages to keep its feet on the ground, even when playing with a wide variety of genres, from fantasy to full-on horror. I can't wait for what Tartakovsky has in store for its already confirmed second season.)
Há um detalhe bem interessante no desenvolvimento dos protagonistas de “Primal”: em muitos filmes e séries, pode-se dizer que os personagens se desenvolvem mais profundamente através do diálogo. Mas Genndy Tartakovsky faz a jogada genial de excluir completamente o diálogo de sua nova obra, fazendo das ações dos personagens principais a principal fonte para o desenvolvimento deles. Voltando à minha comparação anterior com o videogame “The Last of Us”, o foco principal da história de “Primal” é a relação entre os dois protagonistas. E a série faz um ótimo trabalho em evoluir gradativamente essa relação, de uma forma bem lenta, um passo de cada vez. E adivinhem qual é uma das principais formas que os roteiristas usam para aprimorar essa improvável conexão? Isso mesmo, a violência. Cabeças rolando, corpos se partindo ao meio com uma dentada, animais virando espetinhos de lança, tripas voando pra tudo quanto é lado. A violência é basicamente a língua que os dois compartilham, e é através dela que eles criam um senso de dependência em relação ao outro. Mas novamente, os momentos mais calmos e contemplativos também trazem benefícios para a relação deles. Tem um episódio em particular que só fica violento perto do final, e nós, como espectadores, nem nos importamos, porque o que é nos mostrado na tela nos cativa e nos motiva a continuar assistindo para ver aonde aquilo vai dar. Claro, pra não ficar sombrio demais, há alguns momentos mais leves, que rendem boas risadas e também colaboram para uma maior aproximação entre o espectador e os protagonistas.
(There's a very interesting detail when it comes to how “Primal” develops its main characters: in many films and TV shows, it can be said that characters reach a deeper development through dialogue. But Genndy Tartakovsky makes the genius move of completely removing dialogue from his latest work, turning the main characters' actions into the main source for their development. Returning to my previous comparison with “The Last of Us”, the main focus of “Primal”'s narrative is the relationship between the two protagonists. And the show does a great job in gradually evolving that relationship, in a really slow, one-step-at-a-time way. And guess what's one of the main ways the screenwriters use to improve on this unlikely connection? That's right, violence. Heads rolling, bodies splitting in half with one move of jaws, animals turning into spear shish-kebabs, guts flying here, there and everywhere. Violence is basically the language they both share, and it's through it that they create a sense of dependence with each other. But once again, the more calm and contemplative moments also bring lots of benefits to their relationship. There's a particular episode that only gets violent near the end, and we, as viewers, don't even care, because what's shown to us onscreen manages to captivate and motivate us to keep watching to see where that's heading. Of course, there are some lighter moments that result in a few good laughs and collaborate for a bigger approximation between the viewer and the main characters, so it doesn't get too dark.)
Agora, vamos a um dos principais triunfos da série: os aspectos técnicos. Se alguém me dizer que só através do CGI é possível obter uma gama de detalhes, eu já vou ter duas cartas na manga: os filmes do Studio Ghibli e “Primal”. Acho que nem dá pra exprimir em palavras o quão bonita, vibrante, e vistosa essa animação tradicional é. A natureza do universo fictício é especialmente ressaltada aqui: as árvores, as paisagens, os ecossistemas, é tudo extraordinariamente bem feito, parecendo uma pintura de aquarela. As expressões dos personagens são muito realistas, especialmente as do homem das cavernas, cujo corpo é repleto de detalhes. Detalhes que vão do suor que cai da testa dele até pequenos defeitos nas unhas de suas enormes mãos. O design dos “vilões” (mais conhecidos como “criaturas” que os personagens enfrentam em cada episódio) é surpreendentemente assustador. Chega até a dar um frio na espinha. As cenas de ação são muito bem animadas. São frenéticas, realistas, e como dito anteriormente, extremamente e gloriosamente violentas. E um detalhe legal é que elas ficam cada vez mais absurdas e chocantes no decorrer dos 10 episódios. A montagem de cada episódio é muito precisa, sabendo exatamente onde cortar e onde prolongar mais um pouco. A trilha sonora do Tyler Bates e da Joanne Higginbottom combina perfeitamente com a vibe da premissa, com tambores primitivos durante as cenas mais tensas e sons de ambiente nas cenas mais contemplativas. Resumindo, tecnicamente, “Primal” é uma tremenda obra-prima.
(Now, let's move onto one of the show's biggest triumphs: the technical aspects. If someone tells me you can only reach details through CGI, I'll already have two counterproposals: the Studio Ghibli films and “Primal”. I don't think I can even put into words how beautiful, vibrant, and luscious this traditional animation is. The nature of the fictional universe is especially reinforced here: the trees, the landscapes, the ecosystems, it's all extraordinarily well-done, almost like a watercolor painting. The characters' expressions are really realistic, especially the ones from the caveman, whose body is filled with details. Details that go from the sweat dripping from his forehead to tiny nicks in his enormous fingernails. The design of the “villains” (more known as the “creatures” the characters face off in each episode) is surprisingly creepy. It's even spine-chilling. The action scenes are really well animated. They are fast-paced, realistic, and as previously stated, extremely and gloriously violent. And a nice detail is they get more absurd and shocking as the show's 10 episodes move forward. The editing in each episode is really precise, knowing exactly when to cut and when to make things a little bit longer. Tyler Bates and Joanne Higginbottom's score perfectly fits the plot's vibe, with primitive percussion in the more tense scenes and ambient sounds in the more contemplative scenes. In a nutshell, technically, “Primal” is a flat-out masterpiece.)
Resumindo, “Primal” é um feito extraordinário para a animação direcionada ao público adulto. Mesmo sem diálogos, Genndy Tartakovsky e sua equipe incrivelmente talentosa conseguem contar uma história ao mesmo tempo brutal e tocante, com personagens multidimensionais, cenas de ação de tirar o fôlego, e um método de animação tradicional irretocavelmente detalhado.
Nota: 10 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “Primal” is an extraordinary feat for adult-oriented animation. Even without dialogue, Genndy Tartakovsky and his incredibly talented team manage to tell a story that's both brutal and moving, with multilayered characters, breathtaking action scenes, and a flawlessly detailed method of traditional animation.
I give it a 10 out of 10!!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
Quero ver!! Parabéns 👏👏
ResponderExcluirExcelente!!
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