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sábado, 6 de março de 2021

"WandaVision": o projeto mais ambicioso, original e inventivo da Marvel até agora (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre a série mais comentada do momento! A primeira produção televisiva do Universo Cinematográfico da Marvel (feita exclusivamente para o Disney+) e o ponto de partida para a próxima leva de filmes pós-Saga do Infinito, a série em questão é o projeto mais ambicioso, arriscado, original e inventivo da Marvel nesses 13 anos de universo cinematográfico, e oferece uma análise psicológica perfeita de uma das personagens mais poderosas do estúdio. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “WandaVision”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about the most discussed TV show right now! The first television production in the Marvel Cinematic Universe (made exclusively for Disney+) and the starting point for the next batch of post-Infinity Saga films, the show I'm about to analyze is the most ambitious, risky, original and inventive project Marvel has ever done in these 13 years of cinematic universe, and offers a perfect psychological analysis of one of the studio's most powerful characters. So, without further ado, let's talk about “WandaVision”. Let's go!)



Ambientado 3 semanas após os eventos de “Vingadores: Ultimato”, a minissérie acompanha Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany), um casal de super-heróis que se muda para a pacata cidade de Westview, no estado de Nova Jersey, em uma tentativa de ocultarem suas verdadeiras identidades e habilidades. Com a passagem do tempo, Wanda e Visão se deparam com eventos inesperados, que ameaçam perturbar a paz desejada pelo casal.

(Set three weeks after the events of “Avengers: Endgame”, the miniseries follows Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) and the Vision (Paul Bettany), a newlywed couple of superheroes who move to the quiet city of Westview, in the state of New Jersey, in an attempt of hiding their true identities and abilities. As time goes by, Wanda and Vision begin facing unexpected events, which threaten to disturb the couple's desired peace.)



[Atenção: essa seção em particular contém spoilers de “Capitão América 2: O Soldado Invernal”; “Vingadores: Era de Ultron”; “Capitão América: Guerra Civil” e “Vingadores: Guerra Infinita”.]

Eu, assim como muitos, fui tomado pela curiosidade ao descobrir que a Feiticeira Escarlate e o Visão ganhariam uma série derivada de comédia, que seria ambientada no Universo Cinematográfico da Marvel. Várias perguntas foram levantadas na minha cabeça, particularmente devido aos eventos trágicos de “Vingadores: Guerra Infinita”, onde vemos claramente o Visão morrer. Duas vezes! Depois, vieram as primeiras artes conceituais, que mostravam os dois protagonistas em um cenário de sitcom dos anos 1950, e o negócio ficou cada vez mais esquisito. Aí, no início de 2020, durante o Super Bowl, veio o comercial que iria aumentar as minhas expectativas para “WandaVision” drasticamente. Misturado com partes já filmadas das vindouras séries “O Falcão e o Soldado Invernal” e “Loki”, as porções divulgadas da minissérie em questão foram o verdadeiro destaque, para mim. Especialmente pela razão de ser completamente diferente do que estamos acostumados a ver, em relação ao restante das obras da Marvel. Parecia original, ambicioso, inventivo, e esquisito (no bom sentido), me lembrando muito da vibe de “Legion”, série criada por Noah Hawley (criador de “Fargo”), que conta a história de um mutante com transtornos de dissociação de identidade. Minhas expectativas só foram aumentando quando mais materiais promocionais foram divulgados ao público, e quando o produtor Kevin Feige anunciou que o enredo da minissérie teria conexões narrativas com as tramas de “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” e do vindouro terceiro filme do Homem-Aranha, intitulado “No Way Home”, eu falei pra mim mesmo: “Pronto. Tá aí a coisa que eu tô mais esperando nesse universo cinematográfico da Marvel.”. Fico muito feliz em dizer que eu não me decepcionei com a minissérie, nem um pouco. Supervisionado pela roteirista Jac Schaeffer (que também é autora do roteiro do vindouro “Viúva Negra”), “WandaVision” faz um trabalho primoroso em estabelecimento de tom. Já digo com antecedência: em seus primeiros episódios, a série não tem aquelas cenas de ação que o espectador comum de filmes da Marvel geralmente espera. Em vez disso, somos presenteados com uma aura sufocante de mistério que gera várias perguntas ao final de cada episódio e que, ao decorrer da trama, são respectivamente respondidas. Feige e Schaeffer não poderiam ter escolhido um gênero melhor para explorar essas mudanças de tom do que a sitcom (comédia situacional), especialmente as dos anos 1950 e 1960, onde tudo é bem estereotipado, não tem nenhuma reviravolta narrativa e até as próprias falas parecem telegrafadas. Ou seja, é um cenário “perfeito”, o que transforma as surpresas do roteiro de “WandaVision” em algo totalmente inesperado e até sinistro, às vezes, despertando no espectador o senso de que há alguma coisa muito errada com a ambientação da história. Não é algo que, à primeira vista, agradará todos os espectadores acostumados com a ação e a computação gráfica presente nas outras obras do estúdio, mas altamente recomendo que assistam à série com paciência, porque serão ricamente recompensados ao longo da trama, que conta com episódios primordialmente explicativos entre os episódios mais “surreais”. Outro destaque do roteiro de “WandaVision” é a possibilidade do enredo trazer novos espectadores e fãs iniciantes para a mitologia desse universo. Se você, que está lendo essa resenha, nunca viu um filme da Marvel, “WandaVision” é um possível ponto de partida para começar a se envolver com esses personagens. A série faz um trabalho excepcional de introdução dos protagonistas, mesmo que eles já tenham sido introduzidos em obras anteriores da Marvel, e oferece uma série de flashbacks que ambientarão o espectador perfeitamente nas histórias de fundo da Wanda e do Visão. (Minha mãe, que nunca viu um filme da Marvel na vida inteira dela, assistiu à série e adorou!) Mas o real presente que o enredo de “WandaVision” oferece é a mudança de abordagem da fórmula pré-estabelecida do estúdio, transformando a série no mais próximo que a Marvel estará de fazer um estudo de personagem. E não há personagem melhor para dedicar tal estudo do que a Feiticeira Escarlate, que viveu uma vida extremamente problemática e traumatizante ao longo de seu arco narrativo no UCM. Introduzida na cena pós-créditos de “Capitão América 2: O Soldado Invernal”, Wanda Maximoff perdeu os pais na infância, como consequência de um bombardeio em Sokovia que usou mísseis das Indústrias Stark; sofreu como cobaia de experimentos feitos por uma organização neo-nazista; perdeu a única família que lhe restou na forma de Pietro, seu irmão, em “Vingadores: Era de Ultron”; acidentalmente destruiu um hospital de refugiados em Lagos, tirando inúmeras vidas e traumatizando-a profundamente em “Capitão América: Guerra Civil”, e perdeu o amor de sua vida (duas vezes) em “Vingadores: Guerra Infinita”. Só esse pano de fundo dá a Schaeffer e sua equipe de roteiristas uma enorme quantidade de temas para abordar, mais especialmente o luto, a perda e o trauma. A série faz um equilíbrio perfeito entre momentos engraçados e outros um pouco mais sérios, que nos permitem ver através da superfície da estrutura de sitcoms e realmente compreender a protagonista, tornando-a cada vez mais humana. Isso provavelmente é o maior trunfo de “WandaVision”: a minissérie dedica a trama para aprofundar no desenvolvimento de seus dois protagonistas, que não receberam o destaque necessário nos filmes, o que, por consequência, os torna mais humanos, ao ponto que nós não os vemos como somente seres com super-poderes, mas passamos à vê-los como pessoas não tão diferentes assim de nós mesmos. Pessoas que passam pelas mesmas coisas que cada um de nós passou ou ainda vai passar, por mais poderosos e sobrenaturais que possam ser, essencialmente. Eu, particularmente, gostei bastante do final. Não fiz teoria nenhuma e, por consequência, achei o final propriamente adequado, fechando o arco narrativo da protagonista e, ao mesmo tempo, abrindo novas portas para o futuro, que me parece bastante promissor.

([Attention: this particular section contains spoilers from “Captain America: The Winter Soldier”, “Avengers: Age of Ultron”, “Captain America: Civil War”, and “Avengers: Infinity War”.]

I, just like many, was taken by curiosity when finding out that Scarlet Witch and the Vision would be starring in a spin-off comedy series, which would be set inside the Marvel Cinematic Universe. Several questions were coming up in my head, particularly due to the tragic events of “Avengers: Infinity War”, where we clearly saw Vision die. Twice! Then, came the first conceptual art pieces, which showed the two main characters in a 1950s sitcom setting, and everything got a little weirder. Then, in early 2020, during the Super Bowl, the trailer that would put my expectations for “WandaVision” on a drastically high level arrived. Mixed with already-filmed parts of the upcoming shows “The Falcon and the Winter Soldier” and “Loki”, the shown footage of the show analyzed in this review stood out as a highlight, for me. Especially because it seemed so different from what we would expect to see, in comparison with Marvel Studios's previous work. It seemed original, ambitious, inventive, and weird (in a good way), reminding me a lot of the vibe in “Legion”, a show created by Noah Hawley (creator of “Fargo”), which tells the story of a mutant with dissociative identity disorder. My expectations were only getting higher due to the promotional material that got released since then, and when producer Kevin Feige had announced that the plot of the minisseries would be narratively connected to those of “Doctor Strange in the Multiverse of Madness” and the third Spider-Man film, now titled “No Way Home”, I said to myself: “That's it. That's the thing I'm most excited to see in this Marvel cinematic universe.”. I am really glad to say that I wasn't disappointed with the show, in any way. Supervised by head writer Jac Schaeffer (who also penned the screenplay for the upcoming “Black Widow”), “WandaVision” does a spectacular job in establishing tone. I'll already say this upfront: in its first episodes, it doesn't have that show-stopping action we've come to expect from something Marvel-related. Instead, we are gifted with a suffocating aura of mystery and suspense that triggers several questions at the end of each episode, and that, throughout the plot, are respectively answered. Feige and Schaeffer could not have chosen a better genre to explore these tonal shifts than the sitcom, especially the ones from the 1950s and 1960s, where everything is stereotyped, there aren't any narrative twists, and even the dialogue cues seem perfectly timed. Meaning, it's a “perfect” scenario, which transforms the surprises in the plot of “WandaVision” all the more unexpected and even ominous sometimes, sparking up a feeling in the viewer that there is something really wrong with the show's story. It's not something that, at first, will please the viewers used to the ever-present action and CGI in the studio's previous work, but I highly recommend that you watch it patiently, as you will be richly rewarded throughout the plot, which relies on primarily self-explaining episodes inbetween the more “surreal” ones. Another highlight in the scripts of “WandaVision” is the possibility of introducing new viewers and beginner fans to the mythology in this universe. If you, who's reading this review right now, have never seen a Marvel film, “WandaVision” is a possible starting point for you to begin your involvement with these characters. The show does an exceptional job in introducing its protagonists, even though they've already been introduced in Marvel's previous work, and offers a series of flashbacks that will keep the viewer up to date on Wanda and Vision's backstories. (My mom, that had never seen a Marvel movie in her entire life, watched the show and loved it!) But the real gift offered in the plot of “WandaVision” is the change of approach to the studio's pre-established formula, transforming the show in the closest thing Marvel will get in making a character study. And there isn't a better character for them to dedicate such study than the Scarlet Witch, who has lived a particularly troubled and traumatizing life throughout her narrative arc in the MCU. Introduced in the post-credit scene of “Captain America: The Winter Soldier”, Wanda Maximoff had lost her parents during her childhood, due to a bombing in Sokovia which used Stark Industries missiles; suffered as a lab rat for experiments by a neo-Nazi organization; lost the only family she had left in the form of Pietro, her brother, in “Avengers: Age of Ultron”; accidentally destroyed a refugee hospital in Lagos, taking out several lives and deeply traumatizing her in the process in “Captain America: Civil War”, and lost the love of her life (twice) in “Avengers: Infinity War”. That backstory alone gives Schaeffer and her team a huge amount of themes to deal with, especially those of grief, loss and trauma. The show perfectly balances funny moments with some more serious ones, that allow us to see beneath the surface of the sitcom structure and really understand the protagonist, making her more and more human. That is probably the greatest quality of “WandaVision”: it dedicates its plot to take the two protagonists's development on a deeper level, as they didn't get their deserved recognition in the films, which consequently makes them more human, to the point where we no longer see them as only super-powered beings, but begin to see them as people not that different from us. People that go through the same things we went or will go through in our lives, as powerful and supernatural as they may seem, essentially. I, particularly, really enjoyed the ending. I didn't make any theory, and consequently, I thought it was properly adequate, bringing the protagonist's narrative arc to a close and, at the same time, opening new doors to the future, which looks very promising to me.)



O elenco é composto por vários atores que já apareceram em filmes anteriores do Universo Cinematográfico da Marvel, assim como novos nomes que terão um futuro bem promissor no decorrer dessa nova fase do estúdio. Ao contrário do desempenho dos protagonistas em suas aparições nos longas-metragens da Marvel, as performances da Elizabeth Olsen e do Paul Bettany são o verdadeiro destaque aqui. Pra mim, a Elizabeth Olsen deveria ser indicada a vários prêmios pela atuação dela como a Wanda em “WandaVision”. Como os filmes concentraram em outras subtramas, nós não conseguimos ver a Wanda explicitamente lidando com as perdas sofridas ao longo de seu arco narrativo. Já aqui, a atriz consegue ter um timing cômico excelente e, ao mesmo tempo, expandir os limites emocionais de sua personagem, lidando com momentos mais reflexivos e contemplativos com muita sensibilidade e delicadeza, assumindo uma seriedade formidável que raramente vi nas aparições da Wanda em obras do estúdio. Outro destaque é o Paul Bettany, que encontra aqui a melhor “versão” de seu personagem. Se, em filmes anteriores, o Visão parecia insosso e meio robótico (piada não-intencional), somos apresentados à uma versão extremamente mais carismática do herói na minissérie. Ele é mais engraçado e surpreendente mais humano, e querendo ou não, nós acabamos vendo o desenrolar da série pelos olhos dele. A dinâmica entre os dois protagonistas é, inegavelmente, o fio condutor de “WandaVision”. Olsen e Bettany demonstram uma química explosiva quando estão juntos em tela. Os dois atores são extremamente convincentes e parecem estar se divertindo bastante nessa série. Eles protagonizam momentos hilários, assim como alguns mais sérios, e essa mistura torna o relacionamento dos dois cada vez mais cativante e envolvente. Em seguida, temos uma performance maravilhosamente excêntrica da Kathryn Hahn. Tomando muito cuidado para não revelar nada de importante sobre a personagem dela, vou apenas resumir dizendo que eu quero MUITO ver mais dela nas obras futuras do Universo Cinematográfico da Marvel. Ela simplesmente rouba a cena em toda parte que ela aparece. Eu esperava ver muito mais da Teyonah Parris, mas parece que eles apenas a introduziram aqui para ela ter um papel mais predominante em “Capitã Marvel 2”. A personagem dela é bastante promissora, e a atriz faz o melhor com o que lhe é oferecido, mas no final, ela não chega completamente a cumprir com as expectativas construídas ao decorrer da trama. Temos ótimos alívios cômicos na forma do Randall Park, reprisando seu papel de “Homem-Formiga e a Vespa”, e da Kat Dennings, reprisando seu papel nos dois primeiros filmes do Thor (meu Deus, como eu senti falta da Darcy!!). Como personagens mais secundários, temos performances competentes de Debra Jo Rupp, Emma Caulfield Ford, Josh Stamberg, Julian Hilliard e Jett Klyne.

(The cast is composed by several actors who already appeared in previous Marvel Cinematic Universe films, along with new names that will have a very promising future throughout this new phase in the studio's work. Unlike the development of its main characters in their appearances in previous Marvel films, Elizabeth Olsen and Paul Bettany's performances are the true highlight here. To me, Elizabeth Olsen should be nominated for several awards for her performance as Wanda in “WandaVision”. As the films focused on other subplots, we never got to see Wanda explicitly dealing with the losses she suffered throughout her narrative arc. In here, the actress is able to reach an excellent comic timing and, at the same time, expand her character's emotional boundaries, dealing with more thought-provoking and contemplative moments with sensibility and delicateness, showcasing a formidable seriousness I rarely saw in Wanda's appearances in the studio's work. Another highlight stays with Paul Bettany, who finds here the best “version” of his character. If, in previous films, Vision seemed a little tasteless and robotic (pun not intended), we are introduced to an extremely more charismatic version of the character in the miniseries. He is funnier and surprisingly more human, and whether we want it or not, we end up watching the story unravel through his eyes. The dynamics between the two main characters is, undeniably, the main conductive force of “WandaVision”. Olsen and Bettany showcase an explosive chemistry when together onscreen. The two actors are extremely convincing and seem to be having a lot of fun in this show. They star in hilarious moments, as well as more serious ones, and this mix makes their relationship more and more captivating and engaging. Up next, we have a wonderfully quirky performance by Kathryn Hahn. Being extremely careful to not reveal any main plot points on her character, I'll just say I REALLY want to see more of her in future MCU installments. She literally steals every scene she's in. I expected to see much more of Teyonah Parris, but it seems like they only introduced her here, so that she can have a more important role in “Captain Marvel 2”. Her character is really promising, and the actress does her best with what the screenplay offers her, but she doesn't fully correspond to the expectations built throughout the plot. We have great comic reliefs in the form of Randall Park, reprising his role in “Ant-Man And the Wasp”, and Kat Dennings, reprising her role from the first two Thor films (God, I missed Darcy!). As more secondary characters, we have competent performances by Debra Jo Rupp, Emma Caufield Ford, Josh Stamberg, Julian Hilliard and Jett Klyne.)



Eu fiquei extremamente impressionado com o compromisso que a equipe técnica de “WandaVision” mostrou para com a proposta da série. Ao contrário das séries anteriores produzidas pela Marvel, “WandaVision” tem um orçamento estratosférico de US$250 milhões (o mesmo orçamento de “Guerra Civil”) à seu serviço, dando a minissérie um ar muito mais cinematográfico, tornando a linha entre produção televisiva e de cinema cada vez mais tênue. É simplesmente fascinante ver os aspectos técnicos evoluindo com o passar dos episódios. Homenageando as sitcoms dos anos 1950 e 1960, os primeiros capítulos não têm sequências tão visualmente dinâmicas, é tudo propositalmente um pouco mais primitivo. Aí, as décadas homenageadas vão passando, e o formato de tela vai mudando, o passo das cenas vai dando uma acelerada. Essencialmente e simbolicamente, a estética de “WandaVision” é uma verdadeira ode à evolução de como se fazer televisão. A direção de arte faz um trabalho primoroso de replicar os visuais das séries homenageadas. O visual dos primeiros episódios nos lembram bastante de séries como “A Feiticeira” e “Jeannie é um Gênio”, e de acordo com as outras décadas homenageadas, surgem novas influências em “A Família Brady”, “Três é Demais”, “Caras e Caretas”, “Malcolm in the Middle”, “The Office” e “Modern Family”. As técnicas de direção de fotografia, montagem, maquiagem e penteado de cada um desses episódios são simplesmente impecáveis. A Marvel foi sábia em contratar o casal Robert e Kristen Anderson-Lopez para compor várias músicas-tema para a série, de acordo com as décadas homenageadas. Cada uma dessas músicas é extremamente grudenta (o que era de se esperar, vindo dos compositores de “Let it Go”) e escondem mensagens subliminares sobre o enredo nas letras de maneira sutil e inteligente. Algo similar acontece com os comerciais falsos na maioria dos episódios, no sentido de possuir mensagens escondidas relacionadas ao passado da protagonista. Eu adorei a escolha do estúdio de liberar um episódio por semana, o que, por consequência, acaba remetendo às épocas homenageadas, marcadas pelos lançamentos semanais de episódios, ao contrário da predominante “maratona” nos serviços de streaming. A escolha consegue manter o espectador na expectativa para o próximo episódio e previne que o final seja revelado cedo demais nas redes sociais, o que, pra mim, foi maravilhoso. Eu gostei bastante do equilíbrio entre o prático e o ambicioso que a equipe de efeitos especiais conseguiu demonstrar. Minha única ressalva fica com o último episódio, que ficou muito artificial, se comparado com o limitado uso de CGI no restante da minissérie, mas isso não manchou minha experiência incrível com “WandaVision”, nem um pouco.

(I was extremely impressed with the commitment the technical crew of “WandaVision” demonstrated with the show's proposal. Unlike previous shows produced by Marvel, “WandaVision” has a stratospheric budget of US$250 million (the same budget as “Civil War”) to its service, giving the miniseries a much more cinematic vibe, and making the line between movies and TV a little more blurry. It's simply fascinating to see the technical aspects evolving throughout the episodes. In an homage to the 1950s and 1960s sitcoms, the first chapters don't have much visually dynamic sequences, it's all purposefully more primitive. Then, the decades homaged go by, and the screen format grows, the pacing accelerates. Essentially and symbolically, the aesthetics of “WandaVision” are a true ode to the evolution of television-making. The art direction does a stellar job in recreating the visuals of the shows that influenced it. The look of the first couple of episodes remind us a lot of shows like “Bewitched” and “I Dream of Jeannie”, and according to the following decades, it finds new influences in shows like “The Brady Bunch”, “Full House”, “Family Ties”, “Malcolm in the Middle”, “The Office” and “Modern Family”. The techniques in cinematography, editing, makeup and hairstyling in each one of these episodes are simply flawless. Marvel was wise in hiring songwriters Robert and Kristen Anderson-Lopez to compose several theme songs to the show, according to the decades they're paying an homage to. Each one of these songs is an absolute earworm (which shouldn't be news to no one, coming from the people who wrote “Let it Go”) and hide subliminar messages on the plot in their lyrics in a subtle and clever way. Something similar happens with fake commercials in most episodes, in the sense of hiding messages related to the protagonist's past. I loved the studio's choice of a weekly release of episodes, which, consequently, is a callback to the times it's influenced by, which were marked by weekly episodes, rather than the predominant “binge-watching” in the streaming services. That choice manages to keep the viewer excited for the next episode and prevents the ending from being revealed too soon on social networks, so, to me, that was wonderful. I really appreciated the balance between the practical and the ambitious that the special effects team demonstrated here. My only complaint stays with the final episode, which seemed too artificial, if compared to the rest of the miniseries, but it didn't stain my wonderful experience with “WandaVision” at all.)



Resumindo, “WandaVision” é o melhor projeto do Universo Cinematográfico da Marvel até o presente momento, para mim. Armado com uma narrativa original, inventiva, ambiciosa e emocionalmente carregada, a primeira série da Marvel para o Disney+ entrega as melhores versões de seus personagens-título, interpretados de forma brilhante por Elizabeth Olsen e Paul Bettany, e abre novas portas para o futuro dessa nova fase do estúdio. Uma verdadeira homenagem à evolução da televisão, “WandaVision” faz um uso inventivo e extraordinário de seus aspectos técnicos, tornando a linha entre cinema e televisão cada vez mais tênue.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “WandaVision” is the best project in the Marvel Cinematic Universe so far, for me. Armed with an original, inventive, ambitious and emotionally charged narrative, Marvel's first show for Disney+ delivers the best versions of its title characters, portrayed brilliantly by Elizabeth Olsen and Paul Bettany, and opens new doors for the future of this new phase in the studio. A true homage to the evolution of television, “WandaVision” makes an inventive and extraordinary use of its technical aspects, making the line between cinema and television a little more blurry.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


3 comentários: