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terça-feira, 23 de outubro de 2018

"Doctor Who: Rosa": um retorno emocionante às raízes educacionais de Doctor Who (Bilíngue) [SPOILERS]


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E aí, galerinha de cinéfilos! Aqui quem fala é o João Pedro, e venho aqui com a resenha do excelente terceiro episódio da décima-primeira temporada de Doctor Who, que consegue retornar às raízes educacionais do programa, intitulado “Rosa”! Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, with the review of the excellent third episode of the eleventh season of Doctor Who, which can return to the show's educational roots, titled “Rosa”! Let's go!)



Depois de várias tentativas para retornar à Sheffield, a Doutora (Jodie Whittaker), Yaz (Mandip Gill), Ryan (Tosin Cole) e Graham (Bradley Walsh) se encontram em 1955, no estado do Alabama, e investigam uma fonte desconhecida de energia alienígena, que leva à Rosa Parks (Vinette Robinson), uma costureira negra.
(After several attempts to return to Sheffield, the Doctor (Jodie Whittaker), Yaz (Mandip Gill), Ryan (Tosin Cole), and Graham (Bradley Walsh) find themselves in 1955, in the state of Alabama, as they investigate an unknown source of alien energy, which leads to Rosa Parks (Vinette Robinson), a black seamstress.)



A América segregacionista, pra mim, é um dos melhores e mais interessantes temas para se trabalhar no cinema, pois tem a capacidade de mexer e conscientizar o público. Um exemplo de filme nesse estilo é o aclamado “Histórias Cruzadas”, de 2011. E quando eu soube que a nova temporada de Doctor Who incluiria um episódio ambientado na época segregacionista nos EUA, com a Rosa Parks, símbolo do movimento negro americano, que foi presa por recusar um assento no ônibus para pessoas brancas, como um dos personagens centrais, eu imediatamente fiquei animado. E o episódio conseguiu atender todas as minhas expectativas. O roteiro, escrito pela estreante Malorie Blackman, autora conhecida por escrever livros ambientados em distopias segregacionistas, e pelo Chris Chibnall, showrunner da série, é um exemplo daqueles episódios de Doctor Who que arrumam um jeito de contar um evento da História de forma divertida, com leves aspectos de ficção-científica inseridos nele. Tiveram certos momentos nesse episódio que me fizeram esquecer, por alguns instantes, que eu estava assistindo um programa de ficção-científica com alienígenas e viagem no tempo. E por isso, eu considero esse o melhor episódio da temporada até agora, por manter a História como trama principal e colocar a ficção-científica como segundo plano.
(Segregationist America, for me, is one of the best and most interesting themes to work on in the movies, as it has the capacity to move and aware the public. An example of a movie in this style is the acclaimed “The Help”, released in 2011. And when I knew that the new season of Doctor Who would include an episode set in the segregation times in the US, with Rosa Parks, a symbol of the American black movement, who was arrested for refusing a bus seat to white people, as one of the central characters, I immediately got excited. And the episode managed to attend all my expectations. The script, written by debut screenwriter Malorie Blackman, who is known for writing books set in segregational dystopias, and by Chris Chibnall, the show's showrunner, is an example of one of those Doctor Who episodes that find a way to tell an event in History in an entertaining way, with light aspects of sci-fi inserted in it. There were certain moments in this episode that made me forget, for a few instants, that I was watching a sci-fi show with aliens and time travel. And because of that, I consider it to be the best episode of the season so far, for keeping History as a main plot and putting sci-fi as a background.)



As atuações continuam sendo muito boas. Jodie Whittaker continua tendo energia e carisma de sobra, assim como muita coragem, como a Doutora, dando uma revigorada na personagem. Bradley Walsh continua sendo o melhor dos três acompanhantes, na minha opinião, como Graham, servindo mais uma vez como alívio cômico, trazendo um humor necessário em um roteiro predominantemente sério. Tosin Cole e Mandip Gill têm um desenvolvimento mais profundo nesse episódio como Ryan e Yaz, em uma cena específica onde os dois discutem sobre preconceito, e eu estou torcendo muito para que esses dois fiquem juntos no final da temporada. Mas quem realmente brilha nesse episódio é a atriz convidada Vinette Robinson como Rosa Parks. Ela arrasa no sotaque, na voz da Rosa, e a atuação dela é, provavelmente, a melhor interpretação de uma figura histórica no programa desde Tony Curran como Van Gogh em “Vincent and the Doctor”, realmente incrível.
(The performances continue to be very good. Jodie Whittaker keeps on having energy and charisma to spare, as well as a lot of courage, as the Doctor, revigorating the character. Bradley Walsh keeps on being my favorite of the three companions as Graham, serving once again as a comic relief, bringing necessary humor into a predominantly serious script. Tosin Cole and Mandip Gill have a deeper development in this episode as Ryan and Yaz, in a specific scene where the two discuss about prejudice, and I am really rooting for these two to end up together by the end of the season. But who really shines in this episode is guest actress Vinette Robinson as Rosa Parks. She nails the accent, Rosa's voice, and her performance is, probably, the best portrayal of an historical figure in the show since Tony Curran as Van Gogh in “Vincent and the Doctor”, it's really amazing.)



O visual e a direção de arte capturam a essência da década de 1950 com perfeição, e eu sempre adoro quando um trabalho de fotografia, combinado com a direção de arte e a produção de design conseguem recriar uma determinada época. As roupas, os hábitos, os cenários, tudo muito lindo. Mais uma vez, essa décima-primeira temporada tem se provado como uma das mais visualmente atraentes da história do programa, com visuais cinematográficos e efeitos especiais de primeira linha.
(The visuals and art direction capture the essence of the 1950s with perfection, and I always love when some cinematography work, combined with art direction and production design, manage to re-create a determined time. The clothes, the habits, the sets, it's all really beautiful. Once more, this eleventh season proving itself to be one of the most visually attractive seasons in the show's history, with cinematic visuals and top-notch special effects.)



Eu costumo não aprofundar muito, mas tem uma cena em particular que eu preciso discutir aqui, então aí vai um alerta de SPOILERS!
(I usually don't deepen much on these reviews, but there's one particular scene I have to discuss here, so here goes a SPOILER alert!)



A cena no ônibus, ambientada no dia 1 de dezembro de 1955, é simplesmente fenomenal. O momento em que Rosa Parks escolhe sentar no ônibus e o motorista ameaça prendê-la e ela simplesmente fala “Pode me prender então” dá vontade de levantar e aplaudir. Foi um momento recriado com os mais meticulosos detalhes. As reações da Doutora e seus acompanhantes ao ver Rosa sendo levada, incapazes de fazer algo para ajudá-la, são de cortar o coração, especialmente a de Graham, que estava em pé, e era um dos brancos pelo qual Rosa, por lei, deveria disponibilizar seu assento no ônibus. E o uso da música “Rise Up” (Levantar, em tradução livre), da Andra Day, torna tudo ainda mais emocionante e simbólico, pois Rosa fez exatamente o contrário do que o título da música sugere, e esse simples e corajoso gesto serviu como faísca para que o movimento negro se levantasse e fizesse alguma coisa a respeito. É o melhor uso de uma música moderna em Doctor Who desde o uso de “Chances”, da banda Athlete, no emocionante final de “Vincent and the Doctor”, isso é fato.
(The bus scene, set in December 1st, 1955, is simply phenomenal. The moment in which Rosa Parks chooses to sit on the bus and the driver threatens to arrest her and she simply says “You may do that” gave me the will to give it a standing ovation. It was a moment recreated with the most minimal details. The reactions from the Doctor and her companions by seeing Rosa being taken, unable to do anything to help her, are heartbreaking, especially Graham's, who was standing, and was one of the white people for which Rosa, by law, should've vacated the bus seat. And the use of the song “Rise Up”, by Andra Day, made everything even more emotional and symbolic, because Rosa did exactly the opposite of the song's title, and this simple, courageous gesture sparked the rise of the black movement's actions to do something about it. It is the best use of a modern song in Doctor Who since the use of “Chances”, by Athlete, in the heart-wrenching finale of “Vincent and the Doctor”, that's a fact.)



Acabaram os SPOILERS.
(SPOILERS over.)



Didático, sério e emocionante, “Rosa” é um retorno às raízes educacionais de Doctor Who e uma estreia impressionante da roteirista Malorie Blackman, pela qual eu já estou ansioso pelo possível retorno aos roteiros da série!!

Nota: 9,5 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(Didactical, serious and thrilling, “Rosa” is a return to the educational roots of Doctor Who and an impressive debut by screenwriter Malorie Blackman, and I'm already so excited for her possible screenwriting return to the show!!

I give it a 9,5 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



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