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sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Oscar 2020: Os indicados a Melhor Filme, ranqueados (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Pelo terceiro ano consecutivo, consegui concluir a importante missão de assistir a todos os indicados ao Oscar de Melhor Filme antes da cerimônia. Então, venho aqui fazer um ranking dos 9 filmes que foram indicados esse ano! Como 8 dos 9 filmes possuem resenhas próprias no blog, eu farei assim: dos filmes que já possuem resenhas, falarei o possível para comparar o filme em questão com outros indicados, citarei em quais categorias eu acho que o filme tem chances de ganhar no dia 09, e depois, colocarei o link da resenha do filme abaixo da análise. Só lembrando que o que colocarei aqui trata da MINHA OPINIÃO, que pode muito bem discordar da sua, caro leitor. Então, vamos começar!
(What's up, film buffs! How are you guys doing? For the third year in a row, I managed to accomplish the important mission of watching all of the Oscar nominees for Best Picture before the ceremony. So, I'm here to rank all the 9 films that have been nominated this year! As 8 of the 9 films have reviews of their own on the blog, here's what I'm going to do: with the films I've already reviewed, I'll say what I can in order to compare it to other nominees, I'll say in which categories I think it'll have a chance to win on the 9th, and then, I'll put the link of the film's review below the analysis. Let me just remind you that what I'll put here is MY OPINION on the subject, which may very well differ from yours, dear reader. So, let's begin!)



9 – FORD VS. FERRARI, dirigido por James Mangold – Indicado a 4 Oscars
(9 – FORD V FERRARI, directed by James Mangold – Nominated for 4 Oscars)

Antes de falar sobre a escolha desse filme na lista dos indicados, deixe-me dizer que eu não estava tão animado assim para ver esse filme, na época do lançamento. Não me arrependi de não ter visto ele no cinema, mas é um filme bom. Não é o melhor filme do James Mangold (pra mim, continua sendo “Logan”), mas tem um bom desenvolvimento de personagens e uma história real fascinante por trás do roteiro. Possui atuações boas de seu elenco, especialmente do Christian Bale. As cenas de corrida são muito bem feitas e filmadas, o trabalho de som é o que tem de melhor nos aspectos técnicos do filme. Mas agora, vamos aos fatos: tinham filmes muito melhores para serem indicados, sejam eles baseados em fatos reais ou não. Tanto que este é o único filme que senti que estava meio fora de lugar nos 9. Preferiria muito mais se “Rocketman”, “The Farewell”, ou até “Nós” fossem indicados no lugar de “Ford vs Ferrari”, que ainda, sim, é um bom filme, só não chega a ser tão bom quanto o restante dos indicados. Das categorias em que foi indicado, a única que ele realmente não tem chance, pelo peso da competição, é Melhor Filme. O resto (Melhor Montagem, Edição de Som e Mixagem de Som) possui uma possibilidade, mesmo que pequena, de vitória. Melhor Montagem acho difícil, mas pode muito bem empatar com “1917” em Edição ou Mixagem de Som.
(Before I talk about the Academy's choice for this movie to enter the nominees, let me just say I wasn't that excited to watch this film, at the time of release. I didn't regret not watching it on the big screen, but it is a good movie. It's not James Mangold's best film (for me, it's still “Logan”), but it has a good character development and a fascinating true story behind its screenplay. It carries good performances by its cast, especially Christian Bale's. The racing scenes are very well filmed, the sound work is the best thing its technical aspects have to offer. But now, let's face the facts: there were far better movies to be nominated, based on true stories or not. I say that because this is the only film I felt that it was out of place among the 9. I would've enjoyed the competition much more if “Rocketman”, “The Farewell”, or even “Us” were nominated instead of “Ford v Ferrari”, which is still a good film, only not as good as the other nominees. Out of all the categories it got nominated, the only one where it doesn't stand a chance, because of the weight of the competition, is Best Picture. The rest (Best Editing, Sound Editing, and Sound Mixing) has a possibility, even though it's small, to win. Best Editing's a tough one, but it could tie with “1917” for Sound Editing or Mixing.)



8 – O IRLANDÊS, dirigido por Martin Scorsese – Indicado a 10 Oscars
(8 – THE IRISHMAN, directed by Martin Scorsese – Nominated for 10 Oscars)

Aí vem a POLÊMICA! Um dos aspectos que eu sempre considero quando vejo um filme pela primeira vez é se eu vou ter vontade de assisti-lo de novo em um futuro próximo. E infelizmente, isso não se concretizou com o novo filme de Martin Scorsese. Claro, é um filme muito ambicioso, que faz uso de um orçamento monstruoso pra reunir Scorsese, De Niro, Pacino e Pesci em um filme só. Acontece que a história, apesar de ter um bom desenvolvimento de personagem, demorou mais do que o necessário para realmente engatar pra mim. A única parte em que realmente senti o efeito da história foi na meia hora final, que explora as consequências dos atos do seu protagonista, o que foi muito difícil de se ver, graças à atuação do Robert De Niro e é claro, à direção de Scorsese e ao roteiro de Steven Zaillian. Mas devo admitir que os filmes adultos do Scorsese realmente não são pra mim, eles não são o meu estilo de filme. Mesmo com toda essa ambição e dedicação, acho que “O Irlandês” pode sair com poucos prêmios no dia 09, mas com certeza não sairá de mãos vazias. Os prêmios que esse filme tem mais chance de ganhar são: Melhor Roteiro Adaptado (pra bater de frente com “Adoráveis Mulheres”, escrito pela Greta Gerwig), Melhor Montagem (já que “1917” está fora da corrida, o principal concorrente é “Parasita”), e Melhores Efeitos Visuais (se a Academia repetir o feito de não dar esse prêmio pra blockbusters, vai ser ou esse ou “1917”).
(Here comes the CONTROVERSY train! One of the aspects I always consider when watching a film for the first time is if I'll want to watch it again in a close future. And unfortunately, that didn't happen with Martin Scorsese's new film. Of course, it's a very ambitious film, which makes use of a monstruous budget in order to gather Scorsese, De Niro, Pacino and Pesci for one single film. But the story, although it has a good character development, it took more than enough time to really take off, for me. The only part I really felt the story's effect was in the final 30 minutes, which explore the consequences of its protagonist's actions, which was really hard to watch, thanks to Robert De Niro's performance, and of course, to Scorsese's direction and Steven Zaillian's script. But I must admit that Scorsese's adult films really aren't for me, they're not my type of film. Even with all this ambition and dedication, I think that “The Irishman” may come out with very few awards on the 9th, but it certainly won't come out empty-handed. The awards it has the most chances to win are: Best Adapted Screenplay (the main contender is Greta Gerwig's “Little Women”), Best Editing (as “1917” is off the race, the main contender is “Parasite”), and Best Visual Effects (if the Academy's giving this award to a film that isn't a blockbuster again, it should go to either this one of “1917”).)




7 – HISTÓRIA DE UM CASAMENTO, dirigido por Noah Baumbach – Indicado a 6 Oscars
(7 – MARRIAGE STORY, directed by Noah Baumbach – Nominated for 6 Oscars)

Tá aí um filme que eu não achei que gostaria tanto. Feito em uma escala bem menor, se comparado a “O Irlandês”, que também é uma produção da Netflix, o filme de Baumbach retrata, da forma mais realista possível, o término de um casamento e o esforço posterior que a família faz para ficar unida. É um filme conciso, realista, íntimo, teatral e, acima de tudo, humano. Nenhum dos personagens aqui é taxado como perfeito. Cada um deles possui imperfeições, o que faz deles mais humanos ainda. É um filme que conta com boas atuações, diálogos afiados e aspectos técnicos que dão uma veia teatral para o roteiro. Se não fosse pelo peso das atuações de Joaquin Phoenix e Renée Zellweger, Adam Driver e Scarlett Johansson ganhariam os prêmios de Melhor Ator e Atriz tranquilamente. Melhor Roteiro Original é pouco provável, pelo peso que Tarantino, Sam Mendes e Bong Joon-Ho deram à categoria; Melhor Trilha Sonora também não há muitas chances. Um prêmio que é quase garantido é o de Melhor Atriz Coadjuvante para a Laura Dern, que vem conquistando quase todos os prêmios de Atriz Coadjuvante pela sua atuação como a advogada da personagem de Johansson.
(Now there's a film I didn't expect to enjoy that much. Made on a much smaller scale, if compared to “The Irishman”, which is also a Netflix production, Baumbach's movie portrays, in the most realistic way possible, the break-up of a marriage and the posterior effort the family puts to stay united. It's a concise, realistic, intimate, theatrical and, above all, human film. None of its characters is treated as perfect, each one of them has their imperfections, which makes them even more human. It's a film that relies on great acting, sharp dialogues and technical aspects that give a theatrical vein to it. If it wasn't for the weight of Joaquin Phoenix's and Renée Zellweger's performances, Adam Driver and Scarlett Johansson would win Best Actor and Best Actress in a heartbeat. Best Original Screenplay is a long shot, because of the weight that Tarantino, Sam Mendes and Bong Joon-Ho put in the category; Best Original Score, doesn't have that many chances either. An award that is almost guaranteed to win is Best Supporting Actress for Laura Dern, who has been winning almost every Supporting Actress award for her performance as Johansson's character's lawyer.)




6 – ADORÁVEIS MULHERES, dirigido por Greta Gerwig – Indicado a 6 Oscars
(6 – LITTLE WOMEN, directed by Greta Gerwig – Nominated for 6 Oscars)

Disse, na minha resenha de “Adoráveis Mulheres”, que algumas histórias são atemporais, e conseguem encantar gerações de espectadores. Um exemplo é “Nasce uma Estrela”, que teve 4 versões. Outro exemplo é o livro “Mulherzinhas”, de Louisa May Alcott, e o filme em questão é a sétima adaptação cinematográfica do livro, e ele só prova que a história ainda consegue encantar. É a melhor adaptação do material fonte (das que eu assisti), e é comandada por uma das melhores diretoras da atualidade: Greta Gerwig, que foi esnobada em Melhor Direção, mas corre como uma das principais concorrentes ao prêmio de Melhor Roteiro Adaptado, junto de “O Irlandês”. Ele possui várias atuações boas, especialmente as de Saoirse Ronan e Florence Pugh, que foram indicadas a Melhor Atriz e Atriz Coadjuvante, respectivamente. Apesar que eu ache que, novamente, por causa da Renée Zellweger, Ronan não tenha muitas chances de levar Melhor Atriz, seria MUITO gratificante ver a Florence Pugh levando o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante. Os aspectos técnicos são muito bons, especialmente a trilha sonora do Alexandre Desplat, que está em um empate acirradíssimo com a trilha da Hildur Gudnadóttir em “Coringa” como a melhor trilha do ano, pra mim; e o figurino da Jacqueline Durran, que deve levar o prêmio, ou por esse filme ou por “1917”.
(I said, in my review of “Little Women”, that some stories are timeless, and manage to cast a charm on generations of viewers. One example of that is “A Star is Born”, which had 4 versions. Another example is the novel “Little Women”, written by Louisa May Alcott, and this film is the seventh film adaptation of the book, and it only proves that the story's still capable of casting that charm. It is the best adaptation of its source material (out of the ones I watched), and it's directed by one of the finest directors working today: Greta Gerwig, who was snubbed in Best Director, but is on the race as one of the main contenders for Best Adapted Screenplay, along with “The Irishman”. It has several good performances, especially Saoirse Ronan's and Florence Pugh's, who were nominated for Best Actress and Best Supporting Actress, respectively. Although I think that, again, because of Renée Zellweger, Ronan doesn't have much chances to win Best Actress, it would be VERY gratifying to see Florence Pugh winning Best Supporting Actress. The technical aspects are really good, especially Alexandre Desplat's score, which is tied with Hildur Gudnadóttir's score for “Joker” as the best score of the year, for me; and Jacqueline Durran's costume design, who should take the award, either for this one or “1917”.)




5 – CORINGA, dirigido por Todd Phillips – Indicado a 11 Oscars
(5 – JOKER, directed by Todd Phillips – Nominated for 11 Oscars)

Eu, sinceramente, nunca imaginaria que “Coringa” seria o filme mais indicado nesse ano. Mas, agora, olhando no que ele conseguiu fazer, foi até merecido. O Todd Phillips e o Scott Silver conseguiram escrever um roteiro que parece ser um filme do Scorsese, mais até do que “O Irlandês” foi. Eles investiram num tom mais sombrio e em uma estrutura de roteiro que, justamente, investe em um estudo de personagem à la “Taxi Driver” para contar essa história. E, pelo resultado, conclui-se que foi a maneira certa de fazer esse filme. Os destaques aqui são: 1) a direção do Todd Phillips; 2) a atuação do Joaquin Phoenix; e 3) os aspectos técnicos em geral, mas especialmente a trilha sonora da Hildur Gudnadóttir. Se não fosse pela direção de Phillips ou pela atuação de Phoenix, o filme não seria o mesmo. E se não fossem pelos aspectos técnicos, nunca conseguiríamos ver o declínio mental do protagonista de uma maneira tão visível. Mas mesmo assim, a competição está bem acirrada, e com certeza, o filme não leva os 11 prêmios aos quais foi indicado. Os únicos dois que, para mim, estão garantidos são: Melhor Ator para Joaquin Phoenix (óbvio), e Melhor Trilha Sonora para a Hildur Gudnadóttir, que vem sendo reconhecida por várias premiações por causa de seu trabalho no filme.
(I, honestly, would have never imagined that “Joker” would be the most nominated film this year. But, now, looking at what it managed to do, it was quite deserving. Todd Phillips and Scott Silver managed to write a script that really sounds like a Scorsese film, even more than “The Irishman” was. They invested in a darker tone, and in a screenplay structure that, again, sounds like a “Taxi Driver”-ish character study in order to tell this story. And, because of the results, it's concluded that this was the right way to make this film. The highlights here are: 1) Todd Phillips's directing; 2) Joaquin Phoenix's acting; and 3) the technical aspects in general, but especially Hildur Gudnadóttir's score. If it wasn't for Phillips's directing or Phoenix's acting, it just wouldn't be the same. And if it wasn't for the technical aspects, we would have never seen the mental decline of its protagonist in such a visible way. But, even so, the competition is pretty tight, and it definitely will not win all of the 11 awards it got nominated for. The only two that, for me, are guaranteed are: Best Actor for Joaquin Phoenix (obviously), and Best Original Score for Hildur Gudnadóttir, who has been nominated for several awards because of her work in the film.)




4 – JOJO RABBIT, dirigido por Taika Waititi – Indicado a 6 Oscars
(4 – JOJO RABBIT, directed by Taika Waititi – Nominated for 6 Oscars)

Eu sei o que vocês devem estar pensando: “Por quê você colocou “Jojo Rabbit” acima de “Coringa” ou “O Irlandês”?” Dizendo isso de uma maneira simples: é o filme mais subestimado dos 9 indicados ao prêmio principal. É um filme de guerra que dá vontade de assistir de novo, o que é bem raro pra mim, quando se trata de filmes de guerra, que costumam ser bem impactantes. Mas o tom mais leve e menos explícito que Waititi dá à Segunda Guerra é simplesmente cativante de se ver. O filme começa como uma sátira bem afiada, no estilo de Chaplin e Mel Brooks, e ao longo do desenvolvimento da trama (e do protagonista), o roteiro faz uma mudança de tom que, em teoria, não deveria funcionar tão bem, mas acaba encaixando perfeitamente no amadurecimento ideológico do protagonista, virando um filme de guerra bem comovente e emocionante. Temos aqui uma das melhores performances mirins dos últimos anos na forma de Roman Griffin Davis, que nos faz torcer pelo protagonista, mesmo com as barbaridades que ele diz; Scarlett Johansson justifica sua indicação a Melhor Atriz Coadjuvante com uma performance otimista e carinhosa; e Archie Yates rouba a cena como um excelente alívio cômico. Infelizmente, o melhor filme de Taika Waititi é um dos filmes que tem menos chance de ganhar na categoria principal, mas mesmo com Greta Gerwig e “O Irlandês” na corrida, acredito que tenha boas chances em Melhor Roteiro Adaptado. Mas o que dá mais chances ao filme é a direção de arte, que vai contra todos os estereótipos de visual de filmes de guerra, e entrega um filme bem vibrante, cujo tom vai se escurecendo ao longo da trama, então, pra mim, merece o prêmio de Melhor Direção de Arte.
(I know what you're probably thinking: “Why the hell did you put 'Jojo Rabbit' above 'Joker' or 'The Irishman'?” Putting it in a simple way: this is the most underrated film out of the 9 nominees for Best Picture. It's a war film that you really want to watch multiple times, which is really rare for me, when it comes to war films, that tend to be really impactful. But the lighter, and less explicit, tone that Waititi gives to World War II is simply captivating to behold. It starts off as a pretty sharp satire, in the style of Chaplin and Mel Brooks, and throughout the development of the plot (and of the protagonist), the script makes a change of tone which, in theory, shouldn't work that well, but it ends up being a perfect match for the protagonist's ideological growth, turning into a full-fledged war film that's moving and emotionally charged. We have here one of the finest performances by a child actor in latest years in the form of Roman Griffin Davis, who makes us root for the protagonist, even through the absurdities his character says; Scarlett Johansson justfies her nomination for Best Supporting Actress with an optimistic, caring performance; and Archie Yates steals the scene as a terrific comic relief. Unfortunately, Taika Waititi's best film is one that has very, very little chances of actually winning the main award; but even with Greta Gerwig and “The Irishman” in the race, I believe that it has good chances in the Best Adapted Screenplay category. But the aspect that gives the film more chances to win is the production design, which goes against every stereotype of what a war film should look like, and actually delivers a visually vibrant movie, as the tone slowly goes darker as the plot goes on, so, for me, it deserves the Best Production Design award.)




3 – ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD, dirigido por Quentin Tarantino – Indicado a 10 Oscars
(3 – ONCE UPON A TIME IN HOLLYWOOD, directed by Quentin Tarantino – Nominated for 10 Oscars)

Eu disse, no meu ranking dos filmes de Tarantino, que tais filmes seriam o perfeito vencedor do Oscar de Melhor Filme, por possuírem um equilíbrio perfeito entre arte e entretenimento. E com seu penúltimo filme, Tarantino pode até vencer o prêmio principal. O roteiro certamente é um dos principais concorrentes ao prêmio de Melhor Roteiro Original, e merecidamente, pois é um dos melhores roteiros do diretor. As atuações do elenco estão maravilhosas, com destaque para o trio principal de Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie. Por causa de Joaquin Phoenix, vai ser difícil ver o DiCaprio ganhar, mas o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante está praticamente garantido para o Brad Pitt, que vem desbancando Al Pacino e Joe Pesci na categoria, em várias outras premiações. A direção de arte e o figurino recriam a época em que o filme é ambientado de maneira muito fiel, possui uma das cenas de violência mais gratificantes (estranho, não é?) que o Tarantino poderia fazer, e é um filme que só vai melhorando, de acordo com o número de vezes em que é assistido. É uma verdadeira homenagem à Era de Ouro de Hollywood e ao cinema em geral, e por isso, “Era uma Vez em Hollywood” é um dos meus favoritos ao prêmio de Melhor Filme.
(I said, in my ranking of Tarantino's films, that such movies would be the perfect winner for the Oscar for Best Picture, as they balance art and entertainment perfectly. And with his penultimate film, Tarantino may even win the main award. The script certainly is one of the main contenders for Best Original Screenplay, and rightfully so, as it's one of the best scripts the director has ever written. The cast's performances are wonderful, especially the trio composed by Leonardo DiCaprio, Brad Pitt and Margot Robbie. Because of Joaquin Phoenix, it'll be tough for DiCaprio to win, but the Best Supporting Actor award is practically guaranteed for Brad Pitt, who has been winning over Al Pacino and Joe Pesci in the category, in several other award ceremonies. The production design and costume design faithfully recreate the time in which the film is set, it has one of the most gratifying (weird, right?) violent scenes Tarantino could ever make, and it's a film that gets better and better, the more you watch it. It's a true homage to the Golden Age of Hollywood and to movies, in general, and because of that, “Once Upon a Time in Hollywood” is one of my favorite contenders for Best Picture.)




2 – 1917, dirigido por Sam Mendes – Indicado a 10 Oscars
(2 – 1917, directed by Sam Mendes - Nominated for 10 Oscars)

Este será um filme de guerra que não será esquecido tão cedo. Seja pelos aspectos técnicos impecáveis ou pela direção cuidadosamente técnica do Sam Mendes, esse filme merece literalmente todos os prêmios em que ele está sendo indicado. Porque não é só um filme, é uma experiência sensorial no estilo de “Dunkirk” e “O Resgate do Soldado Ryan”. Me impressiona o fato da montagem não ter sido indicada, pois ela consegue tornar imperceptível todo corte que teria nos dois planos-sequência do Roger Deakins, que deve, novamente, levar o Oscar de Melhor Fotografia. Eu fiquei impressionado com o fato dos planos-sequência, juntamente com o roteiro, nos darem uma noção de que aquilo está acontecendo em tempo real, o que só aumenta a tensão do filme. O trabalho de som é extraordinário, e certamente é um dos concorrentes principais a Melhor Edição e Mixagem de Som. Os efeitos visuais práticos podem colocar “1917” na frente dos blockbusters na categoria de Efeitos Visuais, junto com “O Irlandês”. A direção do Sam Mendes nesse filme foi um dos melhores trabalhos de direção do ano, pra mim, o que faz dele um dos meus favoritos ao prêmio de Melhor Direção. E, pela ambição técnica, pela agilidade e pelo aspecto inventivo do roteiro, e pelo fato de ter levado o Prêmio do Sindicato dos Produtores de Melhor Filme (termômetro “oficial” do Oscar), isso faz de “1917” um dos principais concorrentes ao prêmio principal. De novo, aconselho, vejam na maior tela possível.
(This will be a war film that will not be forgotten that early. If it's because of the flawless technical aspects or because of Sam Mendes's carefully technical direction, this film deserves literally every award it's being nominated for. Because it's not just a movie, it's a sensory experience in the style of “Dunkirk” and “Saving Private Ryan”. The fact that the film editing didn't get nominated impresses me, as it turns every cut that may exist in Roger Deakins's (who should, again, win the Oscar for Best Cinematography) two continued shots imperceptible. I was impressed by the script and the cinematography's capacity to give us the feeling that everything on-screen is happening in real time, which only increases the film's tension. The sound work is extraordinary, and it is certainly one of the main contenders for Best Sound Editing and Sound Mixing. The practical visual effects may put “1917” ahead of blockbusters in the Visual Effects category, along with “The Irishman”. Sam Mendes's directing in this film was some of the finest directing of the year for me, which makes him one of my favorites for Best Director. And, for its technical ambition, the agility and inventive aspect of its script, and because of the fact that it won the Producers Guild Awards for Best Picture (the “official” thermometer for the Oscars), that makes “1917” one of the main contenders for the main award. Again, I give this piece of advice: see it in the biggest screen possible.)




1 – PARASITA, dirigido por Bong Joon-Ho – Indicado a 6 Oscars
(1 – PARASITE, directed by Bong Joon-Ho – Nominated for 6 Oscars)

Muitas pessoas ficaram impressionadas pelo fato de que esse filme foi indicado ao prêmio principal. Eu já esperava isso. E devo dizer que ficaria satisfeito se qualquer um ganhasse, porque todos são filmes bons, mas se “Parasita” ganhasse, se a Academia fosse capaz de ultrapassar a barreira de legendas e entregar esse prêmio para um filme da Coréia do Sul (que nunca foi indicada ao Oscar até “Parasita”), eu iria levantar e aplaudir de pé. Tudo, literalmente TUDO nesse filme é perfeito. O elenco, o roteiro, a direção, a fotografia, a montagem, a direção de arte, tudo em “Parasita” é feito de maneira extraordinária. Assim como “Era uma Vez em Hollywood”, é um filme que só melhora após visto de novo, pois aí muitas coisas que foram quase imperceptíveis na primeira vez ganham uma gama extra de significado nas próximas vezes. O roteiro original é um dos principais concorrentes de “Era uma Vez em Hollywood” para o prêmio, porque a capacidade que os roteiristas tem de misturar gêneros aqui é inigualável. Depois de “Parasita”, eu me disponho a ver todo filme que o Bong Joon-Ho fazer no futuro, e, sim, acredito que ele tem grandes chances de vencer o prêmio de Melhor Direção (se empatasse com o Sam Mendes, igual foi no Critics' Choice Awards, ia ser perfeito). Acho que nem Almodóvar nem o documentário mais aclamado do ano conseguem tirar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro desse filme. Já que “1917” está fora da corrida em Melhor Montagem, isso coloca “Parasita” como o concorrente principal, e o fato da equipe ter construído uma casa do zero somente para o filme também o coloca como um dos principais concorrentes a Melhor Direção de Arte. “Parasita” é uma obra-prima, e isso é um fato.
(A lot of people were impressed that this movie managed to be nominated for the main award. I already expected it. And I must say that I would be satisfied if any of these won, because they're all good films, but if “Parasite” won, if the Academy was capable of surpassing the subtitle barrier and actually delivered the award to a film from South Korea (which never got nominated until “Parasite” came along), I would give the Academy a standing ovation. Everything, literally EVERYTHING in this movie is perfect. The cast, the directing, the cinematography, the editing, the production design, everything in “Parasite” is done in an extraordinary way. Just like “Once Upon a Time in Hollywood”, this is a movie that only gets better the more you watch it, as you notice things you couldn't the first time around, and these things gain an extra amount of meaning as you watch it again. The original script is one of the main obstacles that “Once Upon a Time...” must overcome to win Best Original Screenplay, because no one has the capacity these screenwriters have of mixing genres, it's just amazing. After “Parasite”, I'm literally going to follow Bong Joon-Ho's filmography from now on, and yes, I believe he has strong chances of winning Best Director (if he tied with Sam Mendes, just like in the Critics' Choice Awards, it would be perfect). I don't think Almodóvar or the most acclaimed documentary of the year can take the Oscar for Best International Feature Film away from this one. As “1917” is off the race for Best Film Editing, this puts “Parasite” as the main contender, and the fact that the crew built a house from scratch just for this film also puts it as one of the main contenders for Best Production Design. “Parasite” is a masterpiece, and that is a fact.)




Então, é isso, galera! Espero que vocês tenham gostado! Vamos ver o que o dia 09 tem guardado para nós, cinéfilos! Até a próxima,
João Pedro
(So, that's it, guys! I hope you liked it! Let's see what the 9th has in store for us, film buffs! See you next time,
João Pedro)




domingo, 19 de janeiro de 2020

"1917": uma experiência cinematográfica imperdível e inesquecível (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, e vim aqui trazer a resenha de um dos filmes mais premiados e aclamados dessa temporada de premiações, e um dos principais concorrentes às duas estatuetas principais de Melhor Filme e Melhor Direção no Oscar desse ano. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “1917”, indicado a 10 Oscars. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, and I'm here to write about one of the most awarded and acclaimed movies in this award season, and one of the main contenders for the two main awards of Best Picture and Best Director in this year's Oscars. So, without further ado, let's talk about “1917”, which was nominated for 10 Oscars. Let's go!)



O filme é ambientado durante a Primeira Guerra Mundial, e segue a jornada de dois soldados, os cabos Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman), que são encarregados de uma missão aparentemente impossível. Nessa missão, os dois precisam atravessar território inimigo, lutando contra o tempo, para entregar uma mensagem que pode salvar 1600 de seus colegas de batalhão, entre eles o irmão de Blake.
(The film is set during World War I, and follows the journey of two soldiers, Cpls. Schofield (George MacKay) and Blake (Dean-Charles Chapman), who are entitled to an apparently impossible mission. In this mission, they must cross through enemy territory, fighting against time, in order to deliver a message that may save 1600 of their battalion brothers, with Blake's brother amongst them.)



Antes de começar a falar do filme em si, devo falar que estava muito animado para esse filme desde que o primeiro trailer foi lançado. Inicialmente, o material promocional de “1917” me deu uma vibe de “Dunkirk” da Primeira Guerra Mundial, especialmente pelos aspectos técnicos, que contavam com planos-sequência na direção de fotografia e parecia ter um trabalho de som extraordinário. Depois da campanha de marketing, vieram as primeiras premiações, e a vitória de “1917” nas categorias de Melhor Filme – Drama e Melhor Direção nos Globos de Ouro me deixaram bem surpreso, e por consequência, mais animado ainda pra ver esse filme, que era o único que faltava para que eu terminasse de ver todos os indicados ao Oscar de Melhor Filme. E eu devo dizer que esse pode muito bem ser um dos melhores, se não for o melhor filme de guerra que eu já vi (não, eu ainda não vi “O Resgate do Soldado Ryan”, mas ainda irei ver, sem falta). O roteiro de “1917” é escrito pelo diretor Sam Mendes e pela Krysty Wilson-Cairns, baseado nas histórias que o avô de Mendes, veterano da Primeira Guerra, contou para o neto. Ao contrário de “Dunkirk”, que faz da Segunda Guerra a protagonista principal da trama, com pouco desenvolvimento de personagem, aqui temos uma trama quase que inteiramente focada em seus personagens e em todos os obstáculos que eles precisam superar para cumprirem sua missão. É um roteiro engajante, frenético, realista, e muito, muito tenso. Mas assim como “Dunkirk”, “1917” possui uma veia melancólica, dedicando alguns minutos de seu tempo de duração para refletir na tristeza e nas consequências da Guerra, e isso contribui para a construção de um vínculo emocional entre o espectador e os protagonistas. O roteiro de Mendes e Wilson-Cairns trata todo personagem na trama como importante, o que é bom, porque aí nenhum minuto do filme se sente desperdiçado. Como um filme de guerra, “1917” é bem violento, mas não de maneira exagerada ou estilizada, de uma maneira bem realista mesmo. Mesmo sendo um filme bem tenso, os roteiristas fazem um trabalho excepcional em criar momentos de calmaria entre dois momentos de tempestade. Os dois protagonistas são muito bem desenvolvidos, já nos primeiros minutos em tela, o espectador já torce para que eles consigam cumprir a missão deles, e assim como disse antes, todos os personagens que eles encontram no caminho também são tratados como importantes, sejam eles aliados ou inimigos, porque eles colaboram para o movimento da trama e fazem o espectador se importar com os protagonistas (e com a missão deles) ainda mais. Por esses motivos, achei mais do que justo o roteiro de Mendes e Wilson-Cairns ter sido indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original, e se não fosse pelas ameaças de Tarantino, com “Era uma Vez em Hollywood”, e Bong Joon-Ho, com “Parasita”, “1917” teria grandes chances de levar o prêmio, e com justiça.
(Before I start talking about the film itself, I must say that I was really excited to watch it, ever since the first trailer was released. Initially, the marketing material of “1917” gave me some vibes that reminded me of a World War I “Dunkirk”, especially because of its technical aspects, which had continued shots in its cinematography and it seemed like it had an extraordinary sound work. After the marketing campaign, the first award ceremonies came along, and the victory of “1917” in the categories of Best Motion Picture – Drama and Best Director in the Golden Globes left me really surprised, and consequently, even more excited to watch this film, which was the only one left for me to have watched all the Oscar nominees for Best Picture. And I must say this movie may very well be one of the best, if not the best war film I've ever seen (no, I haven't watched “Saving Private Ryan” yet, but I absolutely will, sometime). The script for “1917” was written by director Sam Mendes and Krysty Wilson-Cairns, based on the stories that Mendes's grandfather, who was a veteran of WWI, told his grandson. Unlike “Dunkirk”, which made the Second World War its main protagonist, with very little character development, here we have a plot that is almost entirely focused on its characters and all the obstacles they must overcome in order to achieve their mission. It's an engaging, frenetic, realistic and really, really tense script. But, just like “Dunkirk”, “1917” has a melancholic vibe, dedicating some of its running time to reflect on the sadness and on the consequences of the War, which contributes for the construction of an emotional bond between the viewer and the protagonists. Mendes and Wilson-Cairns's script treats every character in the plot as important, which is good, 'cause then, no minute feels wasted here. As a war film, “1917” is pretty violent, but not in an exaggerated or stylized way, in an extremely realistic way, actually. Even though it's a really tense film, the screenwriters do an exceptional job in creating moments of serenity inbetween moments of tension. The two protagonists are really well developed, in their first minutes of screen time, the viewer is already hoping that they manage to reach their objective, and as I said before, every character they meet along the way is treated as important, ally or enemy, as they collaborate for the pacing of the plot and they make the viewer care about the protagonists (and their mission) even more. For those reasons, I thought it was more than fair that Mendes and Wilson-Cairns's script got nominated for Best Original Screenplay at the Oscars, and, if it wasn't for the threats of Tarantino with “Once Upon a Time in Hollywood”, and Bong Joon-Ho with “Parasite”, “1917” would have big chances of winning the award, and rightfully so.)



Sobre o elenco, devo dizer que o pessoal do casting fez uma escolha incrível ao escalar atores que não são tão conhecidos para os papéis principais. O George MacKay, conhecido pelos seus papéis em “Capitão Fantástico” e “Sunshine on Leith”, dá sua melhor atuação nesse filme. Ele começa o filme sendo uma pessoa muito séria, e ao longo da trama, vão surgindo muitas emoções em seu personagem, e o jeito que o ator lida com essas emoções é maravilhoso. O Dean-Charles Chapman, conhecido pelo papel de Tommen Baratheon em “Game of Thrones”, nos cativa desde o primeiro minuto em tela. O desenvolvimento dele é mais ou menos o contrário do de MacKay, ele começa fazendo algumas piadinhas engraçadas, e o personagem dele vai ficando cada vez mais sério no andamento da trama. Temos pontas curtas, mas significativas de vários atores britânicos famosos, entre eles Colin Firth, Mark Strong, Andrew Scott, Richard Madden e Benedict Cumberbatch, e cada um deles tem seu momento, mesmo que pequeno, de brilhar. Uma menção especial fica para a Claire Duburcq, que é a única mulher presente no elenco. Ela faz um trabalho muito bom, e queria muito ter visto mais da personagem dela, que possui uma dinâmica cativante com o personagem de MacKay.
(About the cast, I must say that the casting people made an amazing choice by casting not-so-well-known actors for the main roles. George MacKay, who is known for his roles in “Captain Fantastic” and “Sunshine on Leith”, gives his best performance in this film. He starts off as a very serious person, and throughout the plot, a lot of emotions begin to blossom on his character, and the way that the actor deals with those emotions is just wonderful. Dean-Charles Chapman, who is known for his role of Tommen Baratheon in “Game of Thrones”, captivates us from the first minute of screen time. His development is sort of the opposite of MacKay's, he starts off with some funny jokes, and his character becomes more serious as the plot moves forward. We have short, but significant cameos from several famous British actors, like Colin Firth, Mark Strong, Andrew Scott, Richard Madden and Benedict Cumberbatch, and each one has their moment, even though it's a small one, to shine. A special mention goes to Claire Duburcq, who is the only woman in the cast. She does a really good job, and I wished I got to see more of her character, who has a captivating dynamic with MacKay's character.)



Mas, assim como “Dunkirk”, o destaque em “1917” fica com os aspectos técnicos. Os dois planos-sequência extremamente longos feitos pelo Roger Deakins na direção de fotografia nos mantêm grudados no assento, roendo as unhas de tensão, e por isso, o trabalho de Deakins, vencedor do Oscar por “Blade Runner 2049”, merece o Oscar de Melhor Fotografia. A direção de arte faz um belo trabalho recriando o cenário de guerra presente na época em que o filme é ambientado. A montagem é extraordinária, porque se houve algum corte no meio dos dois planos-sequência de Deakins, é quase imperceptível. A edição e a mixagem de som são alguns dos aspectos que mais funcionam no filme, pois eles acentuam a tensão e até rendem uns sustos inesperados, dignos de filmes de terror. A trilha sonora do Thomas Newman é atmosférica, épica e maravilhosa, batendo de frente com a trilha de “Coringa”, composta pela Hildur Gudnadóttir, como os principais concorrentes ao prêmio de Melhor Trilha Sonora Original no Oscar. Os efeitos especiais desse filme são sensacionais. A maioria das pessoas acha que essa categoria serve para dar prêmios pros blockbusters, mas os efeitos práticos (e uma pitadinha de CGI) presentes em “1917” fazem desse filme o principal indicado ao prêmio de Melhores Efeitos Visuais. Então, com esse potencial, “1917” tem enormes chances de fazer presença nas categorias técnicas. E, é claro, não poderia deixar de mencionar a direção fantástica do Sam Mendes, pois se não fosse pelo trabalho dele de direcionar os atores e a equipe pela visão que ele tinha para o filme, o resultado definitivamente não seria o mesmo. E pra mim, isso já coloca Mendes como um dos principais indicados a Melhor Direção.
(But, just like “Dunkirk”, the highlight in “1917” stays with the technical aspects. The two extremely long continued shots filmed by Roger Deakins in the cinematography department keep us glued to our seats, biting our nails with tension, and because of that, Deakins's work, which was already recognized with an Oscar because of “Blade Runner 2049”, deserves the Oscar for Best Cinematography. The production design does a beautiful job in recreating the war scenario in the time the film is set. The editing is extraordinary, because if there was a single cut in Deakins's two continued shots, it's almost unnoticeable. The sound editing and mixing are some of the aspects that work the best in the film, as they crank the tension up to 11, and even give us some unexpected scares, like horror movie scares. Thomas Newman's score is atmospheric, epic and wonderful, going head-to-head with Hildur Gudnadóttir's score for “Joker” as the main contenders for the Best Original Score award at the Oscars. The special effects of this film are marvelous. Most people think this category is for awarding blockbusters, but the practical effects (and a tiny bit of CGI) in “1917” make this film the main contender for the Best Visual Effects award. So, with this potential, “1917” has enormous chances of making a presence in the technical categories. And, of course, I couldn't forget to mention Sam Mendes's fantastic directing, because if it wasn't for his work of directioning the actors and the crew through his vision for the film, the results would definitely not be the same. And for me, this already cements Mendes as one of the main contenders for Best Director.)



Resumindo, “1917” é uma obra-prima. Dirigido de uma forma extraordinária por Sam Mendes, o filme conta com um roteiro extremamente realista e tenso, um elenco muito talentoso, e aspectos técnicos de tirar o fôlego, o que o consolida como um dos principais indicados a Melhor Filme e Melhor Direção no Oscar, além de muitas outras categorias técnicas. Vejam na maior tela possível, porque esse merece.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “1917” is a masterpiece. Directed in an extraordinary way by Sam Mendes, the film has an extremely realistic and tense script, a very talented cast, and breathtaking technical aspects, and that cements it as one of the main contenders for Best Picture and Best Director at the Oscars, among many other technical categories. Watch it in the biggest screen you can afford, because this one deserves it.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)




domingo, 12 de janeiro de 2020

"Adoráveis Mulheres": mais uma prova de que certas histórias são atemporais (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, e vim trazer para vocês a resenha de um dos melhores filmes dessa temporada de prêmios. Sendo a sétima adaptação do mesmo material fonte (um livro do século 19), o filme em questão é mais uma prova de que certas histórias são atemporais, se colocadas para serem adaptadas nas mãos certas. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Adoráveis Mulheres”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to write the review of one of the best films in this award season. As the seventh film adaptation of the same source material (a book from the 19th century), the movie I'm about to review is proof that certain stories can be timeless, if adapted by the right people. So, without further ado, let's talk about “Little Women”. Let's go!)



Baseado no livro “Mulherzinhas”, escrito por Louisa May Alcott, o filme é ambientado no período da Guerra Civil Americana e explora o passado e o presente da vida cotidiana e atribulada das irmãs March: Jo (Saoirse Ronan), uma jovem dramaturga que sonha em ser escritora; Meg (Emma Watson), a irmã mais velha; Amy (Florence Pugh), a caçula aspirante a pintora; e Beth (Eliza Scanlen), que encontra conforto na música.
(Based on the book of the same name, written by Louisa May Alcott, the film is set during the American Civil War and explores both the past and the present of the daily yet troubled lives of the March sisters: Jo (Saoirse Ronan), a young playwright who dreams of becoming a writer; Meg (Emma Watson), the oldest sister; Amy (Florence Pugh), the youngest sister who is an aspiring painter; and Beth (Eliza Scanlen), who finds comfort in music.)



Ok, pra começar, minhas expectativas para esse filme estavam enormes, por duas razões: 1) é escrito e dirigido pela Greta Gerwig, responsável por “Lady Bird”, que é um dos meus filmes adolescentes favoritos; 2) ao me preparar para assistir essa versão, vi duas outras adaptações do livro (o filme de 1994 e a minissérie de 2017) e me apaixonei completamente pela história. Essas duas razões, somando com a quantidade de talento que o elenco desse filme tem, resultaria em uma das melhores versões dessa história. E fico muito feliz em dizer que essa foi a melhor das 3 adaptações que vi. Uma coisa que Gerwig faz diferente das outras versões diz respeito à linearidade da linha temporal do roteiro. Em vez de contar a história na ordem cronológica, a roteirista e diretora escolheu começar a história no presente e fazer o uso de flashbacks para contar as partes ambientadas no passado. Para algumas pessoas, especialmente aquelas que não são familiarizadas com o material fonte, isso pode parecer um pouco confuso, porque as duas linhas temporais pelas quais o filme transita têm 7 anos de distância e o elenco não muda, fisicamente. Mas, através dos aspectos técnicos de cada linha temporal, como a iluminação e até o uso de cores, é bem possível diferenciar uma da outra. A história, pelo menos comparando com as outras duas adaptações que vi, continua a mesma, com Gerwig tratando toda trivialidade da vida das March como importante, fazendo uso de uma ótima duração (2 horas e 15 minutos) para isso. O roteiro adapta o material fonte de uma maneira bem fiel, que mantém a espinha dorsal da trama e que, ao mesmo tempo, traz uma modernização de seus temas, algo bem parecido com o que a série “Anne with an E”, da Netflix, fez, o que apenas reforça a atemporalidade do livro de Alcott. E não deixe o título enganar: “Adoráveis Mulheres” não é um filme só para mulheres, é um filme para todo mundo. Todos tem a capacidade de achar alguém na trama com quem possam se identificar, e é isso que torna essa história auto-biográfica (“Mulherzinhas” é uma autobiografia da autora do livro) tão universal. O material fonte possui uma quantidade grande de personagens, e, naturalmente, o filme concentra em um grupo específico de “protagonistas”, enquanto outros são deixados mais de lado, mas isso não me incomodou em nenhum momento. Todos os personagens são desenvolvidos de acordo com a importância que eles têm na trama do livro. O núcleo emocional da história é mantido, é bem emocionante, mas ao mesmo tempo, realista e até inspirador também. Pelas novidades narrativas que Gerwig trouxe à maneira de contar essa história, de uma forma extremamente fiel, moderna e até carinhosa, o roteiro de “Adoráveis Mulheres” tem grandes chances na categoria de Melhor Roteiro Adaptado no Oscar, e com razão.
(Ok, for starters, my expectations for this film were huge, for two reasons: 1) it is written and directed by Greta Gerwig, who wrote and directed “Lady Bird”, which is one of my favorite coming-of-age films; and 2) in preparation for this version, I watched two previous adaptations of the book (the 1994 film and the 2017 miniseries) and completely fell in love with the story. These two reasons, along with the absurd amount of talent that the cast of this film has, would result in one of the best versions of this story. And I am very glad to say that this was the best adaptation, out of the 3 I've seen. One thing that Gerwig does differently, comparing with other versions, is the non-linear way of storytelling. Instead of telling the story in a chronological order, as other adaptations did, the writer and director chose to start the plot in the present, and to use flashbacks to portray the scenes set in the past. To some people, especially those who aren't familiar with the source material, this could sound a little confusing, as the two timelines the film is set in are 7 years apart, and the cast doesn't suffer any physical change. But, through the technical aspects of every setting, as lighting and even the use of color, it's very possible to notice the differences between them. The story, at least comparing with adaptations I've seen, remains the same, with Gerwig treating every one of the March's trivialities as important, making use of a great running time (2 hours and 15 minutes) to do so. The script adapts the source material in a very faithful way, which maintains the essence of the plot, and that, at the same time, brings a modernization of its themes, which is pretty similar to what the Netflix series “Anne with an E” did, which only reinforces the timelessness of Alcott's novel. And don't let the title deceive you: “Little Women” is not a film just for women, it's a film for everyone. Everyone has the capacity of finding someone they can identify with here, and that's what makes this autobiographical story (“Little Women” is an autobiography of the book's author) so universal. The source material has a large quantity of characters, and, naturally, the movie focuses on a specific group of “protagonists”, while not giving that much attention to other characters, but that didn't bother me at all. All the characters are developed according to their importance in the book's plot. The story's emotional core is maintained, it's very touching, but at the same time, it's realistic and even inspiring too. Because of Gerwig's new structure to tell this story, in a modern, extremely faithful and caring way, the script for “Little Women” has big chances in the Best Adapted Screenplay category in the Oscars, and rightfully so.)



Devo dizer que esse deve ser o elenco mais perfeito pra essa história desde o filme de 1994. A Saoirse Ronan está perfeita como a Jo, em um empate acirradíssimo com a Winona Ryder como a melhor intérprete da personagem. Ela é engraçada, tem uma personalidade cativante, e o desenvolvimento dela ao longo da trama é muito interessante de se ver. Assim como Ryder foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua performance como Jo em 1995, o mesmo deve acontecer com Ronan, que, se indicada, terá 4 indicações à estatueta dourada. Outra atriz que brilha demais nesse filme é a Florence Pugh como Amy. Já sabia que ela era ótima atriz desde “Midsommar”, onde ela literalmente salvou o filme pra mim, mas aqui, vemos um desenvolvimento bem maduro de sua personagem, que não é tão infantil quanto nas outras adaptações, mesmo sendo a irmã mais nova, e tudo graças à atuação de Pugh, o que pode render uma indicação a Melhor Atriz Coadjuvante a ela. A Emma Watson e a Eliza Scanlen são deixadas mais de escanteio, mas a atuação delas e o desenvolvimento de suas personagens, especialmente o de Beth, personagem de Scanlen, são o suficiente para fazer com que nos importemos com elas. Eu gostei bastante do Timothée Chalamet como Laurie. Ele tem uma química visível com todas as quatro irmãs, eu achei impressionante. Nos personagens mais adultos, temos Laura Dern, Bob Odenkirk, Chris Cooper, Louis Garrel, Tracy Letts e James Norton, e todos trabalham muito bem com o material que é dado a cada um. A Meryl Streep tem um dos seus papéis mais engraçados aqui como a tia March, ela é uma pessoa bem sarcástica, hilária e realista, o que, somando com a performance de Streep, faz dela uma das melhores personagens do filme.
(I must say that this may be the most perfect cast for this story since the 1994 film. Saoirse Ronan is perfect as Jo, she is tied with Winona Ryder for me, as the best portrayal of the character. She is funny, her personality is captivating, and her development throughout the plot is really interesting to see. Just like Ryder was nominated for Best Actress at the Oscars in 1995 for her performance as Jo, the same could happen to Ronan, who, if nominated, will gather 4 nominations to the golden statue. Another actress that shines even brighter in this film is Florence Pugh as Amy. I already knew she was a great actress since “Midsommar”, where she literally saved the movie, for me, but here, we see a really mature development of her character, who isn't as stubborn as she was in previous adaptations, even though she's the youngest sister, all that thanks to Pugh's performance, which may be nominated for Best Supporting Actress. Emma Watson and Eliza Scanlen don't make that much of a presence, but their performances and the development of their characters, especially Beth, portrayed by Scanlen, are more than enough to make us care about them. I really liked Timothée Chalamet as Laurie. He has a noticeable chemistry with all the sisters, I thought it was impressive. In the more adult cast, we have Laura Dern, Bob Odenkirk, Chris Cooper, Louis Garrel, Tracy Letts and James Norton, and everyone works really well with the material that's given to each one of them. Meryl Streep has one of her funniest roles here as Aunt March, she's a really sarcastic, hilarious and realistic person, which, along with Streep's performance, makes her one of the film's best characters.)



Nos aspectos técnicos, temos um dos maiores destaques do filme. Como a trama é ambientada em duas linhas temporais com 7 anos de distância, a fotografia e a direção de arte fazem um trabalho extraordinário em estabelecer a diferença entre essas duas épocas. No passado, a iluminação é bem mais clara, o visual do filme é bem vibrante, com cores em tons pastel fazendo um contraste sensacional com o cenário repleto de neve, como se o passado fosse um conto de fadas. Já no presente, a iluminação é bem mais natural, as cores são mais uniformes e o visual não é tão vibrante, mas não se enganem, isso não é uma coisa ruim, isso apenas reforça a realidade da situação pela qual os personagens estão passando. O figurino faz um papel muito importante na trama, pois como Jo é uma dramaturga, uma peça precisa de figurinos, e a Jacqueline Durran, conhecida pelo design de figurino do remake de “A Bela e A Fera” e de vários filmes de época, como “Orgulho e Preconceito”, faz um trabalho impecável e digno de Oscar aqui. A trilha sonora do Alexandre Desplat, que venceu 2 Oscars pelas trilhas de “O Grande Hotel Budapeste” e “A Forma da Água”, prova que o compositor pode muito bem faturar sua terceira estatueta, pois novamente, ele faz um trabalho inigualável, que também colabora para estabelecer a diferença entre as duas ambientações da trama, ao mesmo tempo que é uma das coisas mais inspiradoras do filme.
(In the technical aspects, we find some of the film's greatest highlights. As the plot is set in two timelines that are 7 years apart, the cinematography and the production design do an extraordinary work in establishing the difference between these two times. In the past, the lighting is pretty much clearer, the visuals are more vibrant, with pastel-coloured tones making a wonderful contrast with the snow-filled sets, as if the past was a fairy tale. In the present, the lighting is much more natural, the colors are more homogeneous, and the visuals are not that vibrant, but don't get me wrong, that's not a bad thing, it only reinforces the realness of the situation the characters are going through. The costumes have a really important role in the plot, because as Jo is a playwright, a play needs costumes, and Jacqueline Durran, known for the costume design of the “Beauty and the Beast” remake, and for several period films, like “Pride and Prejudice”, does a flawless, Oscar-worthy job here. The score composed by Alexandre Desplat, who won 2 Oscars for the scores of “The Grand Budapest Hotel” and “The Shape of Water”, is proof that he could win his third Oscar, because once again, he does a splendid job, which collaborates in establishing the differences between the two timelines, and at the same time, the score is one of the most inspiring things in the film.)



Resumindo, “Adoráveis Mulheres” é uma ótima adaptação do material fonte, comandada por uma das melhores diretoras dessa geração, que faz uso de um fantástico elenco e um trabalho técnico impecável para tratar essa história querida com carinho, o que reforça a atemporalidade e a universalidade do romance de Louisa May Alcott.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Little Women” is a great adaptation of its source material, led by one of the best directors of this generation, who makes use of a fantastic cast and flawless technical work to treat this treasured story with care, which reinforces the timelessness and the universality of Louisa May Alcott's novel.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)




terça-feira, 7 de janeiro de 2020

"Jojo Rabbit": uma sátira anti-nazismo engraçada, comovente e relevante (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, e, nessa postagem, irei comentar sobre um dos filmes que mais dividiram os críticos em 2019. Dirigido pelo neozelandês Taika Waititi, o filme em questão é uma sátira ambientada na Segunda Guerra Mundial, que possui o senso de humor ácido do diretor, mas também carrega um núcleo emocional bem forte. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Jojo Rabbit”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, and, in this post, I'll be talking about one of the most polarizing films of 2019. Directed by New Zealander Taika Waititi, the film I'm about to review is a satire set in World War II, which contains the director's acid sense of humor, but it also carries a really strong emotional core. So, without further ado, let's talk about “Jojo Rabbit”. Let's go!)



O filme é ambientado na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, e segue Jojo Betzler (Roman Griffin Davis), um garoto de 10 anos fanático com as ideologias do nazismo, cujo amigo imaginário é uma versão pateta e conselheira de Hitler (Taika Waititi). Certo dia, ele descobre que sua mãe (Scarlett Johansson) está escondendo uma garota judia (Thomasin McKenzie) na casa deles, e por causa disso, Jojo se encontra em um conflito com sua própria moral.
(The film is set in Germany, during World War II, and follows Jojo Betzler (Roman Griffin Davis), a 10-year-old boy who is fascinated with the ideologies of the Nazis, and whose imaginary friend is a goofy, advice-giving version of Hitler (Taika Waititi). One day, he discovers that his mother (Scarlett Johansson) is hiding a Jewish girl (Thomasin McKenzie) in their home, and because of that, Jojo finds himself in conflict with his own morality.)



Antes de começar a falar sobre o filme em si, vou dedicar algumas linhas para falar sobre minhas expectativas para ele. Eu sou MUITO fã do diretor, Taika Waititi, conhecido pelas comédias indie “O Que Nós Fazemos nas Sombras” e “A Incrível Aventura de Ricky Baker”, e por “Thor: Ragnarok”, para o público mais comercial. Ele faz filmes diferentes, surpreendentemente comoventes, e muito engraçados. Quando eu ouvi falar desse filme, eu falei pra mim mesmo “Pronto. Eu preciso ver 'Jojo Rabbit'”. Eu acho que a última vez que minhas expectativas estavam tão altas para um filme foi com “A Forma da Água”, dirigido por Guillermo del Toro. E eu fico MUITO feliz em dizer que minhas expectativas não só foram atendidas, mas também fui positivamente surpreendido pela capacidade que o filme teve de misturar dois gêneros que causam sentimentos opostos no espectador: a comédia e o drama. Sinceramente, não sei porque o filme vem causando tanta polêmica, então vamos esclarecer uma coisa: “Jojo Rabbit” não faz apologia ao nazismo, pelo contrário, ele aponta o quão ridículas e absurdas as ideologias nazistas eram, de uma maneira ousada que mistura o senso de humor satírico dos filmes do Mel Brooks com a sofisticação técnica dos filmes do Wes Anderson. Se o filme aborda um tema principal, esse tema seria o amadurecimento intelectual e ideológico do protagonista, e o roteiro faz um trabalho excelente retratando a lenta, mas constante evolução e mudança da mente de Jojo. O filme começa como uma comédia muito engraçada, é bem colorido, energético, cheio de piadinhas, e, em certo momento, há uma quebra de expectativa genial que “acorda” Jojo para a realidade em que ele está vivendo. Essas quebras de expectativa não só surpreendem nosso protagonista, mas também o público, pois realmente não esperávamos que tal coisa acontecesse. Outro aspecto que o roteiro trabalha de forma sublime é o desenvolvimento dos personagens, especialmente o dos personagens nazistas, que começam como alívio cômico, ou seja, personagens que são colocados pra fazer o espectador rir, mas que depois começam a mostrar sua verdadeira natureza, especialmente nas quebras de expectativa mencionadas anteriormente. Apesar de bem engraçado, como mencionei na introdução, o filme também carrega um núcleo emocional muito forte, porque, afinal de contas, é um filme de guerra. Não chega a deixar cicatrizes emocionais, e também não mostra os horrores da Guerra de forma extremamente explícita, como nos casos de “A Lista de Schindler” e “O Pianista”, mas é um filme bem comovente. E o mais interessante é que esse filme vai muito além do contexto da ambientação da trama, e fala sobre temas muito presentes nos dias de hoje, especialmente o preconceito, algo que fazia uma enorme presença na época em que o filme é ambientado e que, infelizmente, ainda acontece na atualidade. Pela mistura incrível entre dois gêneros opostos, e pela abordagem única de um tema tão delicado e pesado como a Segunda Guerra, o roteiro de “Jojo Rabbit” merece uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. É isso.
(Before I start talking about the film itself, I'll occupy some lines to comment on my expectations for it. I am a HUGE fan of the director, Taika Waititi, who is known for the indie comedies “What We Do In the Shadows” and “Hunt for the Wilderpeople”, and also for “Thor: Ragnarok”, which was well-received by the general public. He makes different, surprisingly moving and really funny films. When I heard that he was making this one, I said to myself “Okay. I need to see 'Jojo Rabbit'”. I think that the last time my expectations for a film were this high, it was because of Guillermo del Toro's “The Shape of Water”. And I am REALLY glad to say that not only my expectations were confirmed, I also became positively surprised by its capacity to mix two genres that should cause opposite reactions to the audience: comedy and drama. Honestly, I don't know why this film has been causing so much controversy, so, let's make something clear: “Jojo Rabbit” isn't an advocate for Nazis, on the contrary, it points on how absurd and ridiculous their ideologies were, in a bold way that blends Mel Brooks's satirical sense of humor with the technical sophistication of Wes Anderson films. If “Jojo Rabbit” had to deal with a main theme, that theme would be the intellectual and ideologic “coming-of-age” of its protagonist, and the script does an excellent job in portraying the slow, but constant evolution and change of Jojo's mind. The film starts as a really funny comedy, it's very colorful, energetic, filled with jokes here and there, and, in a specific moment, there's a breaking of expectations that “wakes” Jojo up to the reality he's living. These expectation breaches not only take the main character by surprise, but they also surprise the audience, because we really weren't waiting for that thing to happen. Another aspect that the script does really well is the development of its characters, especially the Nazi characters, who start off as comic relief, characters that are there to make you laugh, but then they start to show their true nature, especially in the previously mentioned expectation breaches. Even though it's quite funny, as mentioned in the introduction, the film also carries a very strong emotional core, because, after all, this is a war film. It's not emotionally scarring, and it doesn't show the horrors of the war in an extremely explicit way, like in “Schindler's List” or “The Pianist”, for example, but it's a really touching film. And the most interesting thing about it, is that it goes beyond the context of the plot's setting, and it also deals with themes that are present today, especially prejudice, which made a huge presence in the time the movie is set, and that, unfortunately, still happens to this day. Because of the incredible mix between opposite genres, and the unique approach to a delicate, heavy theme like World War II, the script of “Jojo Rabbit” deserves to be nominated for Best Adapted Screenplay at the Oscars. That's it.)



Além de ter um roteiro genial, é preciso reconhecer a dedicação do elenco à proposta do diretor. Fiquei surpreso quando vi que o Roman Griffin Davis tinha sido indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator – Comédia ou Musical pela atuação dele como Jojo, mas agora vejo que foi muito merecido. Duas coisas que eu sempre analiso em performances infantis são a capacidade de atuar com emoções diferentes, e a capacidade do ator de fazer o público acreditar que aquele personagem pode muito bem ter existido na vida real, e esse garoto acerta tudo em cheio. Eu não tenho vergonha em dizer que eu me apaixonei pela Thomasin McKenzie nesse filme. A personagem dela é forte, muito inteligente, e tem alguns dos melhores diálogos do roteiro. A química dela com Davis é tão evidente que é quase palpável, pois ela é a chave para o desenvolvimento ideológico do protagonista, como mencionei no parágrafo anterior. A personagem da Scarlett Johansson deve ser a pessoa mais otimista que eu já vi em um filme de guerra, e por isso, ela merece uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Ela é engraçada, compreensiva, e tem uma boa dinâmica com os protagonistas mirins. Como alívios cômicos, temos Sam Rockwell, Rebel Wilson e Alfie Allen como oficiais nazistas, que vão mudando sua natureza de algo mais cômico para uma veia mais dramática ao longo da trama; Archie Yates, que é hilário como o melhor amigo de Jojo; e o diretor Taika Waititi como Hitler, cujo desenvolvimento é o melhor trabalho dramático de Waititi desde “Boy”, de 2010, o que pode até render uma indicação a Melhor Ator Coadjuvante para ele.
(Besides having a genius script, you have to recognize the cast's dedication to the director's proposal. I was surprised when I heard that Roman Griffin Davis was nominated for the Golden Globe for Best Actor – Musical or Comedy because of his performance as Jojo, but now I see that it was very much deserving. Two things I always look for in child performances are their capacity of conveying emotion and their capacity of making the viewer believe their character could have existed in real life, and this kid gets everything right. I'm not ashamed to say that I fell in love with Thomasin McKenzie because of this movie. Her character is strong, very clever, and has some of the script's best dialogue. Her chemistry with Davis is so evident you can reach out and touch it, as she is the key for the main character's ideological development, as mentioned in the previous paragraph. Scarlett Johansson's character might as well be the most optimistic person I've ever seen in a war film, and because of that, she deserves a nomination for Best Supporting Actress at the Oscars. She's funny, understanding, and has good dynamics with the child protagonists. As comic reliefs, we have Sam Rockwell, Rebel Wilson and Alfie Allen as Nazi officers, who change their nature from comical to dramatic throughout the plot; Archie Yates, who is hilarious as Jojo's best friend; and director Taika Waititi as Hitler, whose development is Waititi's finest dramatic work since 2010's “Boy”, which may even nominate him for Best Supporting Actor.)



Nos aspectos técnicos, vemos uma mudança radical no visual, se comparado à outros filmes de guerra. Temos aqui uma paleta de cores mais vibrante, colorida, o que, por completa coincidência, retrata a Alemanha como ela realmente era na época, de acordo com o diretor. Assim como aconteceu com “Coringa”, a direção de arte e a fotografia ajudam bastante a estabelecer a mudança de tom na trama. Na direção de fotografia, os movimentos e a centralização da câmera chegam a ser muito parecidos com o trabalho do Robert Yeoman nos filmes do Wes Anderson, assim como no figurino dos personagens, que é bem extravagante. A trilha sonora original do Michael Giacchino é jovial, composta por marchas e tons fantasiosos, para combinar com a inocência do protagonista ao início da trama. A trilha sonora é bem interessante, pois é composta por músicas como “I Want To Hold Your Hand”, dos Beatles, e “Heroes”, de David Bowie, só que cantadas em alemão, o que eu achei bem inventivo. Inclusive, tem uma montagem nos créditos iniciais que, na minha opinião, é genial, porque a analogia que ela faz é muito verdadeira. Acredito que, nos aspectos técnicos, “Jojo Rabbit” tenha muitas chances em algumas categorias no Oscar, como Melhor Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Trilha Sonora Original e Figurino.
(In the technical aspects, we see a radical change in the visuals, if compared to other war films. We have a more vibrant, colorful palette here, which, coincidentally, portrays Germany as it actually was in that time, according to the director. Just as it happened with “Joker”, the production design and the cinematography really help establishing the change of tone in the plot. In the cinematography department, the camera's movements and centralization are very much alike Robert Yeoman's work in Wes Anderson films, as it also happens in the costume design, which is really stylish. Michael Giacchino's original score is youthful, being composed by marches and fantasy tones, to match the protagonist's innocence in the beginning of the plot. The soundtrack is quite interesting, because it's composed by songs like The Beatles' “I Want To Hold Your Hand” and David Bowie's “Heroes”, but sung in German, and I thought that was really inventive. By the way, there is a montage in the film's initial credits that, in my opinion, is brilliant, because the analogy it makes is really truthful. I believe that, in the technical aspects, “Jojo Rabbit” has a lot of chances in some categories at the Oscars, mainly Best Cinematography, Editing, Production Design, Original Score, and Costume Design.)



Resumindo, “Jojo Rabbit” é uma sátira anti-nazismo ousada que é ao mesmo tempo engraçada, comovente e relevante. O roteiro consegue trabalhar dois gêneros opostos de uma maneira excelente, o elenco entrega atuações dignas de prêmios, e os aspectos técnicos dão uma identidade única para o filme, se distanciando de outros filmes de guerra. Estarei torcendo bastante por esse filme no Oscar, pois ele merece e precisa ser visto!

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Jojo Rabbit” is a bold anti-Nazi satire that's funny, moving, and relevant, all at once. The script manages to work with two opposite genres in an excellent way, the cast delivers award-worthy performances, and the technical aspects give this film an unique identity, which makes it stand further from other war films. I'll be cheering for this film during the Oscars, because not only it needs to be seen, it deserves to be seen!

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)