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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para trazer a primeira parte de uma nova postagem especial aqui no blog! Com o final da nossa série sobre o trabalho de Christopher Nolan, decidi iniciar um especial sobre animações diferentes, fora do espectro dos grandes estúdios ocidentais. Vocês podem ter conhecido algumas; outras, talvez não; e meu propósito com essa postagem é reforçar a qualidade dessas animações, e para os que não conhecem, apresentá-las a vocês! Vamos começar com um clássico moderno da animação francesa, que apresenta um estilo de animação único e uma história divertidíssima. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “As Bicicletas de Belleville”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to bring the first part in a special post here in the blog. With the conclusion of our series of reviews on the work of Christopher Nolan, I decided to start a special post on different animated films, out of the great Western studios spectre. You might have heard of some of these; others, maybe not; and my objective with this post is to reinforce the quality of these animated films, and to those who don't know them, introduce them to you! Let's start off with a modern classic of French animation, which presents an unique style of animation and an extremely fun story. So, without further ado, let's talk about “The Triplets of Belleville”. Let's go!)
O filme conta a história de Champion, um jovem que, desde criança, é apaixonado por ciclismo. Em sua maioridade, depois de muito treinamento, ele recebe a oportunidade de percorrer uma etapa da Tour de France. De modo inesperado, Champion é sequestrado pela máfia francesa, imediatamente preocupando sua avó. Vendo nenhuma alternativa para um possível resgate, a idosa conta com o auxílio do cachorro da família e um trio de cantoras de vaudeville para resgatar o neto.
(The film tells the story of Champion, a young man who, since his childhood, loves cycling. At an older age, after lots of training, he gets the opportunity of racing in a stage of the Tour de France. Unexpectedly, Champion is kidnapped by the French mafia, which immediately worries his grandmother. Without a clear alternative of how to possibly rescue him, the elderly woman relies on the aid of the family dog and a trio of vaudeville singers in order to rescue her grandson.)
A primeira e única vez que vi esse filme foi por volta de 2007 ou 2008, quando meu irmão alugou o DVD em uma locadora (ah, bons tempos). Lembro que tinha gostado bastante, porque não tinha visto nada parecido com aquilo nos filmes que já tinha assistido. Agora, já crescido e com um sentido mais aguçado para ler possíveis referências e simbolismos, posso tranquilamente dizer que é uma das melhores animações de todos os tempos. É o primeiro filme dirigido pelo Sylvain Chomet, que, até agora, só dirigiu dois longas-metragens: este e “O Mágico”, baseado em um roteiro não-produzido do cineasta francês renomado Jacques Tati; que, por sua vez, é referenciado várias vezes em “As Bicicletas de Belleville”. Uma das maiores vantagens desse filme, que acaba por torná-lo mais acessível ao público geral, é o fato dele não possuir quase nenhum diálogo; permitindo que o espectador aprecie mais o visual da animação. Como um filme praticamente mudo, o diretor encontra maneiras de conectar a história com o público através das expressões dos personagens, que dizem mais que mil palavras; e dos detalhes visuais, que são realmente bem diferentes do que grandes estúdios como a Disney e a DreamWorks têm a oferecer. É uma história muito divertida, com um passo muito bem calculado. Os personagens são introduzidos ao espectador de maneira perfeita, já atraindo a atenção e a simpatia do público. Uma das melhores coisas sobre “As Bicicletas de Belleville”, sem dúvida, é o senso de humor, que fica ainda mais agradável sem diálogos. As piadas variam das mais simples, como aquelas clássicas de comédia pastelão, no estilo Charlie Chaplin; às mais absurdas, como alguém literalmente jogar uma granada de mão no mar para conseguir o jantar do dia. E todas essas piadas funcionam perfeitamente. Ao contrário do segundo filme de Chomet, que tem uma veia mais dramática; “Belleville” é constantemente engraçado, seja por causa dos personagens, das circunstâncias em que tais personagens se encontram, ou pela improbabilidade de algo que está acontecendo na tela acontecer na vida real. Mesmo sendo extremamente engraçado e divertido, é um filme bem adulto, com uma história bem madura, e alguns momentos que podem ser chocantes para crianças menores, tendo aí mais um diferencial, se comparado com os grandes estúdios de animação ocidentais. Mas algo que realmente me impressionou quando o vi novamente foram as críticas severas, sarcásticas e nem um pouco discretas ao “American way of life” (ou modo de vida Americano) contidas ao longo da trama. Tais críticas podem ser facilmente identificadas através das diferenças entre a vida que Champion e sua avó tinham no interior e a vida na cidade de Belleville, que, pela caracterização mostrada no filme, seria uma Nova York francesa. Pensem em todos os estereótipos possíveis de uma verdadeira cidade grande americana: porções de comida enormes; pessoas extremamente obesas; alto nível de poluição; pobreza; escoteiros insistentes... Esse tipo de subtexto abre os olhos do espectador para ver o filme sob uma perspectiva completamente nova, o que acaba por tornar a obra em algo muito mais profundo do que o esperado. Resumindo, “As Bicicletas de Belleville” tem um roteiro simples, divertido, e absurdamente engraçado que aborda subtextos surpreendentemente relevantes de uma forma nada discreta. E é por isso que esse filme deveria ter ganho o Oscar de Melhor Filme de Animação ao invés de “Procurando Nemo”. Pronto, falei.
(The first and only time I watched this movie was around 2007 or 2008, when my brother rented the DVD at a video rental store (ah, those were good days). I remember I liked it a lot, as I hadn't seen anything like it, comparing to the films I was familiar with. Now, all grown up and armed with a stronger sense of reading possible references and symbolisms, I can safely say it's one of the best animated films of all time. It is the first film directed by Sylvain Chomet, who only directed two feature-length films to this day: this one and “The Illusionist”, based on an unproduced script by renowned French filmmaker Jacques Tati; who, in turn, is frequently referenced throughout “The Triplets of Belleville”. One of the film's biggest advantages, which ends up making it more accessible to the general public, is the fact that it almost doesn't have any dialogue; allowing the viewer to appreciate the animation's visuals. As a practically silent film, the director finds some ways of connecting the story with the audience through the characters' expressions, which say a lot more than a thousand words; and through the visual details, which are quite different from what big studios like Disney or DreamWorks have to offer. It's a really fun story, with a well-calculated pace. The characters are perfectly introduced to the viewer, leading to an almost immediate attraction and sympathy from the viewer. One of the best things about “The Triplets of Belleville” is, without a doubt, its sense of humor, which is even more pleasant without any dialogue. The jokes vary from the most simple ones, like Chaplin-ish slapstick comedy; to an absurdist level, like someone literally throwing a hand-grenade into the sea to get that day's dinner. And all of those jokes land perfectly. Unlike Chomet's second film, which goes in a much more dramatic path; “Belleville” is frequently funny, making every kind of joke through its characters, the circumstances they're under, or just the plain impossibility of some events to happen in real life. Even though it's exquisitely funny, it's a pretty mature film, which tells a really adult story, and it has some moments that could be shocking for the little ones, which is yet another difference it contains, if compared to the large Western studios. But something that really caught me off-guard when I rewatched it were the severe, sarcastic, and not at all discrete criticisms made towards the “American way of life” contained throughout the plot. Those criticisms can be easily identifiable through the differences between Champion and his grandmother's life in the country and life in Belleville, which, by its characterization in the film, would be a French New York City. Think about every possible stereotype of a true American big city: the enormous portions of food; the extremely obese people; high pollution levels; poverty; insistent boy scouts... This kind of subtext opens the viewer's eyes to watch the film under a whole new perspective, which ends up making it something way deeper than expected. In a nutshell, “The Triplets of Belleville” has a simple, fun and absurdly funny script that deals with surprisingly relevant subtexts in an indiscreet way. And that is why this film should've won the Oscar for Best Animated Feature rather than “Finding Nemo”. There, I said it.)
Como o filme é praticamente mudo, não tem jeito de avaliar as performances vocais dos atores. O pouco diálogo que o filme possui serve para ambientar o espectador dentro da trama. Tirando isso, os personagens são desenvolvidos de forma impecavelmente compreensível sem nenhuma fala. A Madame Souza, a avó do protagonista, é uma das melhores personagens idosas que eu já vi em uma animação, indo completamente contra os estereótipos que esses filmes podem colocar em pessoas de idade avançada. Ela é persistente, focada, carinhosa, e já ganha a simpatia do espectador no primeiro momento em tela. O melhor alívio cômico fica com o cachorro, Bruno. Não vou dar nenhum spoiler aqui, mas a evolução dele ao longo da trama é simplesmente hilária. Não há uma cena com esse cachorro nela que não seja uma cena engraçada. Os mafiosos, os vilões do filme, são bem ameaçadores. Parte do porquê do filme ser mais adulto vem deles. Eles são violentos, e têm uma vibe arrepiante de Agente Smith (vilão de “Matrix”) no DNA deles. E, por último, mas não menos importante, temos o trio de cantoras de vaudeville conhecido como As Trigêmeas de Belleville. Aqui temos outro caso de evolução que é simplesmente impressionante. O espectador fica surpreso ao ver quanto tempo passou entre as aparições delas, e todo esse tempo é exposto em cada detalhe dos rostos delas. É algo brilhante e melancólico, até. Além disso, as três são absolutamente hilárias, sendo responsáveis por alguns dos melhores momentos do filme.
(As the film is practically silent, there's no way to evaluate the cast's vocal performances. The little dialogue it has is there to set the viewer inside the plot. Other than that, the characters are developed in a flawlessly comprehensible way without a single line of dialogue. Madame Souza, the main character's grandmother, is one of the best elderly characters I've ever seen in an animated film, and she goes completely against all the stereotypes that these types of films can place upon elderly people. She's persistent, focused, kind-hearted, and already wins the viewer's sympathy from the moment she appears on-screen. The best comic relief is definitely the dog, Bruno. I won't spoil anything here, but his evolution throughout the plot is simply hilarious. There isn't a single scene with this dog in it that isn't funny. The mafiosos, the film's villains, are really threatening. Part of why the film is more adult comes from them. They are violent, and have a spine-chilling Agent Smith vibe embedded in their DNA. And at last, but not least, we have the trio of vaudeville singers known as the Triplets of Belleville. Here, we have another evolution case that's simply impressive. The viewer is surprised to see how much time has passed between their appearances, and all this time is exposed in every detail on their faces. It's brilliant and even melancholic. Besides, the trio is absolutely hilarious, being responsible for some of the film's best moments.)
A qualidade técnica de “As Bicicletas de Belleville” é incomparável. Várias animações podem ser muito engraçadas e sem diálogo (“Shaun, O Carneiro: O Filme” consegue ser os dois), mas o visual é o maior diferencial entre o trabalho de Chomet e o dos grandes estúdios. É feita uma mistura entre uma animação tradicional extremamente bem detalhada, pouco uso de CGI que não tira o espectador do filme, e imagens de arquivo em uma ótima resolução. A cena inicial faz uma bela homenagem ao método “rubber hose”, que foi o primeiro estilo de animação estabelecido nos EUA, e serviu como base para o visual já icônico do game “Cuphead”. Vários estúdios, como o Studio Ghibli e a LAIKA, possuem características específicas que tornam o estilo de animação deles único. Igualmente, pode-se dizer que o trabalho de Sylvain Chomet também tem suas particularidades: uma vibe mais adulta, urbana, e até inesperadamente fantasiosa que fascina o espectador; personagens extremamente bem desenvolvidos sem nenhuma espécie de diálogo; uma paleta de cores vibrante; inspirações em cineastas renomados como Jacques Tati e Federico Fellini; entre muitas outras. A trilha sonora instrumental do Benoît Charest é sublime, uma verdadeira comemoração à música francesa. E a canção original indicada ao Oscar, “Belleville Rendez-vous”, composta por Charest e Chomet, é altamente viciante. Só para vocês terem um gostinho do estilo do diretor, aí está uma piada do sofá que ele dirigiu para “Os Simpsons”:
(The technical quality of “The Triplets of Belleville” is incomparable. Several animated films can be very funny and dialogue-free (“Shaun the Sheep Movie” is both), but the visuals are the biggest difference between Chomet's work and the big studios. Here, we have a mix of an extremely detailed traditional type of hand-drawn animation, a small use of CGI which doesn't distract the viewer from the plot, and archival footage in a good resolution. The opening scene is a beautiful homage to the “rubber hose” method, which was the first style of animation established in the US, and was the basis for the already iconic visuals of the game “Cuphead”. Several studios, such as Studio Ghibli and LAIKA, have specific characteristics that make their animation style unique. Equally, it can be said that Sylvain Chomet's work also has its peculiarities: a more mature, urban and unexpectedly fantastic vibe that draws the viewer's attention; extremely well developed characters without any kind of dialogue; a vibrant color palette; inspirations on the works of renowned filmmakers such as Jacques Tati and Federico Fellini; and much, much more. Benoît Charest's score is sublime; a true celebration of French music. And the Oscar-nominated original song, “Belleville Rendez-vous”, composed by Charest and Chomet, is highly addictive. Just for you to get a taste of the director's animation style, here is a couch gag he directed for “The Simpsons”:)
Resumindo, “As Bicicletas de Belleville” consolida o estilo único de animação de Sylvain Chomet. O diretor faz uso de um roteiro divertidíssimo; personagens bem desenvolvidos sem nenhuma necessidade de diálogo; e técnicas de animação extraordinariamente detalhadas para contar uma história hilária com subtextos surpreendentemente relevantes. Definitivamente deveria ter ganho o Oscar de Melhor Filme de Animação.
Nota: 10 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
P.S.: Este é um dos raros filmes que estão completamente disponíveis no YouTube. Infelizmente, a qualidade do vídeo deixa muito a desejar, mas se não houver nenhuma outra alternativa, segue o link:
(In a nutshell, “The Triplets of Belleville” consolidates Sylvain Chomet's unique style of animation. The director uses an extremely fun script; well-developed characters that don't need any dialogue; and extraordinarily detailed animation techniques to tell an hilarious story with surprisingly relevant subtexts. It definitely should've won the Oscar for Best Animated Feature.
I give it a 10 out of 10!!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro
P.S.: This is one of those rare films fully available on YouTube. Unfortunately, the video's resolution isn't able to capture the many details the film has, but if there really isn't any other option, here's the link:)
Há muito não via um filme de animação tão bacana quanto este...nota 10....
ResponderExcluirParabéns JP 👏👏👏👏😀
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