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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, mas não para continuar com a nossa postagem especial sobre o trabalho de Christopher Nolan. Estou aqui para falar de um musical de enorme sucesso, vencedor de 11 Tonys (o Oscar do teatro), que acabou de ganhar sua versão filmada neste mês. É uma celebração do legado de uma das figuras mais importantes na história dos EUA, ao mesmo tempo que é um brinde à diversidade cultural existente no país atualmente. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Hamilton”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, but not to continue with our special post on the work of Christopher Nolan. I'm here to talk about a groundbreaking musical that won 11 Tonys (the Oscar of theatre), and that just got its filmed version released this month. It is a celebration of the legacy of one of the most important figures in US history, as it also is a love letter to the existing cultural diversity in the country nowadays. So, without further ado, let's talk about “Hamilton”. Let's go!)
O musical “Hamilton” conta a história de Alexander Hamilton (Lin-Manuel Miranda), e acompanha todos os passos de sua jornada pela história dos EUA: sua participação na Guerra de Independência do país; sua posição como o primeiro Secretário do Tesouro estadunidense sob o comando de George Washington (Christopher Jackson); sua conturbada relação com o futuro vice-presidente Aaron Burr (Leslie Odom Jr.); e seu casamento com Elizabeth Schuyler (Phillipa Soo).
(The musical “Hamilton” tells the story of Alexander Hamilton (Lin-Manuel Miranda), and follows all of the steps taken in his journey throughout US history: his participation in the American Revolutionary War; his position as the first American Treasury Secretary under the command of George Washington (Christopher Jackson); his troubled relationship with future vice-president Aaron Burr (Leslie Odom Jr.); and his marriage to Elizabeth Schuyler (Phillipa Soo).)
Antes de começar a falar sobre a performance filmada em si, vou dedicar algumas linhas para falar sobre a minha relação com o musical antes dessa performance ser lançada. Eu conheci o trabalho de Lin-Manuel Miranda através do filme “Moana”, no qual ele ajudou a compor a trilha sonora original. Depois de “Moana”, dei de cara com ele novamente em “O Retorno de Mary Poppins” e em “His Dark Materials”. Quando o trailer de “Em Um Bairro de Nova York”, baseado em um outro musical de Miranda, saiu, as seguintes palavras foram exibidas em um de seus frames: “do criador de Hamilton”. Curioso para saber do que se tratava, dei algumas pesquisadas no Google. Já sabia que “Hamilton” era um musical muito premiado e querido na Broadway, mas nunca tinha dado a chance de escutar à trilha sonora ou saber um pouco mais sobre a história. E meu amor por “Hamilton” começou por meio de uma compilação de animações das músicas da trilha sonora. Através desse vídeo, aprendi sobre a história do musical, e tive a chance de escutar cada uma das 46 músicas presentes na trilha. Fiz uma legenda em português do zero para introduzir o musical à minha família, com sucesso. E quando essa performance filmada saiu, é claro que nós assistimos juntos. É bem difícil saber por onde começar ao falar de “Hamilton”, então começarei dizendo que é um musical revolucionário, só pelo conceito que Miranda teve ao concebê-lo: “a história da América de outrora representada pela América de atualmente”. Porque se esse musical fosse mesmo verossímil, todos os personagens seriam representados por pessoas brancas, mas Miranda oferece uma chance à pessoas de outras etnias de representarem os papéis principais, abrindo oportunidades para o elenco ter uma certa diversidade, o que é simplesmente maravilhoso. Outra sacada genial que Miranda teve ao conceber o musical é a presença de gêneros musicais improváveis, à primeira vista, de combinarem com a época retratada, como rap, hip-hop, R&B, e jazz. E isso é um ganho enorme porque: pessoas que se identificam com esses gêneros irão se sentir atraídas ao teatro, e, consequentemente, à História dos EUA; e pessoas que já se sentiam atraídas pelo teatro irão ficar impressionadas com a incrível amálgama de gêneros musicais presentes na trilha sonora. O roteiro, escrito por Miranda, consegue compilar os acontecimentos mais importantes na vida de seu protagonista em uma duração bem enxugada e concisa de 2 horas e 40 minutos. E ele faz tudo através da música, sendo um musical completamente cantado, algo que é pouco presente na maioria dos musicais de palco hoje em dia. Outro trunfo do roteiro de Miranda é que o enredo não é visto apenas pelos olhos de Alexander Hamilton, há vários pontos de vista expostos ao longo da trama, através de canções e solos extraordinários. E pra mim, um dos melhores aspectos de “Hamilton” é que ele torna coisas que não seriam divertidas de se ver em algo extremamente agradável, como, por exemplo, as reuniões de gabinete, que são transformadas em verdadeiras batalhas de rap. Tem um passo muito bem calculado, evitando que o espectador se sinta entediado ou cansado, e tornando quase impossível a chance de alguém simplesmente não gostar do musical. Resumindo, “Hamilton” conta com uma proposta revolucionária e um roteiro conciso para contar uma história extraordinária através de gêneros musicais inesperados.
(Before I start talking about the filmed performance itself, I'd like to dedicate some lines to talk about my relationship with the musical before the performance's release. I've come to know Lin-Manuel Miranda's work through “Moana”, which he composed original songs for. After “Moana”, I bumped into him once again in “Mary Poppins Returns” and “His Dark Materials”. When the trailer for “In the Heights”, based on another musical by Miranda, was released, the following words were shown in one of its frames: “from the creator of Hamilton”. Feeling curious to know what was it about, I Googled it. I already knew it was a highly successful musical that was cherished by the Broadway audience, but I never saw a chance to learn a bit about its story or listen to its soundtrack. And my love for “Hamilton” began when I saw a compilation of animatics containing the songs from the soundtrack. Through that video, I learned a lot about its story and managed to listen to all 46 songs in the soundtrack. I made a Portuguese subtitle for it from scratch to introduce it to my family, which I did successfully. And when this filmed performance was released, of course we had to watch it together. It's pretty hard to know where to begin talking about “Hamilton”, so I'll start off by saying it's a revolutionary musical, because of the concept Miranda had while conceiving it: “the story of America then told by America now”. Because if this musical was truly accurate, every character would be played by a white person; but Miranda gives the opportunity to people of different ethnical roots to play the main roles, opening opportunities for the cast to have a certain diversity, which is simply marvelous. Another genius move made by Miranda while conceiving the musical is the presence of musical genres that are unlikely, at a first point of view, to fit with the time it is set in, like rap, hip-hop, R&B and jazz. And that's an enormous win, because: people that identify with these genres will become attracted to theatre, and consequently, to US History; and people that already felt attracted to theatre will be extremely impressed by the incredible mixture of musical genres in its soundtrack. The book, written by Miranda, manages to compile every important point in its protagonist's history into a well-earned, concise running time of 2 hours and 40 minutes. And he does everything through music, being a sung-through musical, something that isn't that much present in musical theatre nowadays. Another triumph in Miranda's book is that the plot isn't seen only through Alexander Hamilton's point of view; there are several points of view exposed here, through extraordinary songs and solos. And, for me, one of the best aspects in “Hamilton” is that it turns things that wouldn't be fun at all to see into something extremely enjoyable, as an example, the cabinet meetings, which are turned into real rap battles. It has a very well calculated pace, which avoids the viewer from feeling bored or tired, and making the probability of someone simply not liking the musical almost impossible. In a nutshell, “Hamilton” counts on a revolutionary proposal and a concise book to tell an extraordinary story through unexpected musical genres.)
O elenco da performance, filmada em junho de 2016, é o elenco original da Broadway, que foi altamente premiado nos Tonys do mesmo ano. Todo mundo dá um verdadeiro show aqui, tanto no aspecto musical, quanto no controle emocional de cada um, tornando a escolha do melhor intérprete quase impossível. A começar pelo criador do musical, Lin-Manuel Miranda, que interpreta o protagonista, Alexander Hamilton. Eu fiquei altamente impressionado com a performance dele. É ao mesmo tempo, hilária, engajante e comovente. Acho que ninguém vai interpretar o Hamilton melhor do que ele. O Leslie Odom Jr. interpreta o Aaron Burr com maestria. Mesmo com o público já sabendo o que ele fará, nós temos simpatia e entendemos as motivações de seu personagem. O ator entrega tudo de si, tornando sua vitória no Tony extremamente merecida. A Phillipa Soo virou meu crush com razão (Risos), interpretando uma das melhores personagens do musical. A dualidade de emoções que a Eliza precisa passar é bem difícil de transitar e a atriz faz isso perfeitamente. A Renée Elise Goldsberry dá um verdadeiro show em cada cena que sua personagem aparece, soltando a voz e ganhando a simpatia do público, o que rendeu à atriz o Tony de Melhor Atriz Coadjuvante em um Musical. O Christopher Jackson interpreta o George Washington com uma nuance extraordinária e comovente, sendo uma das melhores vozes masculinas do elenco. E o Jonathan Groff rouba a cena como o Rei George III, que conta com canções altamente sarcásticas para lembrar o público do “amor” que seu personagem tem pelos EUA. Algo impressionante no elenco é que alguns atores interpretam dois papéis no musical: um no primeiro ato e outro no segundo. Nessa categoria, temos performances extraordinárias de Daveed Diggs (que ganhou o Tony de Melhor Ator Coadjuvante em um Musical) como Lafayette e Thomas Jefferson; Okieriete Onaodowan como Hercules Mulligan e James Madison; Anthony Ramos como John Laurens e Philip Hamilton; e Jasmine Cephas-Jones como Peggy Schuyler e Maria Reynolds. O alcance vocal desses 4 intérpretes é algo tão impressionante que, ouvindo a trilha sonora, você pode jurar que é outra pessoa que está cantando no segundo ato, especialmente no caso de Onaodowan e Cephas-Jones.
(The cast of this performance, filmed in June 2016, is the original Broadway cast, which was highly awarded at the Tonys earlier in that year. Everyone puts one hell of a show here, both in the musical aspect and in the emotional control of each, making the choice of picking the MVP almost impossible. Starting off with the musical's creator, Lin-Manuel Miranda, who plays the main character, Alexander Hamilton. I was highly impressed with his performance. It's at the same time hilarious, engaging, and moving. I think no one will play Hamilton better than him. Leslie Odom Jr. portrays Aaron Burr masterfully. Even with the audience knowing what he's going to do, we have sympathy for him and understand his character's motivations. He delivers every little bit of himself, making his Tony win extremely deserving. Phillipa Soo is now my crush (LOL) and rightfully so, as she plays one of the musical's best characters. The duality of emotions Eliza needs to go through is very hard to transition to and she does that perfectly. Renée Elise Goldsberry gives one hell of a show in every scene she's in, making the best out of her voice and winning the audience's sympathy, which led her to win the Tony for Best Featured Actress in a Musical. Christopher Jackson plays George Washington with an extraordinary, moving nuance, being one of the best male voices in the cast. And Jonathan Groff steals the scene as King George III, who relies on highly sarcastic songs to remind the audience of his character's “love” for America. Something that's impressive about the cast is that some performers play two roles in the musical: one in the first act, and another in the second. In that category, we have extraordinary performances by Daveed Diggs (who won the Tony for Best Featured Actor in a Musical) as Lafayette and Thomas Jefferson; Okieriete Onaodowan as Hercules Mulligan and James Madison; Anthony Ramos as John Laurens and Philip Hamilton; and Jasmine Cephas-Jones as Peggy Schuyler and Maria Reynolds. The vocal extent of these 4 performers is something so impressive that, by listening to the soundtrack, you could swear that there's another person singing in the second act, especially when it comes to Onaodowan and Cephas-Jones.)
Nos aspectos técnicos, temos algumas coisas que elevam “Hamilton” a um nível maior do que outras performances gravadas de musicais de palco. A começar pela direção do Thomas Kail, que, em parceria com a direção de fotografia de Declan Quinn, consegue captar expressões faciais significativas de seus atores que seriam impossíveis de perceber no teatro. A montagem é bem fluida, transitando entre tomadas abertas e close-ups com maestria. A direção de arte é bem rústica e até experimental, o que acaba combinando bastante com a época em que o musical é ambientado. Mas a melhor coisa técnica sobre “Hamilton”, sem dúvida, é a coreografia. É algo extremamente impressionante. A dança é tão crucial para o musical quanto a trilha sonora, e há algumas referências geniais que são expostas através da coreografia, então, é melhor ficar de olho. Eu simplesmente não entendo porque algumas pessoas têm falado mal dessa performance pelo fato de ser uma apresentação filmada do musical ao invés de uma adaptação propriamente dita. Era uma performance filmada desde o anúncio de que a Disney tinha comprado os direitos de exibição dela por US$75 milhões, então não devia ter nenhuma surpresa por parte da crítica. Tanto que algumas coisas, como as cenas de batalha, por exemplo, nunca funcionariam no cinema da mesma forma que funcionam no palco, o que é algo simplesmente lindo de se ver. Mesmo sendo uma apresentação filmada em um teatro, essa performance de “Hamilton” dá um teor cinematográfico à produção, graças à direção cuidadosa de Thomas Kail.
(In the technical aspects, we have some things that elevate “Hamilton” to a higher level than other filmed stage musical performances. Starting with Thomas Kail's direction, which, in partnership with Declan Quinn's cinematography, manages to capture significant facial expressions from its actors that would've been impossible to notice in the theatre. The editing is really fluid, transitioning between open shots and close-ups masterfully. The art direction is really rustic and experimental even, which ends up matching with the time the musical is set in. But the best technical thing about “Hamilton”, without a doubt, is the choreography. It's something extremely impressive. Dancing is as vital to this musical as its songs, and there are some genius references exposed through the choreography, so, you better keep your eyes peeled. I simply don't understand why some people have been bashing this performance because it's a filmed presentation of the musical rather than a proper film adaptation. It was a filmed performance ever since Disney announced it had bought its showing rights for US$75 million, so there wasn't supposed to be any surprise for the critics. And also, some things, like the battle scenes, for example, would never work in the movies in the same way it works on stage, which is something really beautiful to behold. Even though it's a filmed presentation in a theatre, this performance of “Hamilton” gives the production a cinematic feel, thanks to Thomas Kail's careful direction.)
E por último, mas não menos importante, temos o aspecto que faz um musical ser um musical: a trilha sonora. Composta por 46 músicas, a trilha sonora de “Hamilton” foi escrita inteiramente por Lin-Manuel Miranda, responsável pelo roteiro e por interpretar o personagem-título. Como dito anteriormente, a trilha sonora é uma verdadeira mistura de gêneros musicais que exploram a diversidade cultural nos EUA de hoje em dia: rap, hip-hop, R&B, jazz, e a clássica show tune, característica de musicais da Broadway. Posso dizer que, literalmente, nenhuma música nessa trilha sonora é ruim. Quando qualquer música de “Hamilton” chega na minha playlist, eu não sinto vontade nenhuma de pular a música. É simplesmente impressionante como uma pessoa (UMA PESSOA!!) consegue compor 46 músicas em gêneros musicais diversos que se misturam tão bem à uma época tão antiga. E, como um musical completamente cantado, a trilha sonora é o aspecto chave para os atores contarem a história de seus personagens, tanto que, se você ouvir a trilha sonora inteira na sequência (que tem mais de 2 horas de duração), você basicamente ouviu o musical inteiro sem ter um componente visual. Você pode ouvir esse verdadeiro hinário de canções no vídeo abaixo:
(And, at last, but not least, we have the aspect that makes a musical a musical: the soundtrack. Composed by 46 songs, the soundtrack for “Hamilton” was written entirely by Lin-Manuel Miranda, who also wrote the book and originated the title character's role. As previously said, the soundtrack is a real mixture of musical genres that explore the cultural diversity in the US today: rap, hip-hop, R&B, jazz, and the classic show tune, characteristic to Broadway musicals. I can say that, literally, not one song in this soundtrack is bad. When any “Hamilton” song pops in my playlist, I do not dare to skip it. It's simply impressive how one person (ONE PERSON!!) manages to write 46 songs in different musical genres that fit so well to a time that old. And, as a sung-through musical, the soundtrack is the key aspect for the actors to tell their characters' story, so that, if you listen to the entire soundtrack (which is over 2 hours long), you basically heard the entire musical without a visual component. You can listen to this brilliant juggernaut of songs in the video below:)
Resumindo, a performance gravada de “Hamilton” é a melhor coisa que eu assisti em 2020 até agora. É uma verdadeira aula de História sobre o legado de seu personagem-título, uma celebração da diversidade cultural nos EUA atualmente, e mais uma prova da genialidade de seu criador, Lin-Manuel Miranda. A direção de Thomas Kail dá um teor cinematográfico inimitável à produção, o que pode abrir portas para mais performances filmadas de musicais no futuro.
Nota: 10 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, the filmed performance of “Hamilton” is the best thing I watched in 2020 so far. It's a true History lesson on the legacy of its title character, a celebration of the cultural diversity in the US today, and one more proof of the genius of its creator, Lin-Manuel Miranda. Thomas Kail's direction gives the production an inimitable cinematic feel, which can open doors for more filmed performances of stage musicals in the future.
I give it a 10 out of 10!!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
Amei!!! Chorei de emoção!!!
ResponderExcluirUma das melhores resenhas de 2020!
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