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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre uma das maiores surpresas do ano para mim. Fazendo uso de uma fórmula estabelecida com a adição de poucas, mas eficientes novidades; a obra em questão é carregada pelo enorme carisma de seu elenco, e pode muito bem ser o melhor filme sobre loops temporais desde “Feitiço do Tempo”. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Palm Springs”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about one of the year's biggest surprises, for me. Making use of an established formula with the addition of few, but efficient new things; the film I'm about to review is carried by its cast's enormous charisma, and may as well be the best movie about time loops since “Groundhog Day”. So, without further ado, let's talk about “Palm Springs”. Let's go!)
O filme acompanha Sarah (Cristin Milioti), que será madrinha no casamento de sua irmã (Camila Mendes). Na noite do evento, Sarah conhece Nyles (Andy Samberg), um dos convidados. O tempo vai passando, e os dois realmente parecem se entender. Graças à um evento bizarro, Sarah começa a reviver o mesmo dia repetidas vezes, em um loop no qual Nyles já faz parte. Sendo aparentemente impossível sair do loop, os dois decidem viver a vida ao máximo.
(The film follows Sarah (Cristin Milioti), who is to be a maid of honor at her sister's (Camila Mendes) wedding. At the night of the event, Sarah meets Nyles (Andy Samberg), one of the guests. Time goes by, and the two really seem connected. Thanks to a bizarre event, Sarah starts to re-live the same day over and over again, in a loop which Nyles is already a part of. Seeming apparently impossible to get out of the loop, the pair decides to live life to the max.)
Para falar a verdade, eu não esperava nada surpreendente desse filme. Ele conta com uma premissa que já foi usada em vários filmes e séries, e o trailer faz parecer que seria uma comédia romântica cheia de clichês com um artifício de ficção-científica para tornar o filme “diferente” dos outros dentro do mesmo gênero. Mas daí descobri que foi aclamado pela crítica em um dos únicos festivais de cinema que tiveram a sorte de serem realizados antes da pandemia, o Festival de Sundance, e que “Palm Springs” foi a aquisição mais cara de um filme saído do Festival, beirando os US$25 milhões. Outro fator que me convenceu a assistir foi o envolvimento do grupo The Lonely Island, composto por Andy Samberg, que interpreta um dos protagonistas do filme; Jorma Taccone e Akiva Schaffer, que são produtores. Além de serem um grupo musical bem talentoso, o trio também é responsável pelos hilários curtas digitais do programa de TV “Saturday Night Live”; e alguns anos atrás, se consolidaram como um sucesso nas telonas graças ao hilário “Popstar: Sem Parar, Sem Limites”. Então, a partir desse ponto, minhas expectativas aumentaram bastante. O roteiro de “Palm Springs” é escrito por Andy Siara, baseada em uma ideia original de Siara e Max Barbakow, que estreia na direção com esse filme. A primeira cena já começa com um evento aparentemente desconexo com o restante da trama, que não tem uma explicação bem direta, mas como “Palm Springs” é um filme completamente despretensioso, que não pretende reinventar a roda, essa explicação não acaba sendo necessária, porque o foco da narrativa não é as origens desse evento, e sim a dinâmica explosiva entre os dois protagonistas presos no loop temporal, que é desenvolvida de forma incrível nos curtos 90 minutos (1h30min) de duração. A química entre eles começa na mesma linha do que a grande maioria das comédias românticas: antes de Sarah entrar no loop, ela é mais retraída (e isso, no começo, não oferece explicação, mas ao longo do filme, passa a fazer muito sentido), e Nyles faz a primeira jogada. A partir de um tempo, nós percebemos que Nyles conhece vários detalhes do dia que eram desconhecidos para Sarah. E aí, o evento bizarro mencionado na sinopse finalmente acontece, e somos lançados no bloco principal de “Palm Springs”, que é o loop temporal. No começo, Sarah age quase que exatamente como o protagonista de “Feitiço do Tempo” agiu quando se encontrou na situação retratada: ela fica meio “Eu não já vivi esse dia?”. A trama já dá algumas torcidas na fórmula, pois ao invés dela estar sozinha, ela encontra refúgio em Nyles, que explica tudo aquilo que está acontecendo com os dois. E ao invés de ela ficar entediada e tentar se matar das mais variadas formas, Sarah acha várias maneiras diferentes de viver o mesmo dia com Nyles, o que acaba aproximando os dois. É um roteiro hilário, que acha um recurso extremamente eficiente para comédia através do artifício do loop temporal. A dinâmica entre os dois protagonistas é o fio condutor do filme, e os diálogos compartilhados pelos dois são significativos, e nos fazem entender o passado (e as falhas) deles, dando uma certa humanidade aos personagens. Há algumas reviravoltas bem interessantes, que chegam a ser comoventes e até reflexivas, e que farão muito sentido ao final do filme. Algo que, para mim, passou a ser muito importante em filmes de comédia é a existência de um “coração” no roteiro, um núcleo emocional que faz com que nos importemos com os personagens, ao invés de só encher o tempo de duração com piadinhas desconexas e sem sentido. E fico muito feliz em dizer que “Palm Springs” tem um núcleo emocional forte e pulsante, fazendo do filme algo bem agradável de se ver.
(To tell you the truth, I wasn't expecting anything amazing from this film. It relies on a premise that has been far used in movies and TV shows, and the trailer made it look like a cliché-filled rom-com with a sci-fi twist to it, so that it's “different” from the enormous amount of work belonging to the same genre. But then I found out it was critically acclaimed at its showing in one of the only film festivals lucky enough to have been realized before the COVID-19 pandemic, the Sundance Film Festival, and that “Palm Springs” was the most expensive acquisition of a film that came out of it, with its purchase getting very close to US$25 million. Another aspect that led me into watching it was the involvement of the comedy troupe The Lonely Island, composed by Andy Samberg, who is one of the film's protagonists; Jorma Taccone and Akiva Schaffer, who produce it. Besides being an enormously talented musical group, the trio is also responsible for the hilarious digital shorts for the sketch show “Saturday Night Live”; and some years ago, they consolidated themselves as a big-screen hit, thanks to the hilarious “Popstar: Never Stop Never Stopping”. So, from that point, my expectations were exponentially levelled up. The screenplay for “Palm Springs” was written by Andy Siara, based on an original idea by Siara, and Max Barbakow, who makes his directorial debut with this film. The first scene already starts off with an apparently unconnected event to the rest of the plot, which doesn't have a direct explanation, but as “Palm Springs” is a completely unpretentious film, that doesn't wish to reinvent the wheel, such an explanation ends up not being necessary, as the main focus of the plot isn't that event's origins, but the explosive dynamics between the two protagonists stuck in the time loop, which is incredibly well-explored in its short running time of 90 minutes (1hr30mins). Their chemistry starts off very much alike most rom-coms out there: before Sarah enters the loop, she is more closed (which, in the beginning, doesn't seem to make sense, but it really does as the film moves forward), and Nyles makes the first move. At a certain point, we notice that Nyles knows a lot of specific details about that day that were unknown to Sarah. And then, the bizarre event previously mentioned finally happens, and we're propelled into the main point of “Palm Springs”, which is the time loop. At first, Sarah reacts almost exactly how the main character of “Groundhog Day” did when he found himself in the same situation: she starts asking herself “Didn't I already live through this day?”. The plot already adds a few twists to its formula, because rather than leaving her alone to go through this situation, she finds refuge in Nyles, who explains what they are both going through. And rather than leading her into becoming bored and trying to kill herself in a variety of forms, Sarah finds different ways of reliving the same day with Nyles, which ends up bringing them closer. It is an hilarious script, which makes an efficient use of comedy through its time loop aspect. The dynamics between the two protagonists is the conducting force of the film, and the dialogues shared by them are significant and really allow us to understand their past (and flaws), which ends up giving the characters a certain humanity. There are some interesting plot twists, which turn out to be moving and even thought-provoking, and that will make tons of sense by the film's ending credits. Something that, for me, is now important for comedy films to have is a “heart” in its script, a strong emotional core that makes us care about its characters, rather than just filling up the running time with meaningless and unconnected jokes. And I am really glad to say that “Palm Springs” has a strong, pulsating emotional core, making it very enjoyable to watch.)
O roteiro pode até ter suas inovações na fórmula do loop temporal, mas é no elenco que “Palm Springs” encontra o seu maior ponto forte. A começar pela dupla principal de Andy Samberg e Cristin Milioti. A vantagem aqui é que tanto Samberg quanto Milioti não são estranhos ao gênero de comédia: além do trabalho em “Saturday Night Live”, Samberg é protagonista de uma das séries cômicas mais conhecidas e adoradas da atualidade, que é “Brooklyn Nine-Nine”; e Milioti, por sua vez, interpretou um papel recorrente na icônica “How I Met Your Mother”, e sua performance indicada ao Tony na adaptação da Broadway de “Apenas uma Vez” tinha um teor cômico cativante. E acho que nem é preciso dizer que a química entre esses dois carrega o filme nas costas. Eles são hilários quando estão juntos em tela, e compartilham diálogos que nos fazem torcer cada vez mais que eles se tornem um casal no final. Mas ao mesmo tempo, especialmente quando os dois estão separados, há um teor dramático bem interessante em suas performances, o que prova a versatilidade de Samberg e Milioti ao transitar entre dois gêneros que causam reações opostas do espectador. Mesmo não tendo um papel tão recorrente na trama, as performances pelo elenco coadjuvante composto por Camila Mendes, Tyler Hoechlin, Meredith Hagner, Dale Dicky, Peter Gallagher e Jacqueline Obradors ajudam a desenvolver os protagonistas de uma forma mais profunda. E por último, mas não menos importante, temos o clássico rouba-cenas por meio do J.K. Simmons. Ele tem uma dinâmica divertidíssima com o personagem de Samberg (inclusive, tem uma cena no meio dos créditos envolvendo os dois que é hilária), e protagoniza uma das cenas mais poéticas e comoventes do filme, o que realmente bota o espectador pra refletir, algo não tão presente assim em comédias.
(The script may even have its innovative aspects in the time loop formula, but it's in the cast that “Palm Springs” finds its biggest strength. Starting off with the main duo of Andy Samberg and Cristin Milioti. Their advantage here is that both Samberg and Milioti aren't strangers to the comedy genre: besides his work in “Saturday Night Live”, Samberg is the lead actor in one of the most known and beloved comedy shows in recent times, which is “Brooklyn Nine-Nine”; and Milioti, in turn, played a recurring role in the iconic “How I Met Your Mother”, and her Tony-nominated performance in the Broadway adaptation of “Once” had a captivating comic twist to it. And I don't think I have to say that the chemistry between these two carries the film almost entirely. They are hilarious when together on-screen, and share dialogues that make us cheer for them to become a couple by the end. But at the same time, especially when they are apart, there is a really interesting dramatic turn in their performances, which proves Samberg and Milioti's versatility when transitioning between two genres that cause opposite reactions from the viewer. Even though they don't have a thoroughly recurring role in the plot, the performances by the supporting cast composed by Camila Mendes, Tyler Hoechlin, Meredith Hagner, Dale Dicky, Peter Gallagher and Jacqueline Obradors help developing its main characters in a deeper way. And at last, but not least, we have the classic scene-stealer through J.K. Simmons. He has the funniest chemistry with Samberg's character (by the way, there's a mid-credits scene involving the two of them, which is hilarious), and is a central piece to one of the film's most poetic and moving scenes, which really makes the viewer think, something that's not very usual for comedy films.)
Os aspectos técnicos conseguem transmitir a época de lançamento do filme (verão americano) perfeitamente. A direção de fotografia da Quyen Tran, junto com a direção de arte, consegue construir um cenário vibrante, bonito de se ver. Há algumas cenas filmadas debaixo d'água, pra realmente nos dar essa sensação de verão, mesmo com o filme em si sendo ambientado em novembro. A montagem faz algo bem interessante ao apresentar pontos de vista diferentes a partir de um evento em particular; assim como consegue, com sucesso, transitar entre as experiências pessoais da Sarah e do Nyles em seus respectivos ciclos. A direção do Max Barbakow para os atores, que precisam repetir as mesmas falas e ações várias vezes, é impecável. Eu não sei porque, mas a trilha sonora do Matthew Compton me lembrou (e muito) da trilha sonora do Arcade Fire pra “Ela”, do Spike Jonze, e de algum modo, as melodias bem parecidas se encaixam na situação de ambos os filmes. E há um uso aceitável de CGI em algumas cenas, por causa do artifício de loop temporal no qual o enredo gira em torno.
(The technical aspects manage to portray the film's release time (American summer) perfectly. Quyen Tran's cinematography, along with the art direction, manages to build a vibrant, good-looking scenario. There are some scenes filmed underwater, to really gives us this summer vibe, even with the film itself being set in November. The editing does something really interesting when presenting different points of view from particular events; and it also manages, sucessfully, to transition between Sarah and Nyles's personal experiences in their respective cycles. Max Barbakow's directing towards his actors, who need to repeat the same lines and actions several times, is flawless. I don't know why, but Matthew Compton's score reminded me (a lot) of Arcade Fire's score for Spike Jonze's “Her”, and somehow, these really similar melodies fit into both films' situations. And there is an acceptable use of CGI in some scenes, because of the time loop aspect in which the plot revolves around.)
Resumindo, “Palm Springs” é uma das melhores surpresas que tive em 2020, junto com “O Homem Invisível” e “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica”. O roteiro traz algumas inovações à fórmula popularizada por “Feitiço do Tempo”, e conta com performances dedicadas e hilárias de Andy Samberg e Cristin Milioti, resultando em uma experiência extremamente agradável e gostosa de se ver.
Nota: 9,5 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “Palm Springs” is one of the best surprises I had in 2020, along with “The Invisible Man” and “Onward”. The script adds some innovations to the formula made popular by “Groundhog Day”, and relies on committed and hilarious performances by Andy Samberg and Cristin Milioti, resulting in an extremely feel-good, crowd-pleasing experience.
I give it a 9,5 out of 10!!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
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