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segunda-feira, 13 de julho de 2020

Especial Nolan - "Interestelar": o filme mais ambicioso de Christopher Nolan até agora (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para trazer a penúltima parte da nossa postagem especial sobre o trabalho de Christopher Nolan. Em seu nono filme, o diretor traz novamente seu irmão Jonathan para co-roteirizar uma história que faz uso de conceitos objetivos para abordar temas subjetivos, resultando no filme mais ambicioso de Nolan até agora. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Interestelar”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to bring the penultimate part in our special post on the work of Christopher Nolan. In his ninth film, the director once again reunites with his brother Jonathan to co-write a story that makes use of objective concepts to deal with subjective themes, resulting in Nolan's most ambitious film so far. So, without further ado, let's talk about “Interstellar”. Let's go!)



O filme é ambientado em um futuro distópico onde as reservas naturais da Terra estão chegando ao fim, e então um grupo de astronautas, liderado pelo ex-piloto da NASA Joseph Cooper (Matthew McConaughey), recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial, possibilitando a continuação da raça humana.

(The film is set in a dystopian future where Earth's natural reservations are coming to an end, so a group of astronauts, led by former NASA pilot Joseph Cooper (Matthew McConaughey), receives the mission of checking out possible planets that would welcome the world's population, therefore opening the possibility of continuing the human race.)



Ontem, foi a segunda vez que assisti a esse filme, e lembro bem que, na primeira vez que assisti, não achei essa Coca-Cola toda não. Todo mundo estava tipo: “MEU DEUS! “INTERESTELAR” É O MELHOR FILME JÁ FEITO!”, “CHRISTOPHER NOLAN É UM GÊNIO!”, “O OSCAR NÃO SABE DE NADA!”, e isso exponencialmente aumentou minhas expectativas para ver o filme. Lembro que achei “Interestelar” bom, mas na época, não bom o bastante para assistir de novo. Essa é uma daquelas vezes que eu me sinto feliz por estar errado. 6 anos depois, revisitei o filme depois de ter assistido a toda a filmografia de Nolan até 2014, o que me fez acostumar com o estilo cinematográfico do diretor, e isso acabou me dando uma nova perspectiva sobre o filme. Eu meio que já sabia o que esperar. Então, acho que nem precisa ser dito que aproveitei muito mais nessa segunda vez do que na primeira. O roteiro, como anteriormente dito, é escrito pelo diretor e por seu irmão, Jonathan Nolan, que escreveu a versão inicial da história em 2007, junto com o físico teórico Kip Thorne, que, por sua vez, iria vencer o Prêmio Nobel da Física em 2017, pelo seu auxílio em um experimento que detecta ondas gravitacionais. É um roteiro denso, com um passo friamente calculado, que acaba sendo cientificamente correto, graças à consultoria de Thorne no projeto. O primeiro ato não dá nenhuma explicação em particular sobre como o mundo ficou do jeito que o filme retrata, mas acabamos por perceber que tal explicação não é necessária. Em seus primeiros 20 e poucos minutos, o roteiro já nos introduz ao foco da trama, que é a relação entre os membros da família do personagem de Matthew McConaughey, e como os laços entre essa família vão mudando com o passar do tempo. Em certo ponto, o roteiro oferece uma decisão difícil para seu protagonista, que é explorada de forma sensacional e emocionante ao longo do filme, através de diálogos reflexivos com o resto da tripulação, e tais diálogos nos ajudam a entender qual é o tema por trás de “Interestelar”. Esse filme não é qualquer história sobre uma tripulação de astronautas que recebe uma missão aparentemente impossível, seguindo uma fórmula já usada em várias obras, como “Apollo 13” e “O Primeiro Homem”. Acima de tudo, o roteiro dos irmãos Nolan faz uso de conceitos de física, poemas filosóficos e discussões sobre a relatividade do tempo para falar sobre o poder transcendental do amor, que não diminui com o passar do tempo. Todos os personagens, especialmente os astronautas, são muito bem desenvolvidos a partir desse tema, com cada um tendo uma conexão extraordinariamente forte com alguém na Terra, e nós sentimos cada emoção que eles sentem, vendo suas pessoas amadas ficarem mais velhas ao longo de sua missão, cujo fim é desconhecido pela tripulação. É algo bem comovente, e Christopher Nolan faz um ótimo uso de uma duração gigantesca de 2 horas e 50 minutos para desenvolver as relações entre seus personagens de forma perfeita. Entre as cenas comoventes, temos ótimas e frenéticas cenas de ação, que irão manter os olhos do espectador grudados na tela, e que ajudam o filme a não ficar monótono. Assim como todo filme bom de Nolan, há várias reviravoltas ao longo da duração de “Interestelar”, com algumas que irão deixar o espectador pensando: “Ah, então foi por isso que tal coisa aconteceu!”, e então um sorriso de orelha a orelha surge no rosto dele ao final. É sem dúvida, o filme mais ambicioso do diretor, e um de seus roteiros mais reflexivos, que mais despertam discussões.

(Yesterday, it was the second time I had watched this film, and I remember very well that, when I first watched it, I didn't think it was all that. Everyone was like: “OH MY GOD! “INTERSTELLAR IS THE BEST FILM EVER MADE!”, “CHRISTOPHER NOLAN IS A GENIUS!”, and “THE OSCARS DON'T KNOW ANYTHING!”, and those types of reactions exponentially magnified my expectations for it. I remember thinking “Interstellar” was good, but at the time, not good enough for a second viewing. This is one of those times when I felt glad to be wrong. 6 years later, I revisited it, after watching Christopher Nolan's entire filmography to that point, which made me get used to his cinematic style, and that ended up giving me a whole new perspective on the film. I kind of already knew what to expect. So, I don't think it even needs to be said that I enjoyed it much more the second time around than in the first watch. The script, as previously said, was written by its director and his brother, Jonathan Nolan, who came up with the initial version of the story in 2007, along with theoretical physicist Kip Thorne, who, in turn, would win the Nobel Prize for Physics in 2017, for his help in an experiment that detects electromagnetic waves. It is a dense script, with a deeply calculated pace, which ends up being scientifically accurate, thanks to Thorne's involvement in the project. The first act doesn't give any particular explanation on how the world turned up to be how it is portrayed in the film, but we realise we don't need one. In its first 20 minutes or so, we already are introduced to the main focus of the plot, which is the relationship between the family members of Matthew McConaughey's character, and how their bonds change with the passage of time. At a certain point, the main character is presented with a difficult decision, which is explored in a brilliant and emotional way throughout the film, through thought-provoking dialogue with the rest of the crew, and those dialogues help us figure out what is the theme behind “Interstellar”. This film is not just any story of a crew of astronauts tasked with an apparently impossible mission, following a formula already used in movies like “Apollo 13” and “First Man”. Above anything, the script by the Nolan brothers makes use of physics concepts, philosophical poems, and discussions on the relativity of time to talk about the transcendental power of love, which doesn't fade away as time goes by. All characters, especially the astronauts, are really well developed from that theme, with each one having an extraordinarily strong connection to someone on Earth, and we feel every emotion that they feel, watching their loved ones grow old before their very eyes throughout their mission, whose conclusion is unknown by the crew. It's something really moving, and Christopher Nolan makes a terrific use of a gigantic running time of 2 hours and 50 minutes to develop the relationship between these characters perfectly. In-between the touching scenes, we have great, frenetic action scenes, which keep the viewer's eyes glued to the screen, and help avoid the film from being boring. Just like every good Nolan film, there are several plot twists throughout “Interstellar”, and some of them will leave the viewer thinking: “Oh, so that's why that thing happened!”, and then an ear-to-ear smile starts to appear on his face by the end. It's, without a doubt, Christopher Nolan's most ambitious film so far, and also one of his most reflexive scripts, which could spark thought-provoking discussions.)



Se tem algo que aprendemos com o elenco dos filmes anteriores do diretor, é que Christopher Nolan sabe juntar um bom elenco, e “Interestelar” não é uma exceção. Temos aqui um elenco repleto de futuros indicados e vencedores ao Oscar, assim como atores que já foram reconhecidos pela Academia. A começar pelo Matthew McConaughey, que tinha saído de sua atuação vencedora do Oscar por “Clube de Compras Dallas”, e ele entrega aqui uma das melhores performances de sua carreira. A manipulação das emoções pelas quais seu personagem tem que passar feita pelo ator é crível e altamente comovente, especialmente pela evidente química que ele tem com a personagem da Jessica Chastain, e essa química é praticamente o fio condutor do filme. É a principal forma que o roteiro encontra de explorar seu tema principal. A personagem de Chastain é interpretada por Mackenzie Foy e Ellen Burstyn em tempos diferentes, e as 3 possuem a mesma essência. É algo impressionante. A relação dela com o personagem do Casey Affleck é algo explosivo de ver na tela. Michael Caine, o nosso eterno Alfred, nos dá o ar de sua presença com graça. Seu personagem não aparece por muito tempo, mas ele é altamente crucial para a missão na qual o filme gira em torno, e também é de vital importância para o desenvolvimento da personagem da Anne Hathaway. Temos uma performance até impressionante do Matt Damon, e quanto menos eu falar sobre o personagem dele, melhor. Além dos mencionados, temos performances memoráveis de John Lithgow, Wes Bentley, David Gyasi, Timothée Chalamet, Topher Grace, e Bill Irwin.

(If there's something we've learned from the cast of the director's previous films, is that Christopher Nolan knows how to assemble a good cast, and “Interstellar” is no exception. We have here a cast that's filled with future Oscar winners and nominees, as well as actors who were already recognized by the Academy. Starting off with Matthew McConaughey, who had just left his Oscar-winning performance in “Dallas Buyers Club”, and he delivers one of his best performances in his career here. The actor's manipulation of the emotions that his character needs to go through is believable and extremely moving, especially because of the evident chemistry he shares with Jessica Chastain's character, which is the main conducting force of the film. Their chemistry is the main way the screenplay finds of exploring its main theme. Chastain's character is portrayed by Mackenzie Foy and Ellen Burstyn in different times, and all 3 actresses have the same essence of their character. It's something impressive. Her relationship with Casey Affleck's character is something explosive to behold on-screen. Michael Caine, our Alfred, graces us with his presence here as well. His character isn't on screen for a very long time, but he is highly crucial for the mission the film revolves around, and is of vital importance to the development of Anne Hathaway's character. We have an impressive performance by Matt Damon, and the less I talk about his character, the better. Besides the already mentioned, we have memorable performances by John Lithgow, Wes Bentley, David Gyasi, Timothée Chalamet, Topher Grace and Bill Irwin.)



E por último, mas não menos importante, temos os aspectos técnicos, que, como de costume, elevam o filme à maiores alturas. A começar pela direção de fotografia do Hoyte van Hoytema, que é de tirar o fôlego. Ele já tinha me impressionado com a fotografia de “Ela”, dirigido por Spike Jonze, mas ele faz uso de tanto câmeras normais como IMAX para compor as cenas de “Interestelar”. Enquanto as cenas em widescreen são mais “realistas”, digamos assim, as cenas gravadas em IMAX nos oferecem o ponto de vista em tela cheia, com panorâmicas lindas. Esse belo trabalho deveria ter sido indicado ao Oscar. A direção de arte é igualmente incrível. Ambiciosa, futurística, algo bem parecido com o trabalho feito em “A Origem”. A montagem do Lee Smith consegue transitar entre as cenas filmadas em widescreen e em IMAX com bastante fluidez, evitando que o espectador sinta que o filme está picotado. A trilha sonora do Hans Zimmer é um deleite para os ouvidos. Tiveram tantas trilhas sonoras boas em 2014: a do Alexandre Desplat para “O Grande Hotel Budapeste” (que venceu o Oscar daquele ano), a de Jóhann Jóhannsson para “A Teoria de Tudo”, e a de Zimmer para “Interestelar” está no mesmo nível. E por último, gostaria de destacar os efeitos visuais, que, em sua grande maioria, foram práticos, por incrível que pareça. As cenas onde o CGI foi usado são feitas de modo belíssimo e não poluem o filme, pelo contrário, só tornam ele mais bonito. Oscar de Melhores Efeitos Visuais merecidíssimo.

(And, at last, but not least, we have the technical aspects, which, as per usual, elevate the film to greater heights. Starting off with Hoyte van Hoytema's cinematography, which is breathtaking. He'd already impressed me with the cinematography for “Her”, directed by Spike Jonze, but he makes use of both normal and IMAX cameras to build the scenes of “Interstellar”. While the widescreen scenes are more “realistic”, to put it this way, the scenes filmed in IMAX offer us the fullscreen point of view, with gorgeous pan shots and wide shots. This beautiful work should've been Oscar-nominated. The art direction is equally amazing. Ambitious, futuristic, something very much alike with the work done in “Inception”. Lee Smith's editing manages to transition between the widescreen and IMAX scenes with real fluidity, avoiding the viewer to feel the film is chopped up. Hans Zimmer's score is a delight to the ears. There were so many good scores in 2014: Alexandre Desplat's for “The Grand Budapest Hotel” (which won the Oscar that year), Jóhann Jóhannsson's for “The Theory of Everything”, and Zimmer's for “Interstellar” is on the same level. And at last, I'd like to highlight its visual effects, which, in their great majority, were practical, as hard as it may seem. The scenes where CGI was used are beautifully made and do not pollute the film, on the contrary, they just make it more good-looking. They earned that Oscar for Best Visual Effects.)



Resumindo, “Interestelar” é o filme mais ambicioso de Christopher Nolan até agora. Fazendo um uso calculado de um tempo de duração gigantesco; um elenco estelar; e aspectos técnicos de primeira linha, Nolan conta uma bela história sobre o poder transcendental do amor através de conceitos físicos muito interessantes.

Nota: 9,5 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “Interstellar” is Christopher Nolan's most ambitious film so far. Making a calculated use of a gigantic running time; a stellar cast, and top-notch technical aspects, Nolan tells a beautiful story on the transcendental power of love through very interesting physical concepts.

I give it a 9,5 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)




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