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quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Animações Diferentes - "A Raposa Má": uma pérola escondida da animação francesa (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para trazer a próxima parte da nossa postagem especial sobre animações diferentes. Dos mesmos responsáveis por “Ernest e Célestine”, o filme em questão é uma verdadeira pérola no mar das animações francesas, e serve como prova de que as mais simples histórias podem ser bem eficientes. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “A Raposa Má”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to bring the next part in our special post on different animated films. From the same team who made “Ernest and Célestine”, the film I'm about to review is a true hidden gem in a sea of French animation, and it serves as proof that the simplest stories can be quite efficient. So, without further ado, let's talk about “The Big Bad Fox and Other Tales”. Let's go!)



O filme gira em torno de uma fazenda e segue três histórias envolvendo seus habitantes animais: a primeira relata as tentativas de um porco (voz original de Damien Witecka), um pato (voz original de Antoine Schoumsky) e um coelho (voz original de Kamel Abdessadok) de entregarem um bebê para seus pais; a segunda explora a relação improvável entre uma raposa (voz original de Guillaume Darnault) e três pintinhos; e a última encontra seus protagonistas em uma missão para salvar o Natal.

(The film revolves around a farm and follows three stories regarding its animal inhabitants: the first one is about a pig (originally voiced by Damien Witecka), a duck (originally voiced by Antoine Schoumsky) and a bunny (originally voiced by Kamel Abdessadok) who attempt to deliver a baby to her parents; the second one explores the unlikely relationship between a fox (originally voiced by Guillaume Darnault) and three baby chicks; and the final one finds its protagonists on a mission to save Christmas.)



Já tinha visto esse filme antes, mas esperei a hora certa para trazer a resenha dele ao blog. Muitos de vocês podem estar familiarizados com o termo “antologia”, que no campo cinematográfico, se refere à uma compilação de histórias separadas uma da outra. Filmes e séries conhecidos por serem antológicos incluem “A Balada de Buster Scruggs”, “Contos do Dia das Bruxas”, “Além da Imaginação”, “Black Mirror”, “American Horror Story” e “Inside No. 9”. “A Raposa Má” segue o mesmo estilo, sendo uma compilação de animações narrativamente diferentes, cada uma com mais ou menos 30 minutos de duração, e que facilmente poderiam ter sido exibidas de forma episódica (o que foi o mesmo plano inicial para “Buster Scruggs” na Netflix). Mas o formato em que a obra foi lançada foi ainda melhor, já que os roteiristas constroem uma história base para que o espectador se ambiente no universo fictício do filme. Como dito anteriormente, o filme é dirigido, escrito e produzido pelos mesmos responsáveis por “Ernest e Célestine”, uma animação indicada ao Oscar que é simplesmente maravilhosa (se você ainda não leu a resenha, ela está disponível nesse link: http://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/08/animacoes-diferentes-ernest-e-celestine.html). E mesmo que não tenha a profundidade temática do filme de 2013, é uma animação extremamente divertida. As três histórias, individualmente, são muito bem escritas, sendo simples o bastante para agradarem os pequenos, e sagazes no aspecto cômico para manterem os adultos engajados. O senso de humor presente no roteiro é muito agradável, recorrendo a vários momentos fofos e completamente surreais para efeitos cômicos, com cada uma dessas piadas funcionando perfeitamente. Algumas das partes engraçadas me lembraram muito de desenhos antigos com os personagens clássicos da Disney, assim como de obras mais recentes, tais como “Madagascar”, da DreamWorks. Quem leu a resenha de “Ernest e Célestine” sabe o quão profundo aquele filme pode ser debaixo de sua superfície fofa. Mesmo não possuindo a mesma profundidade, “A Raposa Má” conta com vários valores morais dentro de suas histórias, como o amor, a compaixão, a perseverança, e tudo de uma maneira bem simples de compreender. Mais simples, impossível. Acho meio injusto comparar os dois filmes, que estão no mesmo nível pra mim, mas lá vai: enquanto “Ernest” tem uma só narrativa como base e investe mais no caráter emocional do enredo, resultando em um subtexto sociopolítico sutil; “A Raposa Má” divide a narrativa em três e investe mais no valor de entretenimento que aquelas histórias podem oferecer, resultando em uma obra muito divertida e absolutamente adequada para ver com toda a família. Acharam que as injustiças no Oscar tinham acabado? Pois pensem de novo: esse filme não teve o mesmo privilégio de “Ernest”, nem sendo indicado ao Oscar de Melhor Filme de Animação, perdendo uma possível vaga para filmes completamente descartáveis (e americanos) como “O Poderoso Chefinho” e “O Touro Ferdinando”. Parece que teremos que esperar mais tempo para vermos uma animação estrangeira superar as americanas na premiação novamente (TERMINA LOGO ESSE FILME, MIYAZAKI!!!).

(I had already seen this film before, but I was waiting for the right time to talk about it on the blog. Many of you may be already familiar with the term “anthology”, which in the movie business, refers to a compilation of completely separate stories. Movies and TV shows known as anthologies include “The Ballad of Buster Scruggs”, “Trick 'r' Treat”, “The Twilight Zone”, “Black Mirror”, “American Horror Story” and “Inside No. 9”. “The Big Bad Fox and Other Tales” follows the same style, being a compilation of narratively different stories, each running on 30 minutes each, and that easily could've been released in an episodic manner (which was the same initial plan for “Buster Scruggs” on Netflix”. But the format which the film was released in worked out even better, as the screenwriters build a core story for the viewer to settle in its fictional universe. As previously stated, it is directed, written and produced by the same team responsible for “Ernest and Célestine”, an Oscar-nominated film that is simply wonderful (you can check my review of it here: http://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/08/animacoes-diferentes-ernest-e-celestine.html). And even though it doesn't have the thematic depth of the 2013 film, this animated film is extremely fun. The three stories, individually, are really well-written, being simple enough to please the little ones, and witty enough to keep the grown-ups engaged. The screenplay's sense of humor is really pleasant, relying on several cute and completely surreal moments for comic effect, and each one of these jokes land perfectly. Some of its funny parts reminded me a lot of early Disney animated shorts with their classic characters, as well as more recent work, such as DreamWorks's “Madagascar”. Those who read my review for “Ernest and Célestine” know how deep that film can be below its cute surface. Even though it doesn't reach the same thematic heights, “The Big Bad Fox and Other Tales” relies on several moral values in its stories, like love, compassion, perserverance, all those dealt with in a really simple and comprehensible way. It literally can't get more simple than this. I think it's unfair to compare the two films, which are both on the same level for me, but here goes nothing: while “Ernest” relies on one single narrative as basis and focuses more on the emotional side of the story, resulting in a subtle sociopolitical subtext; “The Big Bad Fox” splits its “main” narrative into three ones and invest more on the entertainment values those stories can offer, resulting in a really fun gem and an extremely appropriate choice to watch with the entire family. Did you guys think that Oscar unfairness was over? Think again: this film didn't share “Ernest”'s privilege, not even being nominated for the Oscar for Best Animated Feature, losing a possible spot to completely disposable (American) films such as “The Boss Baby” and “Ferdinand”. It looks like we'll have to wait a bit longer to see a foreign animated film surpass the American ones in award season again (FINISH THAT DAMN FILM ALREADY, MIYAZAKI!!!).)



Os personagens são bem desenvolvidos o bastante para fazer com que o espectador se importe com eles. É bem possível dizer que cada personagem animal representa um estereótipo: a raposa é aquela pessoa que parece ser ameaçadora à primeira vista, mas reviravoltas acabam por mostrar o contrário; o porco parece ser uma das únicas pessoas sensatas naquela fazenda; o pato e o coelho são puros alívios cômicos, fazendo o espectador rir em literalmente cada momento em que os dois se encontram em tela; a galinha tem um espírito protetor, forte, e valente, ao contrário da maneira que outras animações retratam o animal; o cachorro é aquela pessoa que não dá a mínima para o que está acontecendo, e não quer nada com nada; e, por último mas não menos importante, temos o lobo como um dos principais antagonistas da narrativa, que consegue ser bem ameaçador em seus poucos momentos em tela.

(The characters are well developed enough to make the viewer care about them. It's quite possible to say that every animal character represents a stereotype: the fox is that person that seems threatening at first, but plot twists end up showing otherwise; the pig seems to be one of the only sensible people in that farm; the duck and the bunny are pure comic reliefs, making the viewer laugh in literally every moment they are onscreen; the chicken has a protective, strong, and brave spirit, unlike how other animated films portray the animal; the dog is that person that doesn't even care about what's going on, and doesn't aim on anything; and, at last but not least, we have the wolf as one of the narrative's main antagonist, who manages to be really threatening in his few moments onscreen.)



Esteticamente, “A Raposa Má” segue o mesmo estilo visual de “Ernest e Célestine”, sendo um pouquinho mais sofisticado. A animação tradicional nos dá a impressão que estamos vendo várias ilustrações de livros infantis se movendo, com certas incompletudes nos cantos dos enquadramentos, o que não é uma falha, de modo algum. Pelo contrário, essa incompletude é parte do charme desse estilo de animação. É algo muito lindo de se ver, assim como o visual do filme de 2013. Algo bem interessante foi a metalinguagem utilizada entre as histórias, representadas como “peças” encenadas pela companhia teatral dos animais da fazenda. Foi um artifício muito bem usado, servindo tanto para um constante alívio cômico quanto para uma ocasional quebra da quarta parede. É um filme muito bem montado, com algumas das piadas sendo ainda mais eficientes graças à montagem. A trilha sonora instrumental do Robert Marcel Lepage é aconchegante, combinando perfeitamente com o tom que as histórias propõem.

(Aesthetically, “The Big Bad Fox and Other Tales” follows the same visual style as “Ernest and Célestine”, only a tiny bit more sophisticated. The traditionally animated methods give us the impression we're seeing several moving illustrations from children's books, with a certain incompleteness in the corners of the frames, which isn't a flaw, not at all. On the absolute contrary, that incompleteness is part of this animation style's charm. It's something really beautiful to behold, as are the visuals for the 2013 film. Something really interesting that happened here was the metalanguage used in-between the stories, represented as “plays” stages by the farm animals' theater company. It was a very well used resource, which served for both constant comic relief, and an occasional fourth-wall break. This film is astoundingly well put together, with some of its puns being even more efficient, thanks to the editing. Robert Marcel Lepage's score is super cozy, perfectly matching with the tone the stories propose.)



Resumindo, “A Raposa Má” é uma pérola escondida da animação francesa. Mesmo não alcançando a profundidade temática de “Ernest e Célestine”, a equipe compensa com histórias muito bem boladas, um senso de humor cativante e adequado para todas as idades, e um visual incrivelmente aconchegante, resultando em um filme perfeito para toda a família.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “The Big Bad Fox and Other Tales” is a hidden gem of French animation. Even though it doesn't reach the thematic depths of “Ernest and Célestine”, the team compensates with very well-written stories, a captivating sense of humor that's adequate for all ages, and an incredibly cozy look, resulting in a perfect film to watch with the whole family.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


Um comentário:

  1. Um filme prá ver no aconchego do lar, uma pipoquinha e a chuvinha caindo lá fora!!!

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