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quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Rindo Através da Dor: 3 obras para conhecer o trabalho brilhante de Bo Burnham (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para fazer algumas indicações com o objetivo de apresentá-los à um dos melhores comediantes da atualidade. Com um tom irreverente e possivelmente controverso, o trabalho do sujeito em questão tem uma incrível profundidade emocional que não vi tantos comediantes serem capazes de transmitir. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre o brilhante trabalho de Bo Burnham. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to make some recommendations to introduce you to one of the greatest comedians of our time. With an irreverent and possibly controversial tone, this person's work has an amazing emotional depth that I didn't see many comedians being able to transmit. So, without further ado, let's talk about the work of Bo Burnham. Let's go!)



Para quem ainda não o conhece, Bo Burnham é um comediante, músico, ator, cineasta e poeta estadunidense. Ele começou sua carreira através do YouTube em março de 2006, através de músicas cômicas sobre sua vida, e sobre temas que eram bastante relevantes para a época em que os vídeos foram gravados. Em 2010, ele começou a gravar suas performances de stand-up, e fez turnês pelos EUA até 2016, quando Burnham decidiu se dedicar ao cinema. Suas performances e canções têm um tom tão irreverente, perverso e possivelmente controverso que alguém poderia pensar que ele era britânico. Seu trabalho lida com temas sensíveis como raça, sexualidade, religião e saúde mental, que são tratados de forma extremamente engraçada e surpreendentemente reflexiva. Na postagem de hoje, irei recomendar 3 trabalhos de Burnham para que vocês sejam introduzidos ao senso de humor dele: 2 especiais de stand-up (os quais são bem pesados, então tirem as crianças da sala quando forem assistir), e 1 filme (cujo senso de humor é bem mais acessível para um público mais jovem). Então, vamos começar!

(For those who still don't know him, Bo Burnham is an American comedian, musician, actor, filmmaker and poet. He started off his career through YouTube in March 2006, through comical songs about his life, and about themes that were particularly relevant to the time the videos were recorded. In 2010, he started taping his stand-up performances, and toured through the US until 2016, when Burnham decided to dedicate his work to the movies. His performances and songs have such an irreverent, wicked and possibly controversial tone that one might think he was British. His work deals with sensitive themes such as race, sexuality, religion and mental health, which are dealt with in an extremely funny and surprisingly thought-provoking way. In today's post, I'll recommend three pieces of Burnham's work, in order to introduce you to his sense of humor: 2 stand-up specials (which are quite explicit, so get the kids out of the room when you watch it), and 1 film (that has a more accessible sense of humor for a younger audience). So, without further ado, let's begin!)



  • what. (2013) – Especial de stand-up – Disponível no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=l0YHhQf0uGY&t=548s

    (what. (2013) – Stand-up special – Available on YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=ejc5zic4q2A&t=583s)

Até algum tempo atrás, só tinha conhecido o trabalho de Burnham pelo seu único filme como diretor, o qual será mencionado aqui. Mas aí, comecei a ver alguns vídeos do YouTube mostrando que ele não só fazia stand-up, mas também era compositor. E pra mim, uma das melhores combinações entre mídias é entre humor e música. (Outro ótimo exemplo de comédia musical é o trio The Lonely Island, que se originou no programa de esquetes “Saturday Night Live.) Então, fiz uma pesquisa no YouTube para ver se tinha algum especial de stand-up completo dele. E o primeiro vídeo a aparecer foi “what.”. No seu segundo show gravado, somos apresentados à persona irreverente de Burnham através de músicas, comédia com adereços, piadas referentes à tópicos da atualidade, e até segmentos de mímica. Durante as partes típicas de stand-up, ele é absolutamente hilário. As piadas são afiadas, a personalidade dele é cativante. Mas são nas partes musicais que o verdadeiro gênio de Burnham se encontra. Em suas composições, Burnham explora e faz alegorias à obsessão das pessoas por tragédias; à tentativa dos usuários de redes sociais serem profundos em suas publicações; à fórmula constantemente repetida do mercado pop americano, e à sua própria saúde mental. É um trabalho brilhante, com um final surpreendentemente reflexivo.

(Until some time ago, I'd only known Burnham's work through his only film as director, which will be mentioned here. But then, I started watching some YouTube videos that showed that he didn't just do stand-up comedy, but he was also a songwriter. And for me, one of the best media combinations is between humor and music. (Another great example of musical comedy would be the trio The Lonely Island, which came together on the sketch show “Saturday Night Live”.) So, I searched YouTube for any of his complete stand-up specials. And the first video to pop up was “what.”. In his second taped routine, we are introduced to Burnham's irreverent persona through music, prop comedy, observational topical jokes, and even miming segments. During the typical stand-up bits, he's absolutely hilarious. The jokes are sharp, his personality is captivating. But it's during the musical bits that Burnham's true genius shows itself. In his songwriting, Burnham explores and makes references to people's obsession over tragedies; to social media users' attempt to be deep in their posts; to the constantly repetitive formula in the American pop music market, and to his own mental health. It's a piece of brilliant work, with a surprisingly poignant ending.)



  • BO BURNHAM: MAKE HAPPY (2016) – Especial de stand-up – Disponível na Netflix

    (BO BURNHAM: MAKE HAPPY (2016) – Stand-up special – Available on Netflix)

Para mim, esse é o melhor trabalho de Burnham como comediante. É um material ligeiramente mais leve do que os conteúdos expostos em “what.”, e faz um equilíbrio perfeito entre comédia e (pasmem) drama. As piadas, assim como em seu show anterior, são afiadas, relevantes e, claro, hilárias. Mas, novamente, a parte mais brilhante de “Make Happy” são as composições musicais de Burnham, que oferecem um tom mais realista à temas como: as expectativas que uma pessoa têm em respeito à pessoa “perfeita” para ela; a estrutura de músicas country dos tempos atuais; e o tom inspiracional presente em grande parte das canções pop americanas. Aí chegam os 10 minutos finais, a razão de “Make Happy” ser, literalmente, uma das melhores coisas que eu vi nessa quarentena. Nesse período de tempo, Burnham aborda sua própria saúde mental tanto por metáforas quanto pela clara expressão de que ele não está bem. Além de ficar se perguntando, “Ué, eu não vim aqui pra rir?”, o espectador não consegue evitar se sentir tocado pelos números finais desse especial de 2016, e refletir nessa afirmação: só porque alguém é engraçado, não quer dizer que essa pessoa é realmente feliz. Sendo uma completa coincidência ou não, este show foi sua performance final como comediante. E talvez foi até a melhor escolha para ele, pela terceira e última recomendação nessa lista.

(For me, this is Burnham's best work as a comedian. It's a slightly lighter material than the content exposed in “what.”, and it makes a perfect balance between comedy and (get ready) drama. The jokes, as in his previous show, are sharp, relevant, and, obviously, hilarious. But, once again, the most brilliant part of “Make Happy” are Burnham's composed songs, which offer a more realistic look at themes like: the expectations one might have on the “perfect” person for her; the structure of modern-day stadium country music; and the inspirational tone present in a large part of American pop songs. Then, the final 10 minutes arrive, the reason why “Make Happy” is, literally, one of the greatest things I've seen in this quarantine. In that short period of time, Burnham deals with his own mental health both by allegorizing it and by clearly stating that he isn't well. Besides wondering “Didn't I come here to laugh?”, the viewer can't help but feel touched by the final numbers in this 2016 special, and reflect on this statement: just because someone is funny, it doesn't mean that person's actually happy. As a complete coincidence or not, this show was his final performance as a comedian. And maybe it was the best choice for him, by the third and final recommendation on this list.)



  • OITAVA SÉRIE (2018) – Filme – Disponível para compra digital

    (EIGHTH GRADE (2018) – Film – Available for digital purchase)

Foi por meio de “Oitava Série” que ouvi falar do nome Bo Burnham, e por uma razão bem específica: quem me conhece sabe o quanto eu amo filmes coming-of-age (filmes sobre amadurecimento, e que envolvem crianças ou jovens tentando se encaixar). E você pode seguir dois caminhos como espectador: começar por esse filme e acabar se chocando com a irreverência de Burnham em seus especiais de stand-up, ou começar pela carreira de comediante e se impressionar pela sua sensível versatilidade como roteirista e diretor. O filme segue Kayla (interpretada brilhantemente por Elsie Fisher), uma menina prestes a terminar o Ensino Fundamental II, que tenta se encaixar na sociedade escolar em seus últimos dias de aula. Como dito anteriormente, o filme tem um senso de humor MUITO mais leve e acessível do que os especiais de Burnham, e com uma razão: o diretor e roteirista desejou fazer de “Oitava Série” algo que os próprios sujeitos retratados na trama (ou seja, estudantes prestes a começar o Ensino Médio) possam assistir e se identificar com as situações enfrentadas pelos personagens. E é um filme tão honesto que você acredita que foi escrito por um estudante de 14 anos do que um homem adulto beirando os 30. E só porque “Oitava Série” tem um senso de humor mais leve, não quer dizer que é completamente isento da profundidade social característica de Burnham. O filme explora de maneira perfeita a obsessão desses adolescentes pelas mídias sociais, e como essa obsessão afeta os relacionamentos delas com as pessoas ao seu redor. Surpreendendo ninguém, Burnham venceu o Prêmio do Sindicato dos Diretores de Melhor Direção Estreante e o Prêmio do Sindicato dos Roteiristas de Melhor Roteiro Original, assim como o Independent Spirit Award de Melhor Primeiro Roteiro. E se os filmes futuros de Burnham forem tão bons e honestos como esse, pode mandar mais que tá pouco! (Risos)

(It was through “Eighth Grade” that I first heard about Bo Burnham, and for a very specific reason: who knows me knows how much I love coming-of-age films (where we see kids growing up, and trying to fit in). And you can follow either of these two ways as a viewer: you can start with this film and end up being shocked by Burnham's irreverence in his stand-up specials, or you can start with his career as a comedian and be impressed by his sensitive versatility as a screenwriter and a director. The film follows Kayla (portrayed brilliantly by Elsie Fisher), a girl about to finish middle school, who tries to fit in the school social chain in her final days in class. As previously stated, the film has a WAY lighter and accessible sense of humor than Burnham's specials, and with a good reason: the writer-director wished to make “Eighth Grade” something the subjects portrayed (eighth graders, that is) can be able to watch and relate to the situations faced by the characters. And it is such an honest film that you believe it was written by an actual eighth grader than a grown man who's almost in his thirties. And just because “Eighth Grade” has a lighter sense of humor, doesn't mean it doesn't have Burnham's characteristic social depth. The film perfectly explores the obsession these teens have for social media, and how this obsession affects their relationships with the people around them. Surprising no one, Burnham won the Directors Guild of America Award for Best First Feature Directing and the Writers Guild of America Award for Best Original Screenplay, as well as the Independent Spirit Award for Best First Screenplay. And if his future films are as good and honest as this one, keep them coming, Mr. Burnham! (LOL))



É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


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